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Espaço de comunicação que se espera interactivo, este é um instrumento que permite estar próximo de amigos,presentes e futuros, cujas contingências da vida tornam distantes mas nem por isso menos merecedores de estimas e afectos.


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sábado, 29 de dezembro de 2012

Bandarilhas de ouro

 
Diz o povo, na sua secular sabedoria que a experiência suporta, que “em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”!
Que somos casa em que não há pão, é cada vez mais evidente. Que todos ralham, perfeitamente claro. Que a razão deambula, muitas vezes, por lugares que a razão desconhece, salta cada vez mais à vista!
Afinal, o perverso processo de aniquilação do Ribatejo, que, podemos agradecer aos Jorges “Judas” Lacões e aos Miguéis “Vasconcelos” Relvas, assiste agora ao corolário final (há muito anunciado), enquanto a tanga financeira que nos vão impondo, se confunde, cada vez mais, com um elegante fio dental!
Exige-se assim o regresso dos acintosos prémios regionais que, um fim de ciclo, fez interromper no Correio do Ribatejo.
Denominados, agora, “bandarilhas de ouro”; ou não seja esta arte (dita “brava” e festiva) de agarrar touros de frente, de lado, de trás (e, suponho, também de outros ângulos menos referenciáveis) um autêntico tesouro regional!
 
1 - Prémio “Cadé ela?”
Para Miguel Relvas (que após ter ganho de presente uma licenciatura) rejeitará em absoluto ter tido qualquer comportamento ilícito na gestão do dossier das privatizações da REN e da EDP e acusará (com ar devidamente indignado) o Jornal Público, de “denegrir a sua imagem e promover uma campanha contra a sua honra”!
 
2 - Prémio “Quem não tem vergonha…”
E como não podia deixar de ser, para a “Licenciatura Farinha Amparo”, do dito cujo. Exemplo paradigmático do estado, a que o estado do Estado chegou! Em que à impunidade se junta a desvergonha da ilegitimidade e a descarada solidariedade institucional.
 
3 - Prémio “Olh’ó passarão!”
Para António Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Torres Novas, que admite encerrar a Câmara, às sextas-feiras, para reduzir custos!
Eis, assim, com a simplicidade das coisas geniais, resolvidos de uma penada os problemas financeiros das autarquias. Basta encerrá-las!
Ou será (como diz um amigo torrejano) que estes “custos” são outros. Por exemplo, o custo de ter de trabalhar cinco dias por semana?!
 
4 - Prémio “Fia-te na Virgem…”
Para Luís Loureiro, treinador do Fátima, garantindo que “ainda não pediu nada a Nossa Senhora, mas espera, no final de época, vir agradecer a vitória no campeonato.
Tenha lá paciência amigo Loureiro, mas isso é, como usa dizer-se, uma intolerável tentativa de ganhar na secretaria.
Lesiva da verdade desportiva (já que os outros clubes não possuem uma divindade residente) e afetando, inclusive, a propalada universalidade de Maria.
 
5 - Prémio “Quem sabe, sabe!”
Para Paulo Caldas proferindo uma conferência (em Santarém) sobre gestão autárquica e os quadros comunitários de apoio, enquanto, nesse âmbito, é acusado judicialmente de “denegação da justiça”, peculato e diversos pagamentos indevidos.
 
6 - Prémio “Os carneiros são nossos amigos”
Para Manuel Evangelista, que acusou os eleitos da Assembleia Municipal de Almeirim de “votar em carneirada”.
Amigo Evangelista, o que é que os carneiros lhe fizeram, para em tais companhias os colocar?
Já viu algum carneiro a votar? Deixe lá os bichos em paz!
Porque é que em vez de “votar em carneirada” não diz “votar em boyada”!
Não! Não tem a ver com bois! Tem a ver com “boys”!
 
7 - Prémio “Desplante alentejano”
Para a Câmara Municipal de Santarém que, há mais de dez anos, mantêm um dístico na frontaria do Café Central onde se pode ler em letras garrafais “Brevemente restituiremos este espaço à Cidade!”
 
8 - Prémio “Três em um”
Para a criação da megaempresa municipal “Viver Santarém”.
Proporcionadora de um momento notável, enquanto reflexão filosófica, sobre o sentido das coisas!
Afinal, se o um em três não resultou, mais que resultou o um sem três, porque diabo há-de resultar o três em um?!
 
9 - Prémio “Com amigos destes”
Para a madrinha do Grupo de Forcados de Vila Franca de Xira, ao realçar o papel tauromático dos mesmos, questionando (sem se rir, esclareça-se): “quando os cavaleiros espetam as farpas nos touros que ficam doridos e raivosos (pudera) quem é que salta para a arena para lhes dar um abraço amigo?”
 
10 - Prémio “O paraíso perdido”
Para Moita Flores, no seu modesto balanço de despedida, ao afirmar: “Lançámos o maior investimento de sempre (…) no domínio do saneamento, provocando o maior sobressalto civilizacional, depois da chegada da iluminação”.
Eu diria, mesmo, enfileirando com os mais importantes momentos da História da Humanidade. Ao nível da descoberta do fogo! Da invenção da roda. Da chegada do Homem à Lua!
 
11 - Prémio “O circo veio à cidade”
Ainda para o dito ex-presidente e criminalista, ao afirmar que, no seu mandato, “Santarém se transformou no palco do país e da cultura”.
Atendendo à situação em que estão, tanto a cultura como o país, imagine-se o que, nos últimos anos, por aqui passou!
 
12 - Prémio “Eternos gazeteiros”
Para os alunos do IPS que abandonaram a sala (quando o respetivo Presidente ia iniciar o discurso de abertura do ano lectivo), protestando assim contra a diminuição do período das praxes de dois para um mês.
E fizeram muito bem! Não lhes chegam, já, quase cinco meses de aulas?!!  Ainda querem reduzir os insignificantes dois meses das praxes?!
Querem castrar os jovens ou quê?!!
 
É o pitoresco feito panaceia! A ironia como terapia!
Quantas vezes a desvergonha de quem se não envergonha, da pouca-vergonha que é a sua falta de vergonha!
Enquanto o riso não pagar imposto?
Se é que não paga já….




terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A morte do Pai Natal

 
Há pessoas que dormem como anjos! Há pessoas que são uns anjos mas não dormem necessariamente como estes.

E há pessoas que dormem e se comportam como tal! Na “santa paz do Senhor”, quero eu dizer. Sem querer parecer imodesto, penso que me incluo nesta última categoria!

Por isso os meus sonhos são quase sempre, efetivamente, sonhos. Quase nunca, pesadelos!

Para isso, já me basta a realidade!

Por isso me admirei por sonhar com a morte do Pai Natal.

Não costumo sonhar com mortes. Dá azar!

E logo com o Pai Natal! E ainda por cima um homicídio violento!

Assassinado por radicais que o acusaram (vejam só) de discriminar as crianças! De só oferecer brinquedos às crianças ricas!

De esquecer as crianças do Terceiro Mundo. Que morrem à fome de pão… e carinho!

As coisas que se dizem!!

Enfim: uma tragédia!

O mundo perde, assim, o seu maior ícone mediático!

Nunca mais se ouvirá o gutural e bonacheirão: Ho! Ho! Ho! Ho!

Aliás, com o seu desaparecimento, tudo se desmoronou!

Com o desgosto, a “Mãe Natal” enlouqueceu de vez e acabou internada num hospício em Las Vegas!

Os “duendes” (em situação ilegal) foram deportados para a Irlanda; de volta à guarda dos seus preciosos “potes”.

Rodolfo e companhia, por falta das vacinas requeridas, recambiados pelos Serviços Sanitários para a Lapónia onde, consta, terem ainda parentes.

O trenó, apreendido, por prescrição da licença de voo!

E até o Palácio de Gelo do Pólo Norte, ameaçado já pelo aquecimento global, se desfez, literalmente, em água. Arrastando para o abismo hiante do oceano a prodigiosa fábrica de brinquedos.

E foi, precisamente, neste pavoroso momento apocalítico, que acordei estremunhado! Atarantado mesmo!

Ainda me custa a habituar à ideia de que foi um sonho!

Esforço-me, aliás, por entendê-lo como pesadelo!

Mas, não sei porquê, há qualquer coisa que mo impede!

 

Águas


 
Relacionou, a oposição autárquica scalabitana, a deslocação à Coreia do Sul da Diretora Geral da Empresa “Águas de Santarém” (e respectivo Administrador acompanhante) com o encarecimento do preço da água no concelho.

Relacionou, mas não devia!

Tal viagem (que, afinal, parece que importou nuns míseros 16 mil euros) naturalmente obedeceu a uma estrita e justificada necessidade!

Só pode!

É um facto que o preço da água em Santarém é desconforme. E associado, que está, a todo um conjunto de obscuras taxas de serviço (que induzem nas faturas custos desmesurados face a irrelevantes quantitativos consumidos), bem pior ainda! 

Contudo, suponho que estamos a ver as coisas ao contrário!

A água não está cara devido a viagens destas!

As viagens é que existem porque a água está cara!

Não percebem?

Eu explico!

A dita Diretora (ao que consta absolutamente impoluta e irrepreensível) não foi, com certeza, fazer turismo! Tem lá tempo para uma coisa dessas!

Insinuar isso, só pode constituir mostra de perversidade e má-fé!

Afinal.… para isso tinha sido colocada na “Divisão de Turismo e Tempos Livres”.

Não! Foi lá, provavelmente, para arranjar uma solução embaratecedora para a água municipal.

Enquanto todos nós nos limitamos a criticar de poltrona, ela percorre o mundo na busca desesperada de uma solução criativa! Essa é que é essa!

Esfalfou-se a trabalhar, com certeza!

Provavelmente acerca da possibilidade de poder meter água (nos depósitos, esclareça-se) de forma mais barata!

Como? Sei lá….

Provavelmente importando-a!

Como se sabe, desses países jorram produtos ao preço da chuva!

 

A Intolerante Liberdade


 
A recente reação islâmica às, assim consideradas, ofensas ao Profeta (que tem posto a ferro e fogo o mundo muçulmano e levou à morte diversas pessoas), vem lançar de novo a discussão acerca dos limites, ou não, da liberdade de expressão.

Membros de uma sociedade hoje paladina de liberdades individuais mais ou menos consagradas, os europeus tendem a sacrificar tudo à inalienável liberdade de opinião. 

Esquecem-se que nem todos os povos do mundo partilham dos nossos valores morais: eventualmente mais avançados, longe de serem perfeitos.

Possuem outros que, melhores ou piores (face à nossa avaliação ocidental), têm afinal todo o direito a possuir!

É um facto que na Europa prevalecem, naturalmente, as leis europeias. E nelas a liberdade de opinião é-nos inquestionável.

Mas também é verdade que qualquer coisa que façamos hoje, aqui, se reflete em qualquer parte do mundo.

O que levanta uma outra questão: não devemos, então, exercer a liberdade de expressão apenas porque pode provocar reações violentas, noutras partes do mundo?

Afinal, se tivéssemos seguido esse princípio, ainda hoje o trabalho seria escravo, a mulher propriedade do homem, as crianças tratados como investimento a longo prazo!

É um facto! E a questão que emerge de tudo isto pode então ser assim formulada: independentemente do nosso direito à liberdade de opinião, até que ponto é justificável criar situações que sabemos irem provocar graves conflitos em muitas partes do mundo: com manifestações, atentados, reacender de conflitos armados, mortos e feridos, diretos e indiretos?

Principalmente quando se sabe que tais conflitos são não só previsíveis como quase inevitáveis?

Não será hipócrita refugiarmo-nos nos nossos diretos inalienáveis para atacar aquilo que os outros consideram os seus direitos inalienáveis? E provocar, gratuitamente, o reacender de tensões naquele que é, hoje, o mais grave foco de tensão mundial?!

Será que não nos estamos esquecer de nada?

Por exemplo, que a liberdade exige correspondente responsabilidade!

Será que as “fitas” e “caricaturas” (geradas com propósitos economicistas) justificam o agravamento do insuportável clima de tensão que hoje se vive hoje no Mundo? Responsável, indireto, por sucessivas guerras e dezenas de milhares de vítimas?

Ou será que estamos convencidos que tais iniciativas estão a contribuir para um esclarecimento das massas populares islâmicas?

Ou para o estabelecimento de um clima de tolerância recíproca?

Em suma, não seria melhor adotar aqui, sim, uma atitude ponderada e de bom senso?

Que evitasse, afinal, o atual milagre da multiplicação de fundamentalistas islâmicos?!

 
 
PS – Esclareçamos uma coisa: o islão, enquanto religião, não é, nem mais nem menos radical ou intolerante que outras religiões como o cristianismo!

Como o cristianismo foi durante séculos, pode contudo ser interpretado num contexto bélico de “guerra santa”, que hoje serve de enquadramento ideológico a um choque civilizacional bem dispensável. E em que nós estamos muito longe de estar isentos de culpas.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O impassível



A impassibilidade doutoral, supostamente convicta, com que o Ministro das Finanças anuncia cortes de rendimento atrás de cortes de rendimento e taxas fiscais atrás de taxas fiscais, face a estratégias falhadas que há poucos meses considerava doutoral e convictamente firmes e sustentadas é, não só inquietante, como tenebrosa.

Inquietante porque o cariz impassível que adota não revela o menor vestígio de solidariedade com a miséria que, metodicamente, vai gerando!

Tenebrosa, porque reformula estratégias por si recentemente defendidas como se a falha das mesmas fosse, afinal, resultado de eventuais determinações divinas, de todo exteriores à sua ação!

Apresentando a mais completa das impassividades. Sem vestígio de culpa ou corresponsabilização.

Um robot! Inumano e insensível. Destituído de emoções. Escondido por detrás da lógica fria dos números e da suposta inevitabilidade de uma vontade superior.

Para ele, como para a troika que diviniza, as pessoas são meros números.

Índices de incumprimento!

Taxas de insuficiência contributiva!

Graus de exígua produtividade!

Tenebrosa, ainda, porque se insere numa prática politica que vigora entre nós há décadas: em que ninguém é responsável por nada!

Pelos recorrentes falhanços! Pelos mais gravosos fiascos políticos. Pela estrutural corrupção. Pelas sistemáticas derrapagens. Pelas engenheiras financeiras que apenas mascaram realidades estruturais cada vez mais graves. Pela multiplicação de tachos e boys, direções, gabinetes, comissões e fundações. Pelos exorbitantes ordenados dos gestores públicos. Pela impunidade judicial dos poderosos!

Ninguém é, afinal, responsável!

Apenas, o são, pelos êxitos!

Reais ou hipotéticos!

Não admira, assim, que a nossa vida politica tenha parecido (até recentemente) tão recheada de êxitos!

Com os resultados que agora se comprovam!

 

 

PS – Subjacentes a esta sanha fiscal que ultrapassa até o mercantilismo da troika, estão afinal as eleições. As tais que, para português ver, foram mandadas, ostensivamente, “lixar”!

Apertar, agora, para no ano das eleições poder oferecer de novo (àqueles que ainda sobrevivam), algum pão e muito circo e, mais uma vez, eleitoralmente eternizarem-se!

O Estado policial


 
Tinha-se percebido, já, que esta situação de crise económica e a necessidade de espoliar até ao tutano legitimidades financeiras e laborais, vinha afetando os direitos básicos dos cidadãos, tão difíceis de conseguir em décadas de reivindicação.

Não só nas desproporcionadas e multiplicadas contribuições fiscais mas, igualmente, nas coimas associadas, nos discursos legalistas, nos prazos de regularização.

E, o mais grave, é que as respectivas consequências legais supostamente positivas, que daí deveriam decorrer, afinal, não são alcançadas.

Não andamos mais devagar nas autoestradas por vigorar, há décadas, a proibição de exceder os 120 Km/hora.

Não passamos mais mas passadeiras por ser proibido passar ao lado!

Não declaramos as prendas que damos aos filhos por haver uma lei, inacreditável, que obriga a isso!

E por aí adiante….

Afinal, andamos todos habitualmente em transgressão. Portanto: mais transgressão, menos transgressão….

Recentemente o Secretário de Estado da tutela veio defender a obrigatoriedade linear de passar faturas seja qual for o montante em questão!

Pretende-se, aí, sobrecarregar ainda mais as pequenas e médias empresas de comércio e serviços; já estranguladas por uma asfixiante fiscalidade.

Será que não conseguem descortinar que o resultado final vai ser, mais uma vez, o incremento dos índices de ilegalidade. A usualidade do incumprimento!

Será que este “boy” (possivelmente recrutado à Lusófona) acredita, mesmo, que o pagamento de 10 cêntimos de uma fotocópia vai dar origem à emissão, sistemática, de uma fatura?

Está tudo doido, é?

Já não falo, sequer, da multa até 2000 euros por não a exigir!

Só falta agora, oferecer um prémio, pidesco, pela denúncia. Pelos vistos, lá chegará!

Que raio de sociedade é que estamos a criar?

Tentando conseguir pela proibição e o medo, aquilo que a educação e os imperativos de cidadania deveriam (se estivesse a ser desenvolvidos) em grande parte alcançar!

É claro que existe uma economia paralela! Lesiva dos interesses económicos nacionais, sim!

Embora (convenhamos) bem menos que a ação corruptora da nossa classe politica!

Mas, para combater aquela, exige-se que encaremos o Estado como pessoa de bem.

Exigente, mas cumpridor. Exemplo da honestidade que exige aos cidadãos. E, naturalmente, bom gestor dos nossos dinheiros!

Ou é isso, ou o estado policial!

E a colocação de um fiscal em cada esquina das consciências!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Insensibilidade e mau gosto



“Não estamos em tempos de velhas tradições!” Deste modo, peremtório, Passos Coelho  sentencia a hipótese de conceder ponto no dia de Carnaval.
Segundo o mesmo, o tempo é agora de trabalhar mais e ganhar menos, sem queixumes e cara alegre!
Claro que Passos é um jovem Yuppie! Para ele a vida é um conjunto de números e cifrões! De índices de crescimento e estagnação. De confianças de mercados e agências de rating!
Não percebe que um povo (que é, afinal, a razão de ser da sua condição de governante) é bem mais que números e cifrões!
São pessoas! Muitas delas vivendo, hoje, nos limites da pobreza, sem a dignidade que a natureza humana deveria exigir. Entregues que deixaram, durante as últimas décadas, os destinos do país entregues à classe política de que Passos faz parte.
Tradicionalmente incompetente, irresponsável e corrupta!
Não! Uma nação são pessoas! Portadoras de uma cultura! Imbuídos de valores!
Em grande parte tradicionais!
Que se identificam pela sua pertença a um percurso histórico feito de altos e baixos, mas no qual se reconhecem e no qual assentam os seus referenciais.
Ainda, e sempre, tradicionais!
É a tradição o vínculo que vindo do passado nos configura como povo e nação.
Um povo sem tradição, não tem passado! E um povo sem passado, não tem futuro!
Aliás, em rigor absoluto só o passado existe! O futuro é apenas projeção, expectativa. O presente é instantâneo e, mal acontece, torna-se passado!
Afinal, se o meu amigo se apoiasse melhor no passado, se calhar não diria, no presente, tantos disparates, e estaria melhor preparado para enfrentar o futuro!
Já nos bastam os, cada vez mais tradicionais, disparates de Cavaco!


PS – Amigo Passos, sabe por acaso, porquê todas as sociedades humanas, atuais ou passadas, arcaicas ou civilizacionais, geraram tempos anuais dominados pela subversão? Tempos a que chamamos, hoje, Carnaval?
Porque todas as sociedades, mesmo as mais liberais, carecem de tempos que façam a rotura com o quotidiano: de forma a esvaziar, periódica e ritualmente, as tensões diariamente acumuladas!
Percebeu?
Para que não expludam inesperada e incontrolavelmente!
Porque, afinal, todas têm os seus limites! 

domingo, 20 de maio de 2012

Um meteoro em Santarém




Numa altura em que o papel autárquico de Moita Flores foi regularizado a tempo parcial, exigir-se-á, talvez, uma prévia reflexão sobre o exercício do mesmo, face a uma despedida que se percebe anunciada. Daquelas de que, como usa dizer-se: antes de ser já o eram!
É Moita um presidente que não deixa ninguém indiferente. Amado ou odiado. Sarcástico e populista. Tão capaz de um discurso acintoso e provocador como de uma pranteada oratória capaz de fazer chorar as pedras da calçada!
Alguém que passa velozmente por Santarém onde deixa alguma obra: não obstante, quase toda, controversa. A começar pelos jardins e parqueamentos, até chegar às polémicas empresas públicas.
Com aspetos positivos, como a conjuntural badalação mediática de Santarém e a aquisição de infraestruturas (símbolos históricos contemporânea da cidade) convertidos em espaços públicos sociais e culturais.
Como aspetos negativos (e para lá do equívoco burlesco da “praia fluvial”), o agravamento da dívida municipal (atingindo agora níveis de penúria), para muitos fruto de excessivas comemorações festivas que, aliás, lhe granjearam o epíteto de “Francisquinho das Festas”.
Um meteoro, afinal, na gestão autárquica scalabitana!
O problema é que os meteoros, quando visíveis, são, simultaneamente, “estrelas cadentes”!
Aparecem, brilham efémera e intensamente pela incandescência da fricção social e política e depois ardem, degeneram e acabam enterrados ou submersos, esperando ulteriores e improváveis ressurgimentos!
Queimando, entretanto, tudo em seu redor! Qual cratera estéril que precede o seu ocaso.
São fenómenos temporários e impetuosos. Mas igualmente caóticos e degenerativos.
De Moita Flores (por culpas próprias e alheias) fica a lembrança do acumular de dívidas aos diversos credores do Município, do desamparo das associações, do desleixo no apoio às freguesias.
E, principalmente, das recorrentes transmissões televisivas. Popularuchas, mas frívolas! Mediáticas, mas volúveis!
Sem pingo de consequências positivas para a população. A não ser em breves flashs de episódicas notoriedades. O minuto de fama que muitos, afinal, procuram!
Como tudo nesta história, transitório e virtual!
      

Carta aberta aos portugueses



Caros cidadãos portugueses:
Eu, Primeiro-Ministro de Portugal, venho por este meio manifestar a minha mais profunda indignação pela forma aziaga e pouco compreensiva com que vós tendes encarado o notável esforço que o Governo (a que tenho a honra de presidir) tem feito, enfrentando destemidamente o monstro da bancarrota.
A última diatribe tem a ver com a retenção dos subsídios!
Que diabo, qualquer um se pode enganar. Só os burros é que não se enganam. E, tenham lá paciência, mas burros é que não somos!
Já um governante não pode dizer que vai reter os subsídios de Natal e Férias em 2012 e 2013 e ter-se esquecido de 2014! Onde é que isto vai parar?!!!
Como disse alguém que me precedeu: “aqueles de vós que nunca se enganaram que atirem a primeira pedra!”
Acreditem que é com o coração a sangrar que digo isto mas, sinceramente, cada vez estou mais convencido que o grande problema de Portugal… são os portugueses!
Que chateiam os governantes com manifestações e reivindicações sobre as mais diversas insignificâncias: o direito ao trabalho, o direito à saúde, o direito à informação, o direito à dignidade e, ignomínia das ignomínias, o direito ao salário!
Direitos, direitos, direitos….
Mas quem é que vocês pensam que são?!
E depois ainda querem gozar feriados tradicionais!
Afinal, querem trabalhar ou querem descansar? Decidam-se!
Uma das falácias mais frequentemente suscitada é a da fome!
Mas qual fome? Os que os portugueses têm é apetite! Veja-se tudo o que é certame gastronómico!
Como dizia a minha avó: “fome…  é de quinze dias!”
E, afinal, toda a gente sabe que uma alimentação austera é condição para uma linha esbelta e saudável!
E se por acaso se exagerar (como usa dizer-se, mais vale errar por excesso) é da maneira que se livram, de vez, da crise económica! Nem mais!
Enfim, sem os portugueses (deixemos de fora os governantes, que alguém tem de gerir a crise) a recuperação económica seria um primor!
Sem necessidade de assistência médica, nem Segurança Social, nem pensões, nem subsídios de férias, nem rendimento mínimo, nem subsídios de desemprego. Nem desemprego, afinal.
Um paraíso!

Assim, pelo contrário, obrigam-nos, até, a criar leis dissimuladamente! E a arcar, depois, com o despeito e a injúria!
Vejam bem ao que nos sujeitamos!!
                                                                                                 
Com os melhores cumprimentos
Pedro Passos Coelho

O Retrocesso


A sociedade moderna tem percorrido um caminho de progresso social que, pese embora todas as sinuosidades de um percurso não linear, evoluiu de forma satisfatória no sentido de uma maior materialização daquilo a que podemos chamar uma perspetiva humanista.

Um humanismo que foi, afinal, transferindo a centralidade cósmica da existência, de ancestrais personagens mitológicas para o Homem.

Sistemas ideológicos de justiça social (nem sempre felizes) foram, não obstante, reconhecendo e consolidando inegáveis direitos ao Homem; enquanto trabalhador, enquanto deficiente, enquanto dotado de livre expressão, enquanto criança, enquanto mulher. Enquanto ser humano, afinal!

Homem que passou a ser visto como indivíduo dotado de direitos e deveres, intrínsecos e intransmissíveis.

Não que todos os homens deste planeta passassem a gozar de tais condições. Muito longe disso! Mas, pelo menos, tais princípios estavam formalmente estabelecidos e, admitia-se como suposta, sua futura e, mais ou menos próxima, generalização.

A abundância resultante de uma sociedade de consumo (cujos níveis de produção subiam para limites impensáveis) parecia assim capaz de dotar de invejáveis níveis de vida mesmo aqueles que viviam num estrato médio/baixo da hierarquia social.

De fora (mesmo nas sociedades desenvolvidas) ficavam, necessariamente, os desintegrados por fatalidade ou opção. Personagens face aos quais, sempre se podia, contudo, exercer convenientes caritatividades mais ou menos piedosas.

A lógica mercantilista parecia condicionada, pelo menos no que aos seus exageros mais radicais dizia respeito.

E se a igualdade continuava, naturalmente, como um ideal mais ou menos utópico, a igualdade de oportunidades surgia como um adequado substituto. Pelo menos, o substituto possível.

Os últimos tempos, contudo, têm provocado uma quase completa subversão destes propósitos.

Os desígnios de perfeição da competitividade capitalista (assentes num “saudável” darwinismo empresarial moderado pelo Estado Social) são, assim, adiados para ignotos futuros.

Tão distantes, afinal, como a expressão da nossa vontade. E da capacidade de sermos melhores do que os supostos melhores entre nós!

Aurélio Lopes
Aurelio.rosa.lopes@sapo.pt
aesfingedebronze.blogspot.com