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Espaço de comunicação que se espera interactivo, este é um instrumento que permite estar próximo de amigos,presentes e futuros, cujas contingências da vida tornam distantes mas nem por isso menos merecedores de estimas e afectos.


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sábado, 29 de dezembro de 2012

Bandarilhas de ouro

 
Diz o povo, na sua secular sabedoria que a experiência suporta, que “em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”!
Que somos casa em que não há pão, é cada vez mais evidente. Que todos ralham, perfeitamente claro. Que a razão deambula, muitas vezes, por lugares que a razão desconhece, salta cada vez mais à vista!
Afinal, o perverso processo de aniquilação do Ribatejo, que, podemos agradecer aos Jorges “Judas” Lacões e aos Miguéis “Vasconcelos” Relvas, assiste agora ao corolário final (há muito anunciado), enquanto a tanga financeira que nos vão impondo, se confunde, cada vez mais, com um elegante fio dental!
Exige-se assim o regresso dos acintosos prémios regionais que, um fim de ciclo, fez interromper no Correio do Ribatejo.
Denominados, agora, “bandarilhas de ouro”; ou não seja esta arte (dita “brava” e festiva) de agarrar touros de frente, de lado, de trás (e, suponho, também de outros ângulos menos referenciáveis) um autêntico tesouro regional!
 
1 - Prémio “Cadé ela?”
Para Miguel Relvas (que após ter ganho de presente uma licenciatura) rejeitará em absoluto ter tido qualquer comportamento ilícito na gestão do dossier das privatizações da REN e da EDP e acusará (com ar devidamente indignado) o Jornal Público, de “denegrir a sua imagem e promover uma campanha contra a sua honra”!
 
2 - Prémio “Quem não tem vergonha…”
E como não podia deixar de ser, para a “Licenciatura Farinha Amparo”, do dito cujo. Exemplo paradigmático do estado, a que o estado do Estado chegou! Em que à impunidade se junta a desvergonha da ilegitimidade e a descarada solidariedade institucional.
 
3 - Prémio “Olh’ó passarão!”
Para António Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Torres Novas, que admite encerrar a Câmara, às sextas-feiras, para reduzir custos!
Eis, assim, com a simplicidade das coisas geniais, resolvidos de uma penada os problemas financeiros das autarquias. Basta encerrá-las!
Ou será (como diz um amigo torrejano) que estes “custos” são outros. Por exemplo, o custo de ter de trabalhar cinco dias por semana?!
 
4 - Prémio “Fia-te na Virgem…”
Para Luís Loureiro, treinador do Fátima, garantindo que “ainda não pediu nada a Nossa Senhora, mas espera, no final de época, vir agradecer a vitória no campeonato.
Tenha lá paciência amigo Loureiro, mas isso é, como usa dizer-se, uma intolerável tentativa de ganhar na secretaria.
Lesiva da verdade desportiva (já que os outros clubes não possuem uma divindade residente) e afetando, inclusive, a propalada universalidade de Maria.
 
5 - Prémio “Quem sabe, sabe!”
Para Paulo Caldas proferindo uma conferência (em Santarém) sobre gestão autárquica e os quadros comunitários de apoio, enquanto, nesse âmbito, é acusado judicialmente de “denegação da justiça”, peculato e diversos pagamentos indevidos.
 
6 - Prémio “Os carneiros são nossos amigos”
Para Manuel Evangelista, que acusou os eleitos da Assembleia Municipal de Almeirim de “votar em carneirada”.
Amigo Evangelista, o que é que os carneiros lhe fizeram, para em tais companhias os colocar?
Já viu algum carneiro a votar? Deixe lá os bichos em paz!
Porque é que em vez de “votar em carneirada” não diz “votar em boyada”!
Não! Não tem a ver com bois! Tem a ver com “boys”!
 
7 - Prémio “Desplante alentejano”
Para a Câmara Municipal de Santarém que, há mais de dez anos, mantêm um dístico na frontaria do Café Central onde se pode ler em letras garrafais “Brevemente restituiremos este espaço à Cidade!”
 
8 - Prémio “Três em um”
Para a criação da megaempresa municipal “Viver Santarém”.
Proporcionadora de um momento notável, enquanto reflexão filosófica, sobre o sentido das coisas!
Afinal, se o um em três não resultou, mais que resultou o um sem três, porque diabo há-de resultar o três em um?!
 
9 - Prémio “Com amigos destes”
Para a madrinha do Grupo de Forcados de Vila Franca de Xira, ao realçar o papel tauromático dos mesmos, questionando (sem se rir, esclareça-se): “quando os cavaleiros espetam as farpas nos touros que ficam doridos e raivosos (pudera) quem é que salta para a arena para lhes dar um abraço amigo?”
 
10 - Prémio “O paraíso perdido”
Para Moita Flores, no seu modesto balanço de despedida, ao afirmar: “Lançámos o maior investimento de sempre (…) no domínio do saneamento, provocando o maior sobressalto civilizacional, depois da chegada da iluminação”.
Eu diria, mesmo, enfileirando com os mais importantes momentos da História da Humanidade. Ao nível da descoberta do fogo! Da invenção da roda. Da chegada do Homem à Lua!
 
11 - Prémio “O circo veio à cidade”
Ainda para o dito ex-presidente e criminalista, ao afirmar que, no seu mandato, “Santarém se transformou no palco do país e da cultura”.
Atendendo à situação em que estão, tanto a cultura como o país, imagine-se o que, nos últimos anos, por aqui passou!
 
12 - Prémio “Eternos gazeteiros”
Para os alunos do IPS que abandonaram a sala (quando o respetivo Presidente ia iniciar o discurso de abertura do ano lectivo), protestando assim contra a diminuição do período das praxes de dois para um mês.
E fizeram muito bem! Não lhes chegam, já, quase cinco meses de aulas?!!  Ainda querem reduzir os insignificantes dois meses das praxes?!
Querem castrar os jovens ou quê?!!
 
É o pitoresco feito panaceia! A ironia como terapia!
Quantas vezes a desvergonha de quem se não envergonha, da pouca-vergonha que é a sua falta de vergonha!
Enquanto o riso não pagar imposto?
Se é que não paga já….




terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A morte do Pai Natal

 
Há pessoas que dormem como anjos! Há pessoas que são uns anjos mas não dormem necessariamente como estes.

E há pessoas que dormem e se comportam como tal! Na “santa paz do Senhor”, quero eu dizer. Sem querer parecer imodesto, penso que me incluo nesta última categoria!

Por isso os meus sonhos são quase sempre, efetivamente, sonhos. Quase nunca, pesadelos!

Para isso, já me basta a realidade!

Por isso me admirei por sonhar com a morte do Pai Natal.

Não costumo sonhar com mortes. Dá azar!

E logo com o Pai Natal! E ainda por cima um homicídio violento!

Assassinado por radicais que o acusaram (vejam só) de discriminar as crianças! De só oferecer brinquedos às crianças ricas!

De esquecer as crianças do Terceiro Mundo. Que morrem à fome de pão… e carinho!

As coisas que se dizem!!

Enfim: uma tragédia!

O mundo perde, assim, o seu maior ícone mediático!

Nunca mais se ouvirá o gutural e bonacheirão: Ho! Ho! Ho! Ho!

Aliás, com o seu desaparecimento, tudo se desmoronou!

Com o desgosto, a “Mãe Natal” enlouqueceu de vez e acabou internada num hospício em Las Vegas!

Os “duendes” (em situação ilegal) foram deportados para a Irlanda; de volta à guarda dos seus preciosos “potes”.

Rodolfo e companhia, por falta das vacinas requeridas, recambiados pelos Serviços Sanitários para a Lapónia onde, consta, terem ainda parentes.

O trenó, apreendido, por prescrição da licença de voo!

E até o Palácio de Gelo do Pólo Norte, ameaçado já pelo aquecimento global, se desfez, literalmente, em água. Arrastando para o abismo hiante do oceano a prodigiosa fábrica de brinquedos.

E foi, precisamente, neste pavoroso momento apocalítico, que acordei estremunhado! Atarantado mesmo!

Ainda me custa a habituar à ideia de que foi um sonho!

Esforço-me, aliás, por entendê-lo como pesadelo!

Mas, não sei porquê, há qualquer coisa que mo impede!

 

Águas


 
Relacionou, a oposição autárquica scalabitana, a deslocação à Coreia do Sul da Diretora Geral da Empresa “Águas de Santarém” (e respectivo Administrador acompanhante) com o encarecimento do preço da água no concelho.

Relacionou, mas não devia!

Tal viagem (que, afinal, parece que importou nuns míseros 16 mil euros) naturalmente obedeceu a uma estrita e justificada necessidade!

Só pode!

É um facto que o preço da água em Santarém é desconforme. E associado, que está, a todo um conjunto de obscuras taxas de serviço (que induzem nas faturas custos desmesurados face a irrelevantes quantitativos consumidos), bem pior ainda! 

Contudo, suponho que estamos a ver as coisas ao contrário!

A água não está cara devido a viagens destas!

As viagens é que existem porque a água está cara!

Não percebem?

Eu explico!

A dita Diretora (ao que consta absolutamente impoluta e irrepreensível) não foi, com certeza, fazer turismo! Tem lá tempo para uma coisa dessas!

Insinuar isso, só pode constituir mostra de perversidade e má-fé!

Afinal.… para isso tinha sido colocada na “Divisão de Turismo e Tempos Livres”.

Não! Foi lá, provavelmente, para arranjar uma solução embaratecedora para a água municipal.

Enquanto todos nós nos limitamos a criticar de poltrona, ela percorre o mundo na busca desesperada de uma solução criativa! Essa é que é essa!

Esfalfou-se a trabalhar, com certeza!

Provavelmente acerca da possibilidade de poder meter água (nos depósitos, esclareça-se) de forma mais barata!

Como? Sei lá….

Provavelmente importando-a!

Como se sabe, desses países jorram produtos ao preço da chuva!

 

A Intolerante Liberdade


 
A recente reação islâmica às, assim consideradas, ofensas ao Profeta (que tem posto a ferro e fogo o mundo muçulmano e levou à morte diversas pessoas), vem lançar de novo a discussão acerca dos limites, ou não, da liberdade de expressão.

Membros de uma sociedade hoje paladina de liberdades individuais mais ou menos consagradas, os europeus tendem a sacrificar tudo à inalienável liberdade de opinião. 

Esquecem-se que nem todos os povos do mundo partilham dos nossos valores morais: eventualmente mais avançados, longe de serem perfeitos.

Possuem outros que, melhores ou piores (face à nossa avaliação ocidental), têm afinal todo o direito a possuir!

É um facto que na Europa prevalecem, naturalmente, as leis europeias. E nelas a liberdade de opinião é-nos inquestionável.

Mas também é verdade que qualquer coisa que façamos hoje, aqui, se reflete em qualquer parte do mundo.

O que levanta uma outra questão: não devemos, então, exercer a liberdade de expressão apenas porque pode provocar reações violentas, noutras partes do mundo?

Afinal, se tivéssemos seguido esse princípio, ainda hoje o trabalho seria escravo, a mulher propriedade do homem, as crianças tratados como investimento a longo prazo!

É um facto! E a questão que emerge de tudo isto pode então ser assim formulada: independentemente do nosso direito à liberdade de opinião, até que ponto é justificável criar situações que sabemos irem provocar graves conflitos em muitas partes do mundo: com manifestações, atentados, reacender de conflitos armados, mortos e feridos, diretos e indiretos?

Principalmente quando se sabe que tais conflitos são não só previsíveis como quase inevitáveis?

Não será hipócrita refugiarmo-nos nos nossos diretos inalienáveis para atacar aquilo que os outros consideram os seus direitos inalienáveis? E provocar, gratuitamente, o reacender de tensões naquele que é, hoje, o mais grave foco de tensão mundial?!

Será que não nos estamos esquecer de nada?

Por exemplo, que a liberdade exige correspondente responsabilidade!

Será que as “fitas” e “caricaturas” (geradas com propósitos economicistas) justificam o agravamento do insuportável clima de tensão que hoje se vive hoje no Mundo? Responsável, indireto, por sucessivas guerras e dezenas de milhares de vítimas?

Ou será que estamos convencidos que tais iniciativas estão a contribuir para um esclarecimento das massas populares islâmicas?

Ou para o estabelecimento de um clima de tolerância recíproca?

Em suma, não seria melhor adotar aqui, sim, uma atitude ponderada e de bom senso?

Que evitasse, afinal, o atual milagre da multiplicação de fundamentalistas islâmicos?!

 
 
PS – Esclareçamos uma coisa: o islão, enquanto religião, não é, nem mais nem menos radical ou intolerante que outras religiões como o cristianismo!

Como o cristianismo foi durante séculos, pode contudo ser interpretado num contexto bélico de “guerra santa”, que hoje serve de enquadramento ideológico a um choque civilizacional bem dispensável. E em que nós estamos muito longe de estar isentos de culpas.