tag:blogger.com,1999:blog-23693895357786555462024-03-08T15:22:31.672-08:00A Esfinge de BronzeAurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.comBlogger131125tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-76270419516623936942020-12-04T14:02:00.000-08:002020-12-04T14:02:00.996-08:00Navegando nas vagas pandémicas do poder em Portugal
Afundados que estamos na malfadada pandemia, somos diariamente inundados por dados sobre a natureza, dimensão, configuração e particularidades da mesma, previsões e expetativas, numa profusão que, muitas vezes, induz inúmeras confusões e incongruências.
A decisão governamental de confinamento inicial de suporte policial e judicial, aditada (a seu tempo) de um apelo ponderado a valores éticos e ao sentido cívico dos cidadãos, (bem como, naturalmente, o temor da pandemia), levou ao enfrentar da primeira vaga de forma algo eficaz merecendo, até, diversos elogios.
Mas a necessidade de reanimar a sociedade e a economia levou, mais tarde, à inevitável abertura social, colocando, em grande parte, as condições de cumprimento das medidas impostas e aconselhadas, nas mãos da população. Assentes, agora, em pressupostos de livre arbítrio; de direitos individuais e deveres de cidadania.
E, aí, tudo se alterou. Para pior, já se vê.
O equívoco do Governo (para lá de decisões estratégicas sempre discutíveis e nunca absolutamente perfeitas), é semelhante ao que outros governos muito provavelmente teriam tido no seu lugar. O mesmo que todos os governos têm tido. O mesmo que a classe política portuguesa, afinal, tende a ter.
Esquecendo-nos (esquece muito a quem não sabe) que a população portuguesa possui uma idiossincrasia muito particular; que não a vocaciona, especialmente, para este tipo de situações. Desde logo para cumprir, voluntária e espontaneamente, regras que provenham de qualquer organismo estatal.
Não por qualquer atavismo cultural, esclareça-se.
Mas por um percurso histórico muito peculiar.
Ora, pode dizer-se que os nossos governantes, tendem a entender o povo português como alguém que, devidamente instrumentalizado, se comporta de uma forma prescrita e adequada aos, vistos como tal, interesses nacionais.
Esse é o primeiro erro; o de que as massas populares se comportam de forma absolutamente previsível e dirigida. A estratégia pandémica adotada para as Escolas constitui paradigma exemplar de tal.
O segundo, que a classe politica dispõe de conhecimentos que lhe permite condicionar tais atitudes e comportamentos*.
Mas existe ainda um terceiro (eventualmente mais importante), o de que a atitude da população face ao Poder/Estado/Governo/Autoridade, corresponde a uma relação de solidariedade ou, facilmente, convertida em tal.
De facto, ao contrário de muitos países da Europa, que tiveram quase mais dois séculos de coabitação com as ideias liberais e humanistas, Portugal ainda em 1974 constituía uma nação predominantemente rural; tendente para a auto suficiência de bens e serviços. E de valores, já agora.
A implementação de alterações significativas nas superestruturas vivenciais (feitas, entretanto, de melhorias habitacionais e educacionais, autoestradas, parques automóveis, novas tecnologias, superiores condições de vida e mais diversificados consumos, quase não deixam perceber o país que tínhamos.
Contudo, as infraestruturas mentais persistem, ainda, em grande parte!
Infraestruturas em que, nas vivências de subsistência na altura dominantes (diretamente no mundo rural e, indiretamente, nas populações suburbanas de afluência recente), as comunidades viam o Estado (em qualquer das suas vertentes; Governo, Municípios, Polícias, Tribunais, Finanças) como algo a evitar todo o custo; do qual não se esperava nada de bom!
E hoje, passados 46 anos do 25 de Abril, tal permanece ainda, em grande parte.
Por isso não cumprimos as mais diversas leis, se a isso pudermos fugir. E ajudamos, convicta e voluntariamente, outros a fazê-lo.
Por isso, não denunciamos transgressões (como é nossa obrigação) a não ser que, com isso, estejamos a ser lesados. Seja nas autoestradas, seja nos impostos da mais variada natureza. Não admira, assim, que a denúncia de tal comportamento seja, ainda hoje, denominado de “bufar”; vernáculo para imoralidade e carácter sinuoso e vingativo.
Por isso a nossa relação com as autoridades se transforma, frequentemente, num jogo do gato e do rato.
Por isso, ainda, apoiamos sempre os políticos e afins acusados de corrupção pelo Estado. E os brindamos, até, com reforços eleitorais.
Por isso, também, as razões para os tais agravamentos verificados após o desconfinamento; independentemente da natureza das respetivas vagas.
Até porque, o aligeirar das medidas iria sempre, como foi, criando a sensação de que o pior estava passado. E o temeroso tendeu, portanto, a diluir-se.
E, com o decorrer do tempo, fomo-nos habituando a lidar, mentalmente, com milhares de infetados diários e várias dezenas de mortes.
Na verdade, habituamo-nos a tudo. Principalmente, se nos der jeito!
Aliás, tudo isso tem a ver, desde logo, com a maneira como os nossos políticos valorizam, usualmente, as diversas áreas do conhecimento. Suponho que, para estes, as ciências sociais só servem para instrumentalizar discursos e indumentárias, poses e atitudes públicas e eleitoralistas.
Levando-os, muitas vezes, pela deficiência de perceções contextuais sociais e culturais, a tomar medidas sem aplicabilidade prática e incorrer em erros de palmatória.
E porquê, perguntar-se-á, os partidos políticos portugueses apresentam tal défice de compreensão de fenómenos sociais que, afinal, os deviam enquadrar? Pois, afinal, respeitam à população que somos, no espaço que temos e no tempo que vivemos.
Em primeiro lugar, porque os cientistas sociais raramente ocupam lugares de relevo político. A não ser os omnipresentes advogados; não por acaso especialistas em instrumentalizar a verdade.
Em segundo, porque a vivência de poder (seja na Administração Central, seja na Local) é feita de tal maneira de fidelidades caninas (não confundir com pequeninas) que o Chefe (não tão infalível como o Papa mas, lá perto) age e reage conforme quer e lhe apetece e, eventuais aconselhamentos, acabam afinal por ser, em grande parte, concomitantes com a vontade do mesmo.
Divergir pode custar o lugar que tanto custou a alcançar (que não esqueçamos é de “confiança politica” e não técnica) já que o simples questionar ou discordar põe em causa a clarividência toda poderosa do Chefe. E, pode ser visto, como escondendo tenebrosas intenções.
As “vozes do dono” são, assim, as normas padrão no interior das organizações politicas nacionais e outras que tais.
Mais visíveis operativamente nas Administração Local (pela frequência e dimensão) mas existentes, afinal, em todos os níveis da hierarquia do poder.
Percebe-se, porquê, o Governo quis abrir as Escolas. País de economia frágil, com um dívida externa obscena, já profundamente afetado pela situação pandémica dos últimos meses, precisa como de pão para a boca do reatar da atividade social e económica.
Mesmo que para isso tenha de sacrificar os professores (exteriores, estes, à badalada estratégia das “bolhas”); muitos deles, pela idade e saúde, constantes dos famigerados grupos de risco.
Mas o que também não há dúvida, é que fossem quais fossem as medidas a implementar, seriam sempre polémicas e criticáveis. E de eficácia limitada e controversa.
A não ser que se criasse um estado policial dentro de cada escola; a ecoar tenebrosas lembranças. Que, não haja dúvidas, é alternativa bem pior que o famigerado vírus.
E, tal como nas Escolas, também na Sociedade em geral.
Nos últimos tempos o Governo vem revelando algum desnorte que espero, sinceramente, venha a ser passageiro.
Más opções informativas, bem como dividir o país em concelhos de variada gravidade e hierarquização alterável, aos quais estão adstritas regras diversificadas, particularmente mutáveis no tempo e no espaço, constituem elementos geradores de dispensáveis confusões.
Particularmente interessante é ver, contudo, as diversas forças da oposição esforçando-se por encontrar argumentos que justifiquem estratégias diferentes e sustentáveis como consequências de más opções ou deficientes aplicações.
Afinal, se as medidas não resultam (como se pretende) e se a culpa não pode ser das pessoas a quem se dirigem, só pode ser de quem as tomou.
O povo, donde vem afinal a legitimidade da nossa situação de político de carreira, é que não pode ser culpabilizado. Pelo menos em público, já se vê|
Surgem, no entanto, grupos radicais de parca e esconsa responsabilidade, que veem na crise uma oportunidade fácil e despudorada de ganhar popularidade defendendo, clara ou implicitamente, uma maior autonomia comportamental, mesmo que implicando um inevitável agravamento epidémico. Vulgarizando, de alguma forma, um sinistro senso comum, que entende que as mortes, em certas condições qualitativas e quantitativas, são perfeitamente aceitáveis.
Afinal. este é um vírus de natureza algo perversa.
Desde logo porque afeta especialmente aqueles, já de si mais vulneráveis.
Tendendo a revestir a ação de muitos governantes de uma, mesmo que disfarçada, menorização social (com consequências diversas) e uma atitude de um certo laxismo, face a um fenómeno que, afinal, “liberta” a nação de alguns encargos sociais presentes e futuros. Espécie de depuração social, pela filtragem de elementos vistos como improdutivos, num sociedade que endeusa a produção e o lucro.
A sobrelotação dos hospitais tem feito, inclusive, admitir a hipótese de chegar-se a uma situação extrema em que as hipóteses avaliáveis de cura sirvam de seleção e opção de tratamento.
Mais chocante será, ainda, a aplicação neste caso, mesmo que disfarçado, de um critério paralelo predominantemente etário.
Na verdade, a colocação da vacinação dos mais idosos como última prioridade, no que concerne ao Plano de Vacinação preconizado pela Direção Geral de Saúde (e pesem embora pretensas justificações) parece, de facto, apontar para aí.
Porém, se chegarmos ao ponto de equacionar o valor da vida (das vidas, dir-se-á) face a, vistos como tal, superiores interesses económicos (e nestes optar por indivíduos mais ou menos empresarialmente produtivos) teremos perdido, em grande parte, a nossa indispensável dimensão humanista.
E nesse caso, se calhar mereceremos, mesmo, o que nos está a acontecer.
*Talvez resida precisamente aqui a culpa maior da nossa Classe Politica. A de, durante o tempo que medeia de Abril de 1974 aos nossos dias ( e já lá vai quase meio século), não ter conseguido, como seria sua obrigação, alterar de forma significativa a imagem que o nosso Povo tem do Poder. Uma imagem algo fora do tempo, com certeza, que se intrinca em conceções de valor tradicionais (naturalmente), mas que a classe governante, por atos de corrupção e afins, tem levado a que continue a ser vista como natural senso comum..
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-78260378048331853492020-12-04T13:33:00.000-08:002020-12-04T13:33:22.622-08:00O Fandango e a Unesco
A Entidade Regional de Turismo do Alentejo e (parte do) Ribatejo revelou, há algum tempo, no Cartaxo, a propósito da Candidatura do “Montado de sobro” a Património da Humanidade que, o “Fandango”, viria a ser, igualmente, candidato a esse estatuto.
Passados quase três anos de suposto esquecimento, o mesmo dá agora, novamente, mostras de reanimação.
Resta saber como é que o Fandango vai preencher o requisito que a UNESCO exige: o de se tratar, obrigatoriamente, de um padrão cultural vivo.
Requisito que, como se sabe, o Fandango deixou de cumprir há largas décadas. Bem largas, por sinal!
Portanto, para vender o mesmo como uma tradição vida e atuante (e não como a representação etnográfica que os diversos grupos, ditos folclóricos, veiculam) obriga, necessariamente, à realização de ações supostamente espontâneas mas que, de espontâneas, só poderão, mesmo, ter o nome.
Contudo, confesso que não me repugna assim tanto a utilização de tais subterfúgios mesmo que, naturalmente, me recuse a tomar parte em algo que, mesmo que bem intencionado (admitamos), constitui, sempre, uma fraude.
Afinal, estamos num país em que a moral é cada vez menos um imperativo de orientação e, mais, um irritante obstáculo a tornear.
E não é a primeira vez (mesmo em Portugal) que tal acontece (veja-se o exemplo do “Cante alentejano”) e, calculo, não seja a última.
Tendo ainda em conta que, tal reconhecimento, mesmo que obtido por métodos tortuosos, arrasta sempre um potencial promocional não desprezível.
Mas, ao menos, que se aproveite para estudar o Fandango de forma a ultrapassar os variados equívocos que o impregnam, que hoje estão identificados e analisados mas continuam, em muitos casos, a plasmar as representações (ditas folclóricas) realizadas nesta Região.
- Por exemplo, que o Fandango não é uma dança; mas sim um tipo de danças!
Como acontece com qualquer dança ribatejana, ou não, proliferam as variantes de fandangos por todo o Ribatejo,.. por todo o país!
- Que à semelhança de outras danças, igualmente vistas como regionais, o Fandango não é uma dança estritamente ribatejana! Como os “viras” não são só minhotos, os “corridinhos” não são só algarvios, os “bailaricos” não são só saloios, as "saias" não são só norte-alentejanas!
Existem fandangos em diversas regiões, principalmente na Estremadura e no Minho, mas ainda nas Beiras e até no Alentejo e nos Açores. Existem, a jusante, inúmeros fandangos em Espanha. A montante, diversos no Brasil.
- Que o Fandango não é, como se poderia julgar, uma dança em que o canto esteja, necessariamente, ausente!
À semelhança do que era comum nos teatros lisboetas de setecentos, muitas versões eram, normalmente, cantadas. Não só no Ribatejo (onde, embora não dominantes, surgem, ainda, algumas versões cantadas) mas, tanto quanto se sabe ainda, na Estremadura e nas Beiras, e igualmente, como modelo usual, em terras minhotas. Também no Brasil e em Espanha tal situação era frequente.
- Que o Fandango no Ribatejo não era só dançado por homens, mas indiferenciadamente por homens e/ou mulheres. Isto tanto no Bairro onde (embora relutantemente) se foi há mais tempo aceitando, como na Charneca ou na Lezíria. Como acontecia no Vale de Santarém, em Torres Novas, nos Riachos, no Pego e nas Mouriscas de Abrantes, no Cartaxo, na Glória do Ribatejo, em Benavente, na Golegã, na Moita, em Alcanhões, etc,...
- Finalmente, que o Fandango não era, como hoje se julga e representa, uma dança de movimentos rígidos, invariáveis, quase hieráticos. Mas, pelo contrário, uma dança cujas variações se expressavam, essencialmente, a nível coreográfico.
Coreografias feitas de passes criativos e personalizados, imagem de marca de cada fandanguista e dependentes, em última instância, da criatividade, dinâmica e resistência física daqueles.
Se isto ficar consagrado (e independentemente das vantagens promocionais envolvidas) terá, com certeza, valido a pena.
Se não, se contribuir para cristalizar tais equívocos (perpetuando uma memória errónea e falaciosa das nossas raízes culturais), então, mais valia estarem quietos!
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-73577000846223874432019-12-25T11:29:00.002-08:002019-12-25T11:29:29.004-08:00O Síndrome de Polifemo
A delirante proposta do PAN, pretendendo proibir os provérbios populares que falem de animais, parece estar a fazer escola.
Confesso que sempre fui um defensor das causas dos animais.
Não, necessariamente, dos cãezinhos e gatinhos das Quintas da Marinha que, muitas vezes, pretendemos transformar em burlescos simulacros humanos.
Mas dos inúmeros animais, ditos domésticos, abandonados; numa sociedade que os gera mas não gera condições que lhes permitam uma sofrível qualidade de vida.
E dos não domésticos, que razões economicistas vão extinguindo por todo o mundo. Diretamente através de matanças (indiscriminadas ou não) ou, indiretamente, através da inexorável diminuição dos seus ecossistemas.
Bem como daqueles que, para exclusivo gozo, criamos como instrumentos do nosso entretenimento. Aos quais provocamos (de forma artística, esclareça-se), desnecessária dor e sofrimento; enquanto expressão das nossas mais perversas vaidades.
Ora, recebi recentemente, através das redes sociais, um estrato audiovisual que dava voz a três militantes espanholas que, entrevistadas a propósito, explicavam convictamente porque na sua quinta (ecológica, com certeza) mantinham separados galos e galinhas.
“Para evitar que os galos violem as galinhas!
Nem mais!
Fica assim demonstrado, nestes episódios bizarros de “violência doméstica”, que todas as populações de galináceos existentes neste Mundo (bem como das outras aves e de muitas outras espécies animais), são resultado, estrito, de sucessivas violações.
Desde o início dos tempos, presume-se.
Pelos vistos, tem sido um regabofe!
Bem, pelos menos pudemos agora, levantar um pouco o véu que envolve um dos maiores mistérios da criação: porque é que “os galos, cantam de galo!”
Julgávamos nós que era para anunciar o sol-nascente.
Santa ingenuidade!
Apressam-se, isso sim, mal nasce a alvorada, a proclamar aos quatro ventos as suas ignóbeis proezas sexuais.
Tarados!!
Então, já agora e calhando em conversa, quem defende o Louva a Deus macho, morto recorrentemente pela parceira (desde há algumas centenas de milhões de anos a esta parte), durante o amplexo frenético de reprodução?
Tenham lá paciência mas, nestas coisas, não pode haver filhos e enteados.
Enfim, dizia a propósito, enquanto comentário anexo, o meu amigo (professor e antropólogo) responsável pelo envio de tal preciosidade:
“Sem nos apercebermos, estamos a criar uma geração de idiotas”.
Não sei se poderemos, em rigor, falar de uma geração; é com certeza injusto para muitos.
Agora o que eu sei é que, no caso presente, reputá-los de “idiotas”, é ter os idiotas em boa conta!
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-40495196062577662972019-12-25T11:27:00.002-08:002019-12-25T11:27:27.748-08:00Mais papistas...
A firme intenção da Federação Inglesa de Futebol castigar as manifestações de racismo é algo que, naturalmente, não podemos deixar de realçar e subscrever.
A ação que desenvolveu, há algum tempo, em conjunto com as autoridades, no combate à praga do holiganismo, constituiu exemplo de determinação e vontade que, hoje, serve de modelo para muitos.
Mas, como diz o povo, “tudo o que é demais empata a venda”. E a decisão de castigar Bernardo Silva, jogador português do Manchester City, surge como manifesto exagero que, ao contrário do que se quer fazer querer (e que, afinal, seria o seu papel), não ajuda nada a combater tais manifestações discriminatórias.
Castigar alguém que se limita a trocar piadas com um (pelos vistos) amigo do peito, feitas de humor e remoque é, convenhamos, ser bem “mais papista que o Papa”.
Aliás, eventuais recriminações apenas teriam sentido pelo facto de tal ter sido publicado numa rede social que, muitas vezes esquecemos, não se trata apenas de uma forma de conversar.
Uma qualquer repreensão já seria mais que suficiente. E constituiria uma decisão bem mais pedagógica.
Até para transmitir que, o que está em causa, não é (nem pode ser) apenas e principalmente aquilo que se diz.
Mas a forma como se diz. A razão porque se diz. A intenção com que se diz.
E não se venha com argumentos de que a intenção não é facilmente avaliada e mensurável.
Afinal, é o mesmo Futebol que possui leis de aplicação disciplinar em que os casos acontecidos durante os jogos são penalizados (logo são avaliados) de acordo com a intenção do jogador.
E isto, desde logo, no momento e no interior do campo; em condições que são tudo menos adequadas a apreciações ponderadas.
Num contexto, convenhamos, bem mais difícil de avaliar.
Temos hoje proibições a mais. Normas a mais. Leis reguladoras a mais.
A prova de que são exageradas é que as cumprimos cada vez menos.
Não estão, portanto, a desempenhar o papel para que foram criadas.
Talvez devêssemos investir menos em imperativos normativos e investir mais na educação da cidadania. Mesmo que os resultados previsíveis pudessem ser menos imediatos.
Tenham lá paciência, mas a luta contra o racismo não pode contribuir para o desaparecimento (por proibição ou cautela exagerada) das relações de amizade que se querem naturais e espontâneas e do imprescindível uso do humor e diversão entre pessoas de diferentes etnias. Sejam eles negros, brancos ou azuis às riscas!
Isso é o pior que poderemos fazer para uma sã e natural convivência multicultural.
É envenená-la! E, portanto, inviabilizá-la!
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-75252066511008552142019-12-25T11:24:00.001-08:002019-12-25T11:25:28.577-08:00A Festa dos Tabuleiros e a Unesco
Assiste-se, cada vez mais, a candidaturas tendentes a obter o registo patrimonial da UNESCO, respeitantes a uma multiplicidade de ações, padrões e complexos culturais imateriais.
Pode até dizer-se, que o frenesim das candidaturas a Património Mundial ameaça desvalorizar, pela vulgaridade numérica, novas e velhas classificações.
Seja como for, um dos mais recentes propósitos nesse sentido, respeita à Festa dos Tabuleiros em Tomar.
A propósito da intenção, em curso, referente ao “Fandango ribatejano”, tive a oportunidade de tecer, recentemente, algumas considerações, salientando, entre outras coisas, a natureza fóssil desta dança como aliás de qualquer outra hoje integrante daquilo a que chamamos Folclore (na Região e no País) há várias décadas desaparecido como elemento cultural vivo.
Portanto, tal como no “Cante alentejano”, também o “Fandango”, a insistir-se na candidatura, vai, literal e obrigatoriamente, fazer de conta que está vivo.
Afinal, quando se trata de património imaterial sempre se pode, mais facilmente, fazer de conta. Bem mais difícil seria vender como atual um templo ou uma fortificação entretanto desparecida. Um conjunto geológico, entretanto arrasado. Um bosque de raras e preciosas espécies, entretanto transformado numa urbanização.
No contexto intangível criam-se, simplesmente, representações/reconstituições etnográficas e apresentam-se, as mesmas, nos processos de candidaturas, como ações espontâneas e regulares.
À boa maneira do desenrascanço português.
Contudo, a hoje denominada “Festa dos Tabuleiros” apresenta algumas e significativas diferenças.
Se é verdade que esta antiga Festa do Espírito Santo (hoje estilizada a partir do modelo “Império”) foi alvo, em meados do século XX, de um processo de fusão e concentração concelhia a partir de festividades em desaparecimento (dando origem uma grande festa municipal e municipalizada) e se é certo que neste processo de institucionalização se virão a perder, com o tempo, os últimos carateres devocionais, não deixa igualmente de ser verdade que os mesmos virão a ser substituídos por uma outra motivação agregadora, vinculadora de um semelhante sentimento de pertença.
Nem mais, nem menos que aquilo a que podemos chamar o sentido patrimonial. Algo que tornou, gradualmente, cada uma das atuais largas centenas de participantes, alguém que faz dessa participação a expressão mais cabal do orgulho de ser tomarense.
A semelhança do que acontece com algumas outras situações no nosso país, hoje igualmente mediatizadas (como os “caretos trasmontanos” ou a utilização do “traje tradicional pela mulher da Nazaré”) o que está aqui em causa, em última instância, é a forma como a comunidade, mesmo aquela dispersa espacialmente, se vê refletida aos olhos dos outros.
Sente a importância que os outros atribuem à sua Festa. À sua Terra.
E sentindo, se acha, naturalmente, valorizada.
Portanto, se a Festa perdeu o fator devocional que a manteve viva por séculos, encontrou outro tipo de suporte vivencial. Conferindo, assim, à iniciativa, contornos que ultrapassam a, à primeira vista considerada, reconstituição etnográfica.
E, hoje por hoje, mantendo de alguma forma, esta manifestação festiva, enquanto elemento determinante de identidade comunitária.
Até porque, mais que quaisquer outras festas populares, as festas espiritistas, pelas suas exigências de encargo e configuração, sempre acarretaram (para lá das respetivas confrarias) uma mais alargada estrutura organizacional, muitas vezes, até, municipal e corporativa.
Deste modo, as condições exigidas pela UNESCO, pese embora a natural e evidente diluição devocional*, parecem assim, numa perspetiva socio-antropológica, cabalmente preenchidas.
*Afinal, estas festividades tiveram de lidar no Continente com mais antigas, apegadas, telúricas e antropomorfas entidades divinas (ou divinizadas) como os santos ou a Virgem.
Com prejuízo evidente, a médio e longo prazo, para as mesmas.
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-63738384712489601512019-06-26T06:27:00.004-07:002019-06-26T06:27:41.312-07:00Os Profºs
Dizia, há alguns anos atrás, o conhecido antropólogo e historiador espanhol Júlio Caro Baroja, numa entrevista ao Jornal Le Monde; “o paranormal [pelo menos o mais VIP e badalado], a ovnilogia e a queda de extraterrestres, não passam [dos mitos] das velhas bruxas encobertos por uma linguagem pretensamente científica”.
O mesmo se pode dizer, convenhamos, da astrologia, em termos do reconhecimento social e promoção mediática, bem como dos inúmeros médiuns (profs, assim chamados) de configuração exótica e múltiplas e pretensas capacidades, abarcando todas e mais algumas áreas da magia, feitiçaria, mediunidade, curandeirismo, astrologia e quejandos.
Com denominações (Profº Anu, Profº Toga, Profº Sábá, etc.,…) que remetem para culturas estranhas e distantes (quase sempre africanas) e reivindicam ignotos conhecimentos, daí oriundos e obtidos, depreende-se, em processos iniciáticos herméticos e misteriosos.
Tratam tudo!
Enganos e desenganos, amorosos ou não. Negócios e falências; milagrosamente revertidas. Doenças de todo o foro e mais algum; físicas ou metafisicas. Apegos e desapegos. Amarrações e adivinhações diversas.
Casamentos e descasamentos, se for caso disso.
A simples sorte ou o esconjuro do azar. Fidelidades e infidelidades. Fertilidades e infertilidades. Felicidade e enriquecimento; como condições plenas e absolutas.
São os novos magos! Substitutos dos “curandeiros” (ou mais precisamente “curandeiras”) de antigamente; tradicionais e populares.
Incorporando e reivindicando, agora, todas e mais algumas competências.
Afinal, uma espécie de tudo em um!
Próprios de uma sociedade abrangente e global.
Mas, nem por isso, menos crédula.
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-84195899467155013842019-06-25T15:58:00.001-07:002019-06-25T16:00:27.858-07:00O Fandango e a UNESCOA Entidade Regional de Turismo do Alentejo e (parte do) Ribatejo revelou, há algum tempo, no Cartaxo, a propósito da Candidatura do “Montado de sobro” a Património da Humanidade que, o “Fandango”, viria a ser, igualmente, candidato a esse estatuto.
Passados quase três anos de suposto esquecimento, o mesmo dá agora, novamente, mostras de reanimação.
Resta saber como é que o Fandango vai preencher o requisito que a UNESCO exige: o de se tratar, obrigatoriamente, de um padrão cultural vivo.
Requisito que, como se sabe, o Fandango deixou de cumprir há largas décadas. Bem largas, por sinal!
Portanto, para vender o mesmo como uma tradição vida e atuante (e não como a representação etnográfica que os diversos grupos, ditos folclóricos, veiculam) obriga, necessariamente, à realização de ações supostamente espontâneas mas que, de espontâneas, só poderão, mesmo, ter o nome.
Contudo, confesso que não me repugna assim tanto a utilização de tais subterfúgios mesmo que, naturalmente, me recuse a tomar parte em algo que, mesmo que bem intencionado (admitamos), constitui, sempre, uma fraude.
Afinal, estamos num país em que a moral é cada vez menos um imperativo de orientação e, mais, um irritante obstáculo a tornear.
E não é a primeira vez (mesmo em Portugal) que tal acontece (veja-se o exemplo do “Cante alentejano”) e, calculo, não seja a última.
Tendo ainda em conta que, tal reconhecimento, mesmo que obtido por métodos tortuosos, arrasta sempre um potencial promocional não desprezível.
Mas, ao menos, que se aproveite para estudar o Fandango de forma a ultrapassar os variados equívocos que o impregnam, que hoje estão identificados e analisados mas continuam, em muitos casos, a plasmar as representações (ditas folclóricas) realizadas nesta Região.
- Por exemplo, que o Fandango não é uma dança; mas sim um tipo de danças!
Como acontece com qualquer dança ribatejana, ou não, proliferam as variantes de fandangos por todo o Ribatejo,.. por todo o país!
- Que à semelhança de outras danças, igualmente vistas como regionais, o Fandango não é uma dança estritamente ribatejana! Como os “viras” não são só minhotos, os “corridinhos” não são só algarvios, os “bailaricos” não são só saloios, as "saias" não são só norte-alentejanas!
Existem fandangos em diversas regiões, principalmente na Estremadura e no Minho, mas ainda nas Beiras e até no Alentejo e nos Açores. Existem, a jusante, inúmeros fandangos em Espanha. A montante, diversos no Brasil.
- Que o Fandango não é, como se poderia julgar, uma dança em que o canto esteja, necessariamente, ausente!
À semelhança do que era comum nos teatros lisboetas de setecentos, muitas versões eram, normalmente, cantadas. Não só no Ribatejo (onde, embora não dominantes, surgem, ainda, algumas versões cantadas) mas, tanto quanto se sabe ainda, na Estremadura e nas Beiras, e igualmente, como modelo usual, em terras minhotas. Também no Brasil e em Espanha tal situação era frequente.
- Que o Fandango no Ribatejo não era só dançado por homens, mas indiferenciadamente por homens e/ou mulheres. Isto tanto no Bairro onde (embora relutantemente) se foi há mais tempo aceitando, como na Charneca ou na Lezíria. Como acontecia no Vale de Santarém, em Torres Novas, nos Riachos, no Pego e nas Mouriscas de Abrantes, no Cartaxo, na Glória do Ribatejo, em Benavente, na Golegã, na Moita, em Alcanhões, etc,...
- Finalmente, que o Fandango não era, como hoje se julga e representa, uma dança de movimentos rígidos, invariáveis, quase hieráticos. Mas, pelo contrário, uma dança cujas variações se expressavam, essencialmente, a nível coreográfico.
Coreografias feitas de passes criativos e personalizados, imagem de marca de cada fandanguista e dependentes, em última instância, da criatividade, dinâmica e resistência física daqueles.
Se isto ficar consagrado (e independentemente das vantagens promocionais envolvidas) terá, com certeza, valido a pena.
Se não, se contribuir para cristalizar tais equívocos (perpetuando uma memória errónea e falaciosa das nossas raízes culturais), então, mais valia estarem quietos!
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-1474957228558589612019-06-25T15:54:00.000-07:002019-06-25T15:55:58.494-07:00Os "Coveiros" do Ribatejo . Entrevista ao C. R. em Dezembro de 2018.
- <b>Em que consiste, o Projeto apresentado, em parceria pelo Fórum Ribatejo e a ESES, ao Orçamento Participativo Portugal 2018?
</b>
Na reunião de Benavente, em 2017, na sequência de uma reflexão sobre identidades regionais, o Fórum Ribatejo decidiu contactar a ESES no sentido de se vir a desenvolver um projeto de investigação que aferisse das condições atuais de pertença ao Ribatejo, das populações dos concelhos que, de uma forma ou de outra, são considerados como tal.
Da assunção deste desiderato pela Escola Superior de Educação de Santarém, o mesmo foi alvo de uma proposta ao OPP. Da sua aceitação decorre, agora, o processo de votação que decidirá, ou não, a sua orçamentação; logo concretização.
Suponho que não é necessário assinalar a importância do mesmo; afinal construirá a sustentação científica que poderá permitir ao Ribatejo reivindicar condições que as suas dimensões culturais enquadrem.
- <b>Na sua opinião, existe uma identidade Ribatejana ou um conjunto de identidades? O que é, afinal, este ‘Ribatejo Cultural"?
</b>
Uma identidade é sempre composta de diversos elementos de identidade. E de complexos diferenciados em sociedades naturalmente multifacetadas.
De diversas identidades, se quisermos.
A questão está na dimensão das diversas noções de pertença e da maior ou menor adesão aos mais diversos fatores identitários. Bem como da respetiva expressão social, etária, territorial ou de género. De forma a podermos perceber se a identidade sociocultural ribatejana possui ou não (num dado momento) uma dimensão susceptível de afirmação regionalista.
Quando ao, dito, “Ribatejo Cultural” é, apenas, a componente cultural do Ribatejo. O Ribatejo, enquanto emanação cultural. Visto num contexto holístico e integrado.
- <b>O que fazer, então, para preservar valores culturais e identidade regional?
</b>
Enquanto organizações político-administrativas, já seria bom que se apercebessem da natureza e dimensão do património cultural da Região. Talvez depois, a partir daí, fizessem alguma coisa em seu proveito.
Enquanto organizações não governamentais, como o Fórum Ribatejo, podem continuar a fazer aquilo que têm feito. Desde logo chamar a atenção para as diversas valências culturais e refletir sobre elas, tomar posição sobre os aspetos regionais candentes (nomeadamente o processo de desagregação em curso), juntar os agentes culturais da região e envolvê-los na realização de iniciativas de importância social, história, política e cultural. Em suma, ser um fórum de debate e reflexão e um catalisador de iniciativas socioculturais que envolva as pessoas e as instituições.
- <b>Decisões político-administrativas têm vindo a tratar esta região sem reconhecer a sua integridade territorial e cultural. O Ribatejo, hoje, não se está a diluir entre a Lezíria e o Médio Tejo?
</b>
A diluir e a retalhar. Não, apenas hoje, mas há algumas décadas.
Aliás, pode dizer-se que, enquanto potencial de regionalização, o Ribatejo foi traído por aqueles que, mais obrigação tinham de o defender.
Autarcas, deputados, dirigentes regionais dos diversos partidos instalados no poder regional. Não todos, mas… grande parte deles.
Por razões de interesse pessoal e de grupo (leia-se, Partido) despedaçou-se o Ribatejo provocando, nele, uma atomização e dispersão do poder regional: num autêntico milagre de multiplicação de cargos; leia-se “tachos”.
Por razões interesseiras (entenda-se egoístas) o lobby que devia ter, afinal, a obrigação de defender o Ribatejo, vendeu-o (e vendeu-se) por, eventualmente, “trinta” “dinheiros”.
E nisso todos os partidos de poder regional tiveram culpas, em maior ou menor grau.
- <b>Tem-se falado da criação de uma nova unidade territorial (NUT II) que restabelece a aproximação histórica do Ribatejo-Oeste. Acha que seria uma boa opção para ambos os territórios?
</b>Não vindo, o Ribatejo, a constituir um território autónomo, a ligação com o Oeste acaba por ser, de alguma forma, lógica. Seja como for, tal opção, não deixa de constituir um mal menor. Menor,…. mas mal!
Pior ainda será, com certeza, a ligação com Lisboa que, pese embora propaladas vantagens económicas, nos transformará num mero apêndice sem réstia de poder e afirmação. Ou, já agora, com o Alentejo (como acontece, hoje, na Entidade Regional de Turismo); um perfeito desvario.
- <b>Faz parte do Fórum Ribatejo de que foi coordenador e fundador. Em que consiste esta organização? O que motivou o seu surgimento?
</b>O Fórum Ribatejo surgiu em 2009 com o propósito de agregar os agentes socioculturais que viam o Ribatejo, precisamente, como algo mais que um tecido a retalhar, de acordo com interesses pessoais e de grupo.
Juntar essas pessoas e esperar que daí saíssem reflexões conjuntas e eventuais e decorrentes, iniciativas. E assim tem acontecido.
- <b>Que ações vem a Associação concretizando e que objetivos espera alcançar?
</b>
Esclareça-se que o Fórum não é uma associação. Nem pretende ser. Mas sim uma plataforma que congrega pessoas com perspetivas e objetivos semelhantes.
Com o mínimo de organização formal e o máximo de liberdade de auto-organização dos seus membros.
É um organismo de novo tipo; se quisermos. Que surge para juntar e não para dividir. Por isso todas as atividades que desenvolve são feitas em parceria com instituições da região; municípios (principalmente), órgãos de informação, museus, associações culturais, instituições de ensino, etc.,…
Tem hoje mais de quatro dezenas de membros provenientes da grande maioria dos concelhos da região. Que se auto-organizam, nas assembleias trianuais, e desenvolvem, num tempo prescrito, ações pontuais (principalmente) mas também periódicas, como os Encontros de Historiadores Locais Ribatejanos e os Encontros de Cultura Popular do Ribatejo sediados na Barquinha ou até, continuados, como a Base de Dados do Ribatejo em processo de instalação na Biblioteca Municipal de Torres Novas.
Sessões de reflexão sobre “Arte Popular e Folclore” (realizadas na Golegã e em Santarém), o Ribatejo e o Futuro (igualmente em Santarém) e Identidades Regionais (em Alcanena) ou, colóquios temáticos sobre a Ferrovia Nacional (Entroncamento), o Culto Mariano (Ourém), o “Ribatejo na 1ª Grande Guerra” (Montalvo/Constância) ou, ainda, o Ribatejo e a República, (Cartaxo); sempre, naturalmente, em parceria com os respetivos municípios.
Finalmente, para não ser exaustivo, iniciativas como o “I Encontro de Museus do Ribatejo” acontecido em Abrantes ou os espetáculos lúdico-culturais “Tejo Arriba” realizados, em cenário natural, nas margens do Tejo. Em Salvaterra de Magos (2016), Constância (2017) e Barquinha (2018): uma outra forma de mostrar o Ribatejo.
Enquanto fórum de reflexão, defensor da integridade ribatejana, impulsionador dos seus valores culturais e promotor das suas identidades, o Fórum Ribatejo tem, deste modo, constituído um elemento de interligação entre pessoas e instituições desta Região; frequentemente tão dispersas e pouco solidárias.
- <b>Que tem, afinal, o Ribatejo para oferecer enquanto possível região autónoma ou pelo menos sub-região mas mantendo a integridade territorial?
</b>Desde logo o ser o coração da nossa agricultura (nomeadamente intensiva) e da criação de gado principalmente de grande porte: touros, bois e cavalos.
Produções alcançando produtividades de nível internacional. Mas apresentando, igualmente, produções de ponta; como o vinho, o azeite.
O Tejo; apenas o maior rio da Península; que, em Portugal, aqui corre, essencialmente, e que deveria constituir a grande via de comunicação, cenário de desporto e espaço de lazer.
E o turismo, claro. Assente em cidades e vilas históricas que possuem algum do nosso património mais relevante referente (e não só) ao gótico e manuelino.
Na festa brava: em valências como o campino e o fandango que embora arquétipos estilizados não deixam (aliás, por isso mesmo) de apresentar enorme eficácia turística.
Em festivais gastronómicos de diversa natureza (Rio Maior, Benavente, Santarém ou Salvaterra), ou feiras como o Colete Encarnado em Vila Franca, a Ascensão na Chamusca ou a Feira de Maio na Azambuja, constituem referências festivas, inclusive, nacionais.
No turismo religioso, naturalmente. E na paisagem, já se vê.
-<b> Na paisagem?
</b>
Sim, embora o Vale do Tejo (para já não falar do bairro e da charneca) esteja dotado de uma paisagem de grande potencial, ainda não interiorizámos a ideia de paisagem como valor patrimonial.
Apesar de, por exemplo, Santarém estar dotada dos mais privilegiados locais de apreciação da mesma.
Apesar da conhecida canção tradicional (divulgada um pouco por todo o país) que fala do tal “lindo jardim de Santarém”: onde se “desfolhou [o tal] malmequer”.
Apesar da enriquecedora mutação sazonal de cenários; feita cores e disposições.
Tejo e lezíria, terra e água, céu e sol, plantações em tons de verde a perder de vista, manadas de bois e cavalos. Onde é que mais, isto existe?
-<b> E o turismo religioso?
</b>
Também. Aliás, cada vez mais, um importante foco de atração de turistas portugueses e estrangeiros e não dependente, estritamente, de sazonalidades.
De que Fátima é, “apenas”, o elemento central.
Em que diversos monumentos religiosos consubstanciam inegáveis valores patrimoniais. Em que festas como a Senhora do Castelo, em Coruche, a Senhora da Boa Viagem, em Constância, Senhora do Pranto, em Dornes, da Atalaia no Montijo, do Espírito Santo em Tomar, Meia-Via, Carregueiros ou Azinhaga ou, ainda, o Santíssimo Milagre em Santarém, entre outros, dão corpo àquilo a que já se chamou o Festival Permanente no Ribatejo.
Mas, para isso, as cidades (a exemplo de Santarém) terão de ser mais afáveis e fidelizar melhor os turistas que as visitam. Nos acessos, nas informações, na valorização do património e, principalmente, na diversificação da oferta.
No caso desta, cultos adormecidos como a Senhora da Saúde ou Santa Iria (de quem os escalabitanos ainda não perceberam o potencial), factos históricos como a Conquista de Santarém ou as raízes muçulmanas (daquela que foi uma das mais importantes cidades muçulmanas do ocidente da Península), poderiam e deveriam sustentar focos de atração turística, cultual e historicamente integrados.
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-53450980761757238982018-10-22T05:12:00.001-07:002018-10-22T05:14:32.929-07:00Nós e os Outros - A naturalidade da diferença
Já algumas vezes tenho abordado a problemática da naturalidade da diferença (ou da sua ausência) independentemente das tantas vezes apregoadas liberdades de opinião (e respectivas liberdades de ação) que os novos tempos consagram.
Contudo, consagração à parte, continuam a manifestar-se inúmeras dificuldades em reconhecer aos outros, na prática, efetivos diretos de opinião e, principalmente, de ação.
Principalmente quando tais opiniões/ações colidem com as nossas. Em assuntos que reputamos de importantes. Quando pretendem questionar causas que nos são caras e gratificantes.
Por exemplo, nos recentes e sucessivos debates (mais discussões/altercações) acerca das peripécias futebolísticas que, diariamente, nos invadem através dos canais noticiosos nacionais, têm contribuído para usualizar entre nós a naturalidade, sim, mas da opinião dogmática como coisa comum e natural.
Ter opinião diferente é aí (se de cor diferente) sinónimo de abominável comportamento ou, se da mesma cor) de inqualificável traidor à causa; de alguém que não merece dizer-se adepto de um determinado clube.
A questão de ter uma opinião de acordo com os interesses do respetivo clube é assumido não só como natural mas igualmente como correto. E são este tipo de pessoas que, pela sua multiplicação e omnipresença, vão de maneira sub-reptícia formatando o senso comum nacional.
São estes os valores que vamos, subconscientemente, interiorizando. Com consequências particularmente gravosas.
A naturalidade da diferença transforma-se, aqui, na diferença da naturalidade.
Em discussões em que se pretende não convencer mas vencer; a qualquer preço e custe o que custar.
Vem isto a propósito de umas imagens que, não há muito tempo, correram na comunicação social, a propósito de uma manifestação anti taurina em Albufeira.
A história conta-se depressa: no decorrer de uma tourada, alguns (poucos) militantes anti touradas invadiram a arena, ostentando mensagens de condenação da festa brava. Tendo sido, prontamente, detidos pela polícia.
Até aqui tudo bem!
Os manifestantes interromperam temporariamente uma iniciativa legal a decorrer (logo numa ação ilegal) e as forças da ordem fizeram aquilo que lhe competia: detendo os manifestantes que, com certeza, foram apresentadas à justiça que lhes aplicou as medidas judiciais previstas na lei.
Contudo, mostravam as imagens, enquanto era conduzido por dois polícias, um dos manifestantes, era violentamente agredido por trás, perante o regozijo, ululante, da populaça e o alheamento, total, dos agentes da autoridade.
Simultaneamente, o agressor mimoseava-o ainda com obscenidades que, o canal (não me lembro qual), prestavelmente, traduzia.
A pergunta que se impõe é a seguinte: será que um cidadão detido deixa de ter direitos?
Ou os agentes estavam demasiados ocupados para impedir, ou tentar impedir o agressor?
Ou, simplesmente, estavam com medo?
Será que as imagens que identificam (suponho eu) o energúmeno serão usadas como elemento susceptível de abrir uma investigação?
Ou nestas coisas das sessões de porrada, mesmo que nas barbas da polícia, quem tem unhas (ou não tem as unhas presas) é que toca viola?
Era um manifestante anti taurino. Podia ser um manifestante pró taurino.
Ou um defensor do aborto. Ou contra o aborto.
Ou contra a morte assistida. Ou a favor dela.
Isto para só falar de causas sociais que enformam de susceptibilidades várias.
Continuam a ser seres humanos; merecedores de todos os direitos e mais alguns que tal natureza lhes confere.
No caso citado, apenas não detentor dos imperativos de liberdade.
Apenas isso!
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-47454805012035103442018-10-22T05:08:00.001-07:002018-10-22T05:08:37.132-07:00A MULHER DO RIBATEJO - MITOS E EQUÍVOCOS <b>Pode-se dizer-se que, tradicionalmente, o papel social da mulher do Ribatejo tem sido objeto de vários equívocos?</b>
- O equívoco, afinal, é só um: o de que os carateres de personalidade próprios da mulher ribatejana, que a tradição consagra, eram particularmente humildes e subservientes.
Daí decorre, depois, todo um conjunto de erróneas implicações sociais e até culturais.
Na verdade, não só tal configuração psicossocial não corresponde à realidade, como a mesma se nos revela aqui, pelo contrário, uma personagem bem mais autónoma e afirmativa; se comparada com a mulher de outras regiões.
E, arriscar-me ia a dizer, com a mulher das outras regiões!
<b>Mas, se é assim, como se chegou aí?</b>
Digamos que a suposta subserviência da mulher ribatejana surge como contraponto à utilização exacerbada do “mito do campino” e decorre das supostas virilidades e destemores do “homem do Ribatejo” consubstanciado este, precisamente, na figura do campino.
E se o campino foi elevado a arquétipo ribatejano no contexto dos arquétipos regionais que o Estado Novo promoveu como expressão sublimada das virtudes da raça (e, no seu caso, como símbolo do cavaleiro português de antanho que garantiu a independência nacional nos momentos difíceis de afirmação nacionalista), ao mesmo foram-lhe imputadas diversas e elevadas qualidades e virtudes que, gradualmente, se foram mitificando.
E se, como diz o povo, “só pode haver um galo numa capoeira”, o estatuto da mulher irá sofrer por arrastamento inverso. Virá, então, a ser encarada como alguém particularmente passivo e obediente. Situação, que convenhamos, não correspondia, de todo, à realidade existente.
<b>Como poderíamos então, em termos de estatuto social, caracterizar a mulher do Ribatejo?</b>
Esclareça-se que falamos, essencialmente, das “mulheres do campo” que, durante séculos, marcaram, social e laboralmente, toda a região; nomeadamente o Vale do Tejo a que, em tempos passados, se chamava Borda d´Água.
Trabalhadoras jornaleiras, como o homem. Que, como este, tinham a sua praça todas as semanas, onde iam vender a sua força de trabalho.
Aí, discutiam preços e condições com capatazes e proprietários. Daí, saíam para trabalhar, afastadas dos maridos, às vezes por dezenas de quilómetros. Labutando, toda a semana, lado a lado com outras mulheres (ou, até, com homens) de outras localidades.
Pessoas que, recorrentemente, tinham de reafirmar (alto e bom som) a sua fama de boas trabalhadoras; pois disso dependiam trabalho e salário.
Algumas, ainda, eram capatazas, habituadas a comandar grupos de trabalhadoras, servindo de porta-voz perante o feitor ou o proprietário, reivindicando remunerações ou condições de trabalho.
Pessoas de opiniões firmes e decididas, extrovertidas e assertivas; expressando e exigindo maior autonomia social.
Eram as mulheres do campo, camponesas morenas de corpo robusto e pêlo na venta, de sonoras gargalhadas e língua afiada, temperadas da geada e do calor da lezíria.
<b>
E até onde vai, afinal, essa autonomia?</b>
Não existe, aqui, uma inversão social, esclareça-se. O homem continua a ser o chefe de família e a exprimir, de forma algumas vezes pública e violenta, esse estatuto. Mas a relação com a mulher e os filhos sofre de inegáveis caracteres subversivos, expressos familiar e comunitariamente.
Digamos que a imposição dessa liderança é, neste caso, aceite menos pacificamente. O come e cala de tantas outras zonas do país é aqui, diversas vezes, substituído pelo, mais problemático, come, …e não cala!
<b>E de que maneira isso se refletia no dia-a-dia destas pessoas? </b>
Ao contrário do que emana da literatura regionalista, elevadora do homem ao tal papel de arquétipo regional (feito de virtudes várias e ausência de defeitos), pode dizer-se que a mulher ocupava, no Ribatejo, uma posição de género significativamente menos subordinada que noutras zonas do território nacional!
O seu papel é mais marcante, tanto social, como profissionalmente!
Proletária e jornaleira, a mesma emerge, aqui, das brumas de uma história local e regional (em grande parte por fazer), como disposta a liderar causas sociais e comunitárias diversas.
Por exemplo, enquanto rapariga, na reivindicação do direito a escolher o conjugue ou, como mulher, na relação com o padre e a Igreja. Nestas situações e noutras, a mulher reivindica condições de ação e opinião muito pouco comuns na tradicionalidade feminina portuguesa.
Nas atividades lúdicas, como as danças e os cantares, o seu papel surge significativamente valorizado. Tanto nas desgarradas (competições de improviso poético extremamente populares), como até em certas danças mais competitivas como o bailarico ou o fandango, parte considerável das rivalidades locais, explícitas ou implícitas, eram (ao contrário do que se pensou durante décadas), expressas numa perspectiva homem/mulher!
<b>Confirma-se, então, que a mulher também dançava o fandango?</b>
Naturalmente. De facto, não só parecem ter sido dançarinas espanholas que, no século XVIII, alimentaram especialmente a popularidade desta dança nos teatros lisboetas como, inclusive, disseminado já um pouco por todo o país, as descrições efetuadas por autores portugueses e estrangeiros, durante a segunda metade de setecentos, apresentam-no, quase sempre, como dançado entre homem e mulher, em pé de igualdade.
Mais recentemente (de fins do século XIX até aos nossos dias) e mesmo sem a realização de um qualquer estudo global, tanto os estudos monográficos locais como as pesquisas minimamente sustentáveis (a propósito ou não) desenvolvidas por diversos grupos do Ribatejo constituem, disso, prova cabal.
<b>Como se compreende, então, que muitas representações folclóricas só recentemente, tenham aceite a participação feminina?</b>
É que, dentro do contexto que falámos, a identificação mítica do fandango com o homem do Ribatejo, dotado este dos tais caracteres psíquicos excecionais de força, vigor, destemor e virilidade, tornava naturalmente interdita, à mulher, a partilha de valências de caráter que lhe eram atribuídas. A sublimação mítica idealizou, aliás, cenários pictóricos em que o campino, dançando o fandango, seduz e conquista a mulher; completamente rendida aos encantos do bailador.
Na verdade, esta interpretação; pelo carácter restritivo e determinista das complexidades da natureza humana, pelo papel estritamente passivo (e de alguma forma servil) da mulher e pela redução de um sentimento à mera avaliação de um desempenho artístico, constitui, em rigor, um autêntico disparate!
Não obstante, persistiu até hoje. E foi criando, contra todas as evidências, um insensato senso-comum.
<b>E porque é que nunca se percebeu isto?</b>
Essa é, afinal, a grande questão:
- Primeiro porque durante décadas ninguém estudou o Ribatejo. Nem sequer o próprio campino foi objeto de estudo. Pelo contrário, era apresentado, apenas, como um símbolo mítico regionalista: alguém que tinha nascido já adulto e montado: cavalgando, garbosamente, pela vastidão da lezíria.
Dito de outra maneira, o Ribatejo era o campino e, este, o “Homem do Ribatejo”. O fandango era sua dança. Os touros, o seu desígnio.
- E, convenhamos, quando nas décadas de oitenta/noventa isso foi sendo, em parte, ultrapassado, já tais questões de género não eram tão evidentes, O modelo laboral tradicional tinha-se já, em grande parte, transformado.
- Depois, ainda, porque os ranchos folclóricos, na sua grande parte, não possuem nem as capacidades técnicas nem sequer interesse especial no estudo das condições de género.
- E, finalmente, porque os mitos exercem uma ação desertificadora em seu redor. A mitificação positiva do homem arrastou, afinal, uma gradual mitificação negativa da mulher. E os mitos, após, implantados, são extremamente difíceis de extirpar.
<b>É muito grave se tal equívoco persistir no tempo?</b>
Bom, para já, é uma cedência ao erro e um atropelo à verdade.
Naturalmente injusto para os registos memoriais da mulher ribatejana; cuja vida constituía nesses tempos, isso sim, um paradigma épico de esforço e superação.
E, principalmente, não contribui em nada (muito pelo contrário) para melhor perceber a realidade social e cultural de género, no nosso país e nossa região.
Afinal, só amamos aquilo que conhecemos.
E só conhecemos aquilo a que damos suficiente importância, para o olhar com olhos de ver.
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-24134796043613961732018-10-22T04:59:00.000-07:002018-10-22T04:59:12.321-07:00Santos, causas e presciências
Por estranho que pareça à primeira vista, se existem, hoje, aspetos facilmente previsíveis são, com certeza, os respeitantes aos processos canónicos de santificação.
Principalmente, agora, que o Mundo se tornou global na sua perceção, mas uma aldeia na sua interação. Em que as conveniências canónicas obedecem a pressupostos universais e particularmente claros na adequação a evidentes imperativos canónicos e apostólicos.
Ou isso ou, então, deverei mesmo possuir insólitas capacidades premonitórias, até recentemente desconhecidas, que me têm permitido prever o futuro como qualquer profeta místico que se preze.
Desde a previsão da canonização rápida de João Paulo II (acontecida em 2014) que desenvolvi na obra “Videntes e confidentes: Um estudo sobre as aparições de Fátima”, editado em Abril de 2009.
Até à canonização de Francisco e Jacinta (em 2017), há décadas pendente pela funcionalidade devocional do Santuário: que sendo mariológico e universal, reporta (naturalmente) as solicitações de graças, diretamente, à Virgem Maria.
Afinal, João Paulo II foi um papa sofredor, alvo de atentados, oriundo do, à altura, ainda diabolizado Leste e que, convenhamos, de alguma forma, abriu a Igreja ao Mundo.
E no que concerne aos assim chamados “pastorinhos de Fátima”, tinha sido até admitido pela Igreja, o recurso, em última instância, a uma canonização mesmo sem o omnipresente milagre probatório. Excecionalidade, contudo, não necessária pois, após solicitação pública, logo se desencadeou (como aí tive, igualmente, oportunidade de prever) o ansiado milagre.
Afinal, os “pastorinhos”, tinham mesmo que ser rapidamente canonizados já que o processo de Lúcia (entretanto falecida) o exigia.
Porque Lúcia é a sustentação de Fátima.
As aparições são ela! E o desenvolvimento posterior dos factos, ainda mais!
Logo esta tinha de ser objeto de um processo particularmente rápido.
Por isso, tanto no livro “Foi a 13 de Maio na Cova da Iria”, editado em Março de 2017, como em entrevista concedida a um periódico regional em Janeiro do mesmo ano, tive oportunidade de afirmar que, a mesma, seria com certeza “canonizada em tempo recorde”.
Confesso, contudo, que não esperava recorde tão grande, como aquele que, recentemente, um periódico nacional revelava: mais de 1600 milagres; oriundos de cerca de uma vintena de países!
É obra!
Mais se informava, ainda, que as intervenções milagrosas se têm desenvolvido a uma média de 10 a 15 por mês!
Espera-se, aliás, que a mesma seja declarada “Venerável”, já em meados do próximo ano.
E eu a criticar a IURD por realizar “campanhas de milagres” com tempo e hora marcada!
Afinal, este é um processo de garantida promoção universal. Pela mediatização das intenções implícitas e até explícitas e pela globalidade interativa dos tempos modernos.
Chocante é, apesar de tudo, verificar o deserto taumatúrgico que envolveu Jacinta e Francisco, durante décadas; não resultando, daí, um simples milagre que se visse, em contraste com à enxurrada taumatúrgica “lucialina” em presença.
Afinal, Fátima pretende (naturalmente) perpetuar-se como o “grande altar do mundo” que é e, “Santa Lúcia” constitui, como é óbvio, vector determinante dessa estratégia.
E se os santos precisam tanto dos homens como, estes, deles (é a devoção humana, afinal, que os sustenta e vivifica), percebe-se assim, melhor, a manifesta desigualdade dos panteões celestes.
Seja como for, estes fluxos de santificação fatimitas ameaçam não ficar por aqui.
Pois o processo de beatificação do Cónego Formigão, iniciado em 2000 (e igualmente retardado por razões análogas às dos ditos “pastorinhos”) recebeu também, agora, um impulso determinante, com a concessão do atributo de “venerável” por parte do Papa Francisco.
E, também aqui, a sua concretização não deve tardar.
Aliás, o encarecido desejo manifestado na comunicação social por parte da Vice- postuladora da respetiva causa: “Temos grandes esperanças de que ocorra brevemente um milagre” corresponde, na prática, ao desencadear do mesmo. Que, a mimética, mais tarde ou mais cedo (provavelmente, mais cedo que mais tarde), proporcionará.
E como, pelos vistos, possuo as tais insuspeitáveis capacidades premonitórias posso, assim, garantir à citada Vice-postuladora que, após tão veemente anseio público manifestado, o ansiado milagre irá, naturalmente, “ocorrer”.
Esteja descansada.
Enfim, lá iremos ter, finalmente, um santo mais ou menos ribatejano.
Termine-se, a propósito, com uma simples reflexão acerca das diferentes naturezas estratégicas destes processos que geram afinal (como estamos vendo), taumaturgias tão dimensionalmente opostas!
Na verdade, enquanto alguns são fomentados e pressionados pela força da adesão das massas (expressa numa devoção crescente e assente em taumaturgias diversas) e aceites depois (ou não) pela Igreja, outros, como os aqui referidos, decorrem essencialmente de iniciativas e interesses eclesiásticos; revelando portanto, algumas vezes, dificuldades acrescidas na obtenção de milagres probatórios minimamente sustentáveis.
Sendo muitas vezes, necessário, um ligeiro empurrão.
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-90684413520060309872018-07-20T11:38:00.003-07:002018-07-20T11:38:39.789-07:00Tolerâncias e intolerâncias na Escola Multicultural
A coexistência de culturas, em sociedades cada vez mais pluriculturais (que exacerbados imperativos migratórios acarretam) é, hoje, ditada por imperativos de diferenciação económica entre países (de um fosso económico cada vez maior) e de facilidades de informação e deslocação planetárias.
Entretanto, vivemos numa sociedade que tende para a globalização, não só económica e comunicacional mas, ainda, de valores e de princípios, que tendem, cada vez mais, para universais e humanistas.
Mas, tender não é necessariamente chegar! Muito longe disso!
Diferenças étnicas subsistem, naturalmente: perenes em termos físicos e de mudança lenta em termos culturais. E assim irão continuar!
È, portanto imperioso, aprendermos a viver com grupos e indivíduos portadores de valores e costumes manifestamente diferentes dos nossos.
Na Sociedade e na Escola!
Transportando-nos isto à, assim denominada, “Escola Intercultural”, e à reflexão que se impõe sobre o racismo e a xenofobia, sobre a tolerância e a intolerância face ao “outro”, numa Escola que se quer verdadeiramente do século XXI.
E o primeiro aspeto que devemos ter em conta, é que se trata de uma problemática complexa; De complexas causas, de complexas motivações atuais e, naturalmente, de complexas, abrangentes e delicadas soluções.
Pressupostos de intolerância
Comecemos por nos debruçar sobre as estruturas subjacentes às atitudes de intolerância, tanto na sua componente cognitiva (como se sabe, em grande parte estereotipada), até à social (não menos importante) passando, igualmente, por uma vertente emocional omnipresente e, frequentemente, culpabilizadora.
Como se sabe, os estereótipos pressupõem uma simplificação da realidade social, simbolizando-a e tornando-a, funcionalmente, mais percetível e identificável.
Por exemplo, em termos de identificação dos grupos humanos, a estereotipação tende a entendê-los como de um indivíduo só se tratasse, sem reconhecer as, naturais diferenças (ou, mais rigorosamente as infinitas diferenças), das personalidades que os constituem.
O caso mais extremo desta categorização, pode ser exemplificado pelo pensamento dicotómico; isento de matizes e situações intermédias. São brancos ou pretos, bons ou maus, amigos ou inimigos, “nós” ou os “outros”.
Assim, um eventual estigma envolve todos os indivíduos do grupo considerado, não tendo em conta diferenças de idade, sexo, estatuto social, formação cultural ou quaisquer outras.
Correspondem a uma visão da realidade muitas vezes irracional (emotiva, se quisermos), mas com que deparamos frequentemente; e que, de alguma forma, envolve o nosso quotidiano.
Esta categorização bipartida leva-nos, depois, a identificar os outros por uma perceção simplista e arquétipa de um qualquer aspeto físico (principalmente) ou cultural, ignorando-se porém, de forma muitas vezes ostensiva, as restantes particularidades.
Tal atitude, discriminatória já, potencia-se depois, especialmente quando se funde com outros aspetos de carácter (por exemplo, quando o indivíduo pertence a um grupo com menor poder ou prestígio) ou emocionais: por exemplo, quando o mesmo indivíduo ou grupo são vistos como uma ameaça.
Ensaiemos, então, um esboço de síntese caracterológica das razões psicossociais que podem levar a incrementar estas visões discriminatórias, aumentado o risco da intolerância face aos outros.
- Centrar a nossa atenção nas diferenças entre nós e os outros, tende a exagerar tais diferenças em detrimento das semelhanças.
- A eclosão de dois fatores considerados potencialmente ou efetivamente negativos (por exemplo a chegada de emigrantes e o incremento da droga, da criminalidade ou até do desemprego) tende a relacionar os mesmos num contexto absoluto e linear de causa e efeito.
- Os próprios estereótipos guiam a nossa interpretação da realidade e criam memórias seletivas dos acontecimentos, o que dificulta a sua superação. Digamos que, os dados positivos são considerados como exceção, os negativos como prova!
- Finalmente, mesmo que venhamos a considerar positivamente um qualquer indivíduo doutro grupo/cultura, o estereótipo impede que generalizemos essa apreciação. Será visto, mais uma vez, como uma exceção.
Uma pessoa por quem temos estima, não porque,... mas,... apesar de!
Na verdade, grande parte da nossa intolerância resulta de situações essencialmente emocionais que, embora possamos dizer não resistiriam a uma simples análise metodológica, dominam e persistem, numa irracionalidade muitas vezes cega mas, nem por isso, menos eficaz!
Nós e os “Outros”
Por exemplo, os “bodes expiatórios”, decorrentes da culpabilização dos “Outros” face a situações vigentes de tensão e frustração ou, até, de instabilidade social ou económica. A história recente do Povo Judeu, numa Europa supostamente humanista, é bem paradigma, lamentável, de tal pressuposto.
A isto podemos juntar a necessidade de afirmação do “nosso grupo” face ao “outro”, ao estranho, reforçando a nossa coesão, mas igualmente o nosso estatuto interno e, obviamente a efetiva integração no mesmo.
E aqui, podemos dizer que existem dois vetores que tendem a potenciar esta atitude: por um lado o reforço da nossa identidade construída assim por oposição aos outros, por outro, a criação do inimigo externo, tornado assim ”bode expiatório” de todos os males e mais alguns.
Situação que não deixa sequer, muitas vezes, emergir a natural empatia e solidariedade para com o marginalizado e discriminado.
E, o mais paradoxal, é que nos baseamos numa perceção pretensamente ética, acreditando (querendo acreditar) que o outro é o único (ou principal) culpado da sua situação.
Deus ou a Natureza, determinismos ou fatalidades conjunturais, razões aleatórias ou pressupostos primevos, são vistos como causas explícitas e implícitas, que sustentam inferioridades evolutivas técnicas ou económicas, políticas ou sociais, justificadas assim e, supostamente fundamentadas, pela ausência ou menoridade de capacidades ou de conhecimentos considerados próprios de gente civilizada!
Entre outras coisas, isto descansa a nossa consciência!
São, portanto, atitudes deformadas da perceção da realidade que nos levam, muitas vezes, a encarar os outros como inferiores ou piores.
Deformações que resultam de manifestas expressões de interesse e solidariedade grupal, do desconhecimento, do horror à diferença, quantas vezes... do medo!
Atitudes preconceituosas, que servem, frequentemente, para legitimar diferenças grupais de estatuto e poder. Foi, aliás, considerando os escravos e os “selvagens” como “naturalmente inferiores”, que se justificaram durante séculos, genocídios e expropriações de bens, de territórios e, até, da própria dignidade humana.
A escola e a diferença
De tudo isto se deduz que não basta abrir as nossas escolas a outras culturas étnicas. Nem incluir elementos culturais que lhe são próprios, no currículo escolar.
Nem sequer (e dando já de barato o complexo de dificuldades associadas a esta estratégia) abrir a Escola à Sociedade em que esta está inserida.
É preciso tudo isso! Mas, convenhamos, bem mais do que isso!
È preciso que o docente seja mais que um papagueador do programa. Mais que um simples catalisador, mesmo que fluente, da transmissão do conteúdo programático aos discentes.
Que não se reduza a reconhecer a presença de outras realidades culturais na sala de aula. Que não as encare como expressões pitorescas de singularidades étnicas.
Que não as veja como variantes do modelo padrão existente entre nós.
Que não trate os seus portadores como uma espécie de atrações circenses, nem expresse, por eles, um paternalismo quantas vezes humilhante!
Mesmo que bem intencionado!
É preciso que esteja sensibilizado para a naturalidade da diferença, que o etnocentrismo tantas vezes subverte, implícita ou explicitamente.
Que veja na diferença não um obstáculo, mas um estímulo! Não uma contradição, mas um enriquecimento dos valores patrimoniais em presença!
Que perceba que as diferenças entre as culturas (que os diferentes grupos humanos veiculam), são profundamente influenciadas pelo contexto social e pela transitoriedade histórica. Por opções de progresso e por diferenças de oportunidade.
Que, por exemplo, já na África existiam grandes civilizações, capazes de erigir construções ciclópicas (consideradas hoje maravilhas do mundo), ainda os europeus corriam atrás de bisontes com machados de pedra!
Estará então dotado de condições psicossociais para vir a desenvolver mecanismos pedagógicos e vivenciais que permitam aos alunos tolerar melhor a incerteza (que é nossa companheira inseparável no mundo de hoje), de forma a fazer consolidar identidades em formação sem necessidade de o fazer contra quem quer que seja.
Promovendo e estimulando contactos intergrupais e interpessoais. De forma a descobrir que somos, ao mesmo tempo, iguais e diferentes: homens e mulheres, europeus e africanos, “gadjés” e ciganos, cristãos e muçulmanos, indivíduos com ou sem “necessidades especiais”.
Vivendo a tolerância como valor; nunca como obrigação. Mesmo que revestida do prestígio humanista contemporâneo.
Estará, então, em condições de ajudar a fazer de uma Escola com todos, uma Escola para todos. Ou, se quisermos, uma Escola de todos!
Assim lhe sejam fornecidas condições instrumentais, temporais e, principalmente, psicossociais. De que, hoje, tanto carecem.
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-82751060704568120832018-07-19T06:49:00.003-07:002018-07-19T06:49:34.144-07:00O Ano do Centenário
Terminou o Ano do Centenário. Com Papa e sem Papa, sucederam-se diversas iniciativas (cerimoniais ou não), bem como emergiu toda uma peculiar torrente editorial, aproveitando, afinal, a boleia do momento.
A grande maioria de um de dois tipos: os apologéticos e confessionais: envolvendo, às vezes, a apreciação histórica e a contribuição papal e os pseudo memoriais; recolhendo testemunhos de personagens mais ou menos relevantes da sociedade portuguesa; estratégia, afinal, sempre eficaz.
Congressos, simpósios e produções audiovisuais, ensaiaram supostos contraditórios. Suficientes, para relevar diferenças. Insuficientes, para constituírem opção conclusiva.
Estudos, percecionando os factos nucleares disponíveis e conhecidos enquanto meros dados de pesquisa, contam-se pelos dedos de uma mão. E,… ainda sobram dedos!
Mesmo assim constituíram uma singularidade mais ou menos insólita.
Dir-se-á, portanto que, também por isto, alguns factos se vão tornando menos interditos. Algumas análises, menos constrangidas. Algumas conclusões, menos estigmatizadas.
Sintetizemos então, à guisa de reflexão, os traços básicos de uma fatimologia atual que, apesar de tudo, vai adquirindo traços mais claros; enquanto dicotomia mais ou menos interativa entre o objetivo facto científico e o subjetivo dado de fé.
- Aparições como a de Fátima constituem fenómenos bem mais frequentes do que é suposto à primeira vista.
- Afinal, em alturas particularmente difíceis, as súplicas tornam-se especialmente fervorosas e as relações entre Deus e os Homens tendem a assumir um carácter direto e imediato.
- Estabelece-se, assim, um atalho na relação com a esfera do Divino. E a intermediação clerical torna-se dispensável.
– No caso de Fátima, a conflitualidade entre o Governo da República e a Igreja foi o principal fator que despoletou os fenómenos.
- Assente, este, em propícias condições socioculturais e na existência de potenciais videntes; possuidores de marcantes propensões alucinatórias.
- Videntes que participam, sempre, de especiais idiossincrasias. Sentem-se como “escolhidos” por Deus; seus “mensageiros na Terra”.
- São muitas vezes pessoas simples, de formação cultural baixa, emotivos e impressionáveis, levando uma existência dura e boçal, quantas vezes sofrida, sem perspectivas de melhoria.
- Para eles o mundo é palco de uma luta entre o bem e o mal. Luta perpétua, em que o mal confere, de alguma forma, sentido ao bem e um importante desígnio ao respetivo sofrimento.
- A aparição proporciona-lhes uma importante rutura com o quotidiano. Que os resgata à banalidade prosaica da sua existência e confere uma razão de ser à mesma. Tornam-se a mão direita de Deus. Representantes, na Terra, dos interesses do Céu.
- São quase sempre sinceros e convictos da “sua” verdade (por mais delirante que seja) e mesmo que os faça sofrer. Quando, não, buscando mesmo o soteriológico sofrimento.
- A inclusão de confidências e “segredos” transforma-os em confidentes da divindade.
- Neste caso, só Lúcia é vidente e confidente. As aparições são ela!
– À semelhança de La Salette e Lurdes, no princípio Fátima constitui um acontecimento meramente popular e local.
- As conversas, extremamente prosaicas (próprias da idade de Lúcia), são meramente locais; a preocupação com a Guerra, as mortes e as doenças de vizinhos e conhecidos.
- Afinal, trata-se de crianças; em que o real e o simbólico de uma teologia necessariamente prosaica, se confundem em inconsciente simbiose.
- Fátima partilha, aliás, de um modelo usual à época: crianças, pastoras, local ermo, dureza de vida, acidente geofísico, construção de um templo, milagre probatório: nascente milagrosa, prodígio do sol, curas sobrenaturais.
- Entre diversos outros temas, nem o “Anjo”, nem o “Imaculado Coração de Maria”, nem as referências à Rússia, nem sequer os famosos “Três Segredos”, constam dos testemunhos primevos.
- O usual, nestes fenómenos é a rejeição por parte da Igreja. Pois, os mesmos, dispensam e menorizam o papel de intermediários dos sacerdotes.
- Na verdade, aceitar que Deus resolve atalhar a sua comunicação com os Homens escolhendo, para tal, uma criança ou um personagem banal (quantas vezes simplório), não é fácil.
- Daí, também, a desconfiança do Pároco de Fátima. E do Cardeal Mendes Belo. Percebe-se, contudo, desde o início, uma atitude de abertura/apoio de alguns clérigos (como o Cônego Formigão) de especial influência na Região.
- Entre 1917 e 1920/1 o processo mantêm-se como que em suspenso; esperando-se tempos mais favoráveis. A partir daí, tudo começa a mudar.
- A morte de dois dos videntes e a colocação, na recriada Diocese de Leiria, de um bispo especialmente devoto do marianismo, criam as condições determinantes que levarão à implementação do Santuário.
- Tal como aconteceu com Lúcia, a colocação dos videntes a recato é, nestes casos, condição necessária ao gradual reconhecimento.
- As configurações das entidades manifestadas neste tipo de fenómenos são modeladas pelas particularidades etno-culturais em presença. Refletem os modelos estereotipados que imagens e gravuras iconográficas apresentam em templos ou publicações mais ou menos catecúmenas.
– Também as linguagens e preocupações demonstradas pela “Senhora” são, naturalmente, aquelas que uma criança daquele tempo, daquela idade e daquele lugar, poderia conceber.
- Podemos dizer que os testemunhos primevos, são aqui especialmente prosaicos, breves, frios e de uma confrangedora falta de assunto. Tudo se resume “à Guerra” e ao desagravo pelos “pecados do mundo”.
– As profecias sagradas são, quase sempre, contingentes, eventuais ou controladas pelo profeta. Ou, até, constituindo revelações posteriores ao acontecimento. O que não aconteceu, de todo, em Fátima, com a profecia, falhada, do “fim da guerra”.
– Os fenómenos de rotação solar são parte integrante da nossa tradição popular. Acreditando-se, por exemplo, que ocorrem ciclicamente em alturas especiais do ano; como as alvoradas do dia de São João, de Natal ou do 1º de Maio.
- São condição de especificidades atmosféricas que, pela sua singularidade (vista como prodigiosa) e pelo frenético misticismo em presença surge, quase sempre, associadas a estes fenómenos.
- Após década e meia de completo isolamento Lúcia, em 1936, estava convencida que Fátima tinha acabado.
– Contudo, passado que foi o tempo de criação material do santuário, estavam criadas as condições para a necessária adequação e elaboração dos testemunhos a que alguns chamaram Fátima II.
- Deste modo logo, a mesma, se tornará alvo de sucessivos pedidos; solicitando-lhe novas versões dos testemunhos, bem como reconversões dos respetivos contextos sociais e familiares.
– As “Memórias de Lúcia” constituirão, assim, um processo dirigido e controlado de adequação (reformulação, adição e, aqui e ali, omissão) dos testemunhos primevos. Transformando textos prosaicos e simplórios, em extensos e eruditos escritos doutrinários
- Criar-se-ão os famosos “Segredos”, as referências ao Imaculado Coração de Maria e Sagrado Coração de Jesus e uma singular multiplicação dos fenómenos de vidência pré e, principalmente, pós 1917.
- O nacionalismo que o culto desenvolveu no santuário, há-de promover e catalisar o, algo surreal, “Anjo de Portugal”.
– Fátima tornar-se-á, entretanto, um santuário institucional controlado, em que o lúdico/subversivo popular (tão comum às romarias portuguesas) foi combatido desde muito cedo
– Transformar-se-á, gradualmente no, hoje tão badalado, grande “altar do mundo”. Dando corpo à consagração do domínio do marianismo na Igreja.
- Tornando-se importante fenómeno global; tanto social, como económico e turístico.
- Afinal os santos, tal como os deuses, precisam tanto de nós como nós deles. A sua importância, é resultado, direto e proporcional, das respetivas devoções.
– Fátima é, assim, o aproveitamento (em condições propícias) de um fenómeno hierofânico várias vezes verificado e repetido em diversos tempos, com diversas configurações e em diversificados cenários estruturais e conjunturais
Esclareça-se, finalmente, que ao contrário do que alguns sustentam, não são conhecidos dados minimamente sustentáveis que indiciem a existência de uma potencial fraude: entenda-se algo construído, desde o início, com o propósito prévio e consciente de enganar.
AAurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-12655797936804856432018-07-19T06:47:00.005-07:002018-07-19T06:47:30.516-07:00Iria, Deusa das Águas
É por demais conhecida a lenda da mártir Iria, jovem e formosa, alvo de lascivos e doentios desejos, vilmente assassinada e lançada às águas, que a transportaram carinhosamente nos braços até fundear frente a Scálabis, onde permanece ainda hoje num ignoto (mas, por isso mesmo, ainda mais maravilhoso) túmulo de alabastro, construído, com certeza, pelas potências celestes e escondido do mundo pelas águas protetoras do Tejo.
Resistindo a todos os esforços para a deslocar, a mesma manifestou assim, de forma indubitável, o desejo de aí continuar, justificando portanto, em sua honra, a renomeação da velha urbe, de Scálabis para Santa Iria ou Santa Irene.
Igualmente em sua honra, diz ainda a lenda, D. Dinis mandou erguer sobre o túmulo (pela última vez mostrado, a rogo da “Rainha Santa”) um consagratório padrão que, dois séculos e meio depois, a Câmara de Santarém terá mandado revestir de cantaria, colocando no seu topo a “imagem” da Santa, ainda hoje, aí, alvo de devoção popular.
Dela, diz a crença popular, que se as águas das cheias alguma vez lhe chegarem aos pés... o mundo acabará!
Na verdade, enquanto simbólica de todas as hilogenias, a imersão equivale no plano humano à morte e, no plano cósmico, ao dilúvio, que dissolve periodicamente o mundo no oceano primordial.
Faceta que é, afinal, de uma natureza imprevisível. Uma faceta violenta e radical, com certeza, mas que "não destrói senão as formas esgotadas e consumidas".
Na verdade, a imersão não corresponde, nunca, a uma extinção definitiva: apenas a uma reintegração passageira no indiferenciado, à qual se sucede, inevitavelmente, uma nova existência; seja biológica, seja virtual ou soteriológica.
Pois a cada uma destas destruições de uma velha realidade, segue-se sempre um novo período, uma nova era, um novo Homem!
Porque o “novo” provém do “velho” e a sua eclosão pressupõe a morte prévia do degenerado, do desgastado.
As lendas diluvianas consubstanciam, portanto, a essência mítica da regeneração cíclica, modelo de revitalização das energias cósmicas, que o regresso ritual e cíclico ao limbo primordial permite acontecer.
Princípio do aleatório, as águas precedem a criação, reintegrando-a depois periodicamente por absorção, fundindo-a temporariamente no caos niilista, donde há-de emergir renovada; entenda-se recriada.
Desintegrando as formas, abolem a história (isto é o passado) possuindo deste modo as virtudes do esquecimento e capacidades de purificação e renascimento.
Quem delas emerge, transforma-se numa nova entidade; pura, isenta de pecados, rejuvenescida.
Ciclicamente, como acontece no batismo! Ou de uma forma mais perene e prolongada.
A imersão mítica e dramática de Iria irá dotá-la, portanto, de uma nova natureza; renascendo numa outra dimensão, próxima, agora, da esfera do divino!
Resultando de um drama de inimaginável violência (assim se potenciando a intensidade energética própria dos tempos de transição), esta adquire os atributos de uma divindade das águas, logo da regeneração e da fertilidade, naturalmente dos campos e da agricultura.
Preside e regula as “cheias” que ciclicamente arrasam os campos e os fertilizam, que destroem e criam, num contexto operatório e, inclusive catársico, da morte/renascimento.
Aliás, as antigas divindades da agricultura ou da fertilidade (como Cibele, Afrodite, Deméter, Atenas ou Prosérpina) com as valências lunares fortemente ligadas, presidiam quase sempre aos ciclos vitais da natureza e deste modo, aos grandes mecanismos do devir cósmico, muitas vezes cataclísmicos, algumas vezes apocalípticos.
Outras como Tétis ou Nereu, Escamandro ou Aqueloo, constituíam verdadeiras divindades das águas; dos rios, das fontes, dos lagos.
Mas serão as ninfas (chame-se-lhes nereides, náiades, tágides, sereias ou ondinas) divindade menores e mais próximas de uma dimensão popular, que neste contexto serão consideradas como particularmente perigosas, já que seduzem e iludem com cantares enganadores (tanto adultos, como crianças), os quais arrastam irresistivelmente para si e levam, inexoravelmente, à morte.
Situação a que não serão alheias, com certeza, as tradicionais mortes por afogamento (noutros tempos bem mais frequentes) em rios, poços e lagos. Em que remoinhos e lodos sugavam corpos e membros e emaranhados de trancos depositados nos fundos se agarravam aos pés quando, aflitiva e desesperadamente, se lutava por vir à superfície.
Seja como for, na intensa simbologia das epifanias das águas que os mais diversificados mitos cosmogónicos deram corpo (e os batismos cristianizaram) todas estas divindades nascem das águas onde, aliás, permanecem usualmentes.
Também Iria imerge e posteriormente emerge das águas, junto a Santarém, desta forma não só optando por uma tutorização primeva, que tempos posteriores diluíram, mas igualmente renascendo; agora já como potestade meteorológica.
Assim, a santa mártir, cujo drama existencial potencia a regeneração, adquire atributos de imortalidade por transubstanciação: diluída nas águas, com estas se funde, numa supressão de formas e lembranças.
Desumaniza-se. Torna-se divina!
Transforma-se, assim, num elemental das águas, qual “ondina”, eterna e intemporal, supostamente benéfica na dimensão assumida de divinização cristã.
Afinal, o tal túmulo de alabastro, pode ser visto como a perspetivação da residência aquífera de uma divindade cristã que, sob as águas repousa, mas que, como todos os santos e santas, se mantem viva e atuante.
Neste caso, aliás (como acontece igualmente, por exemplo, com São Torcato ou São Gonçalo), numa dupla e evidente valência; enquanto “imagem” e foco devocional e enquanto corpo/relíquia; que nem por ser existencialmente mítico e ignoto perde, afinal, a sua dimensão arcana e operativa.
Mesmo que não se manifeste! Não se revele em episódios mais ou menos hierofânicos.
Mesmo quando contingências de uma vivência fluvial, pouco impetuosa, vão deixando o pedestal fora do leito do rio.
Apesar de tudo, está lá. Vigilante.
Respondendo aos milenares apelos das populações ribeirinhas na apaziguação dos impulsos, quantas vezes violentos, de uma natureza nem sempre serena e aprazível!
E embora virada de frente para a cidade que escolheu tutorizar e em grande parte a ignora, Iria, Senhora das Águas, é vista pelas populações como catalisando, ainda, a fertilidade dos campos que as cheias cíclicas fertilizam, mas impedindo as mesmas de assumirem, afinal, contornos catastróficos.
Marca, assim, os limites da regularidade, a partir do qual o caos impõe a sua vontade. Assinalando, em última instância, o fim de uma Era e, o sequente, início de outra.
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-55697806776862714042018-07-19T06:18:00.002-07:002018-07-19T06:18:50.270-07:00O Solstício de Verão
Numa perspectiva hierofânica que sobrevivências simbólicas e vestígios cultuais permitem ainda perceber nos nossos dias, poder-se-á dizer que o Sol tem sido, na tradição mediterrânea, identificado com ao princípio masculino e com a simbologia do pai e patriarca.
Dele emana o poder fecundante, bem como um princípio da autoridade a este intimamente ligado.
Mas o Sol é uma potência multifacetada; de diversificadas valências que muitas vezes surgem, até, como ambivalentes. Fecundador da terra, logo símbolo da fertilidade e potência viril. Divindade da luz, logo dador de conhecimento. Caminhante diurno e incansável, deus da beleza, facultador da harmonia e senhor do fogo. É ele que cíclica e quotidianamente imerge no mundo subterrâneo; logo é visitante assíduo do “inferno”, tornando-se assim guia dos mortos!
Austero na sua impassibilidade, terrível na sua flamejante energia, os seus vestígios cultuais encontram-se hoje, especialmente, associados às tradições festivas do Natal e dos Santos Populares que herdaram a temporalidade cósmica dos solstícios.
É aí, em manifestações de origem pré-cristã como as “fogueiras” ou os “lumes novos”, o “cepo de natal” ou a “missa do galo”, que se perpetuam os símbolos arcaicos das antigas teofanias solares!
Aliás, o canto do galo marca, à meia-noite, a inflexão solar própria destes tempos. Assinala em apoteose o fim do período das trevas e da dominância das criaturas do caos e anuncia a luz que a alvorada há-de trazer!
E ai! Se o galo canta
Que á fatal hora, encantos quebrou
E o poder lhes acaba!
Pois estas são as épocas anuais em que o Sol atinge o seu clímax de vitalidade ou, pelo contrário, o seu estádio mais baixo de entrópica degeneração.
Marcam, assim, tempos críticos de inversão de tendências que ameaçam perpetuar-se.
Tempos do fim e do princípio do domínio solar; do tempo que o mesmo consubstancia e das coisas a que dá existência.
Apoteose da vida
Por isso, na noite dita de São João o prodígio, acredita-se, envolve tudo e todos. O maravilhoso domina. O impossível acontece.
É este um tempo divinatório em que, por todo o país, se “deitavam as sortes”; seculares fórmulas adivinhatórias respeitantes ao amor e ao casamento, bem como proliferavam as crenças e práticas difusoras e propiciatórias respeitantes à fertilidade humana e da natureza.
São as alcachofras, a erva-pinheira e o manjerico mas, igualmente, as “sortes do bochecho”, do “chumbo derretido” ou da “gema de ovo”!
Saltar às fogueiras fomenta nesta altura a fertilidade, acredita-se por toda a Europa. Defumar as casas, purifica e esconjura dos malefícios e “coisas ruins”.
Num tempo, afinal, em que por todo o lado proliferavam práticas diversas, tendentes a fertilizar pessoas, campos e animais.
Comemora-se aí, deste modo, o apogeu criativo de uma natureza grávida de vida.
O comportamento do astro-rei impregna aqui, o lendário popular, de um paradigma de prodígio cósmico e senciente!
Sob o seu signo emergem, neste tempo, hierofanias diversas que o imaginário popular perpetua. Acreditava-se, por exemplo, em muitas zonas do país, que o Sol, ao nascer, “dava três voltas” ou “vinha a dançar”.
Um pouco por todo o norte da Europa são erguidos mastros nos campos. Em seu redor dança-se, canta-se e bebe-se, durante toda a noite. Os mais jovens desencadeiam perseguições amorosas. Assim se aguarda, em orgiástica alegria, pelo nascer do dia!
Também no nosso país as fogueiras dos Santos Populares constituem iniciativas comunitárias, festivas e sedutoras. Festas em que os jovens desempenham o papel dominante, também aqui se queimava ritualmente (normalmente à meia-noite), uma estaca ou uma árvore a que se chamava “mastro”, “carvalho” ou “pinheiro de São João”.
Queimava-se, muitas vezes ainda, uma figura antropomorfa, feita de roupas velhas e trapos e recheada de palha. Onde se colocavam, quase sempre, bombas.
Ora a noite de São João emerge destes tempos como a misteriosa “noite dos amores”; estimuladora de comportamentos sedutores e sensuais que as diligentes restrições cristãs de séculos não conseguiram, totalmente, erradicar.
Por isso as divindades aqui festejadas (São João, Santo António e São Pedro) são vistas, popularmente, como “casamenteiras”. Repletas de um caráter lúbrico e sedutor que impregna todo este tempo.
No caso de São João e Santo António, encarados como autênticos “rabos de saia”.
Verifica-se, aliás, uma singular homogeneidade nos complexos simbólicos que persistiram através de séculos de particular intolerância.
Por toda a Europa este é ainda um tempo sagrado em que o orvalho é “benfazejo” e o “benfazejo” sinónimo de virtuoso! As ervas têm virtude, a água purifica e renova, o fogo fertiliza!
Fogos, fumos, orvalhos, ervas, flores e águas, bebendo do sagrado primordial, ligam-se a práticas propiciatórias diversas.
Danças e cantos, interligam-se com corridas equestres e “cavalhadas” em que o cavalo assume uma função simbólica dominante.
Atitudes de subversão emergem em profusão; próprias de um tempo de rotura com um quotidiano, obrigatoriamente, habitual e disciplinado.
Pois este é o “tempo entre os tempos”, onde impera a desordem e a licenciosidade.
E neste complexo simbólico São João irá ser identificado com a hierofania pagã da manifestação solar.
Pois se Jesus, “o Novo Sol”, é feito nascer a 24 de Dezembro (numa estratégia apropriadora do Natal de Mitra) João, o Batista, é colocado seis meses antes; de acordo com a temporalidade solsticial.
É por isso que o Santo é visto muitas vezes como representando o astro diurno. É o precursor. A grande luz!
Enfim, outras maneiras de entender o Mundo.
Com uma natureza inevitavelmente sagrada e, um cosmos desejavelmente inteligível, inevitavelmente, relacionadas.
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-85873522557443073732018-07-19T06:17:00.002-07:002018-07-19T06:17:13.891-07:00A MULHER DO RIBATEJO : MITOS E EQUíVOCOS
Pode-se dizer-se que, tradicionalmente, o papel social da mulher do Ribatejo tem sido objeto de vários equívocos?
- O equívoco, afinal, é só um: o de que os carateres de personalidade próprios da mulher ribatejana, que a tradição consagra, eram particularmente humildes e subservientes.
Daí decorre, depois, todo um conjunto de erróneas implicações sociais e até culturais.
Na verdade, não só tal configuração psicossocial não corresponde à realidade, como a mesma se nos revela aqui, pelo contrário, uma personagem bem mais autónoma e afirmativa; se comparada com a mulher de outras regiões.
E, arriscar-me ia a dizer, com a mulher das outras regiões!
Mas, se é assim, como se chegou aí?
Digamos que a suposta subserviência da mulher ribatejana surge como contraponto à utilização exacerbada do “mito do campino” e decorre das supostas virilidades e destemores do “homem do Ribatejo” consubstanciado este, precisamente, na figura do campino.
E se o campino foi elevado a arquétipo ribatejano no contexto dos arquétipos regionais que o Estado Novo promoveu como expressão sublimada das virtudes da raça (e, no seu caso, como símbolo do cavaleiro português de antanho que garantiu a independência nacional nos momentos difíceis de afirmação nacionalista), ao mesmo foram-lhe imputadas diversas e elevadas qualidades e virtudes que, gradualmente, se foram mitificando.
E se, como diz o povo, “só pode haver um galo numa capoeira”, o estatuto da mulher irá sofrer por arrastamento inverso. Virá, então, a ser encarada como alguém particularmente passivo e obediente. Situação, que convenhamos, não correspondia, de todo, à realidade existente.
Como poderíamos então, em termos de estatuto social, caracterizar a mulher do Ribatejo?
Esclareça-se que falamos, essencialmente, das “mulheres do campo” que, durante séculos, marcaram, social e laboralmente, toda a região; nomeadamente o Vale do Tejo a que, em tempos passados, se chamava Borda d´Água.
Trabalhadoras jornaleiras, como o homem. Que, como este, tinham a sua praça todas as semanas, onde iam vender a sua força de trabalho.
Aí, discutiam preços e condições com capatazes e proprietários. Daí, saíam para trabalhar, afastadas dos maridos, às vezes por dezenas de quilómetros. Labutando, toda a semana, lado a lado com outras mulheres (ou, até, com homens) de outras localidades.
Pessoas que, recorrentemente, tinham de reafirmar (alto e bom som) a sua fama de boas trabalhadoras; pois disso dependiam trabalho e salário.
Algumas, ainda, eram capatazas, habituadas a comandar grupos de trabalhadoras, servindo de porta-voz perante o feitor ou o proprietário, reivindicando remunerações ou condições de trabalho.
Pessoas de opiniões firmes e decididas, extrovertidas e assertivas; expressando e exigindo maior autonomia social.
Eram as mulheres do campo, camponesas morenas de corpo robusto e pêlo na venta, de sonoras gargalhadas e língua afiada, temperadas da geada e do calor da lezíria.
E até onde vai, afinal, essa autonomia?
Não existe, aqui, uma inversão social, esclareça-se. O homem continua a ser o chefe de família e a exprimir, de forma algumas vezes pública e violenta, esse estatuto. Mas a relação com a mulher e os filhos sofre de inegáveis caracteres subversivos, expressos familiar e comunitariamente.
Digamos que a imposição dessa liderança é, neste caso, aceite menos pacificamente. O come e cala de tantas outras zonas do país é aqui, diversas vezes, substituído pelo, mais problemático, come, …e não cala!
E de que maneira isso se refletia no dia-a-dia destas pessoas?
Ao contrário do que emana da literatura regionalista, elevadora do homem ao tal papel de arquétipo regional (feito de virtudes várias e ausência de defeitos), pode dizer-se que a mulher ocupava, no Ribatejo, uma posição de género significativamente menos subordinada que noutras zonas do território nacional!
O seu papel é mais marcante, tanto social, como profissionalmente!
Proletária e jornaleira, a mesma emerge, aqui, das brumas de uma história local e regional (em grande parte por fazer), como disposta a liderar causas sociais e comunitárias diversas.
Por exemplo, enquanto rapariga, na reivindicação do direito a escolher o conjugue ou, como mulher, na relação com o padre e a Igreja. Nestas situações e noutras, a mulher reivindica condições de ação e opinião muito pouco comuns na tradicionalidade feminina portuguesa.
Nas atividades lúdicas, como as danças e os cantares, o seu papel surge significativamente valorizado. Tanto nas desgarradas (competições de improviso poético extremamente populares), como até em certas danças mais competitivas como o bailarico ou o fandango, parte considerável das rivalidades locais, explícitas ou implícitas, eram (ao contrário do que se pensou durante décadas), expressas numa perspectiva homem/mulher!
Confirma-se, então, que a mulher também dançava o fandango?
Naturalmente. De facto, não só parecem ter sido dançarinas espanholas que, no século XVIII, alimentaram especialmente a popularidade desta dança nos teatros lisboetas como, inclusive, disseminado já um pouco por todo o país, as descrições efetuadas por autores portugueses e estrangeiros, durante a segunda metade de setecentos, apresentam-no, quase sempre, como dançado entre homem e mulher, em pé de igualdade.
Mais recentemente (de fins do século XIX até aos nossos dias) e mesmo sem a realização de um qualquer estudo global, tanto os estudos monográficos locais como as pesquisas minimamente sustentáveis (a propósito ou não) desenvolvidas por diversos grupos do Ribatejo constituem, disso, prova cabal.
Como se compreende, então, que muitas representações folclóricas só recentemente, tenham aceite a participação feminina?
É que, dentro do contexto que falámos, a identificação mítica do fandango com o homem do Ribatejo, dotado este dos tais caracteres psíquicos excecionais de força, vigor, destemor e virilidade, tornava naturalmente interdita, à mulher, a partilha de valências de caráter que lhe eram atribuídas. A sublimação mítica idealizou, aliás, cenários pictóricos em que o campino, dançando o fandango, seduz e conquista a mulher; completamente rendida aos encantos do bailador.
Na verdade, esta interpretação; pelo carácter restritivo e determinista das complexidades da natureza humana, pelo papel estritamente passivo (e de alguma forma servil) da mulher e pela redução de um sentimento à mera avaliação de um desempenho artístico, constitui, em rigor, um autêntico disparate!
Não obstante, persistiu até hoje. E foi criando, contra todas as evidências, um insensato senso-comum.
E porque é que nunca se percebeu isto?
Essa é, afinal, a grande questão:
- Primeiro porque durante décadas ninguém estudou o Ribatejo. Nem sequer o próprio campino foi objeto de estudo. Pelo contrário, era apresentado, apenas, como um símbolo mítico regionalista: alguém que tinha nascido já adulto e montado: cavalgando, garbosamente, pela vastidão da lezíria.
Dito de outra maneira, o Ribatejo era o campino e, este, o “Homem do Ribatejo”. O fandango era sua dança. Os touros, o seu desígnio.
- E, convenhamos, quando nas décadas de oitenta/noventa isso foi sendo, em parte, ultrapassado, já tais questões de género não eram tão evidentes, O modelo laboral tradicional tinha-se já, em grande parte, transformado.
- Depois, ainda, porque os ranchos folclóricos, na sua grande parte, não possuem nem as capacidades técnicas nem sequer interesse especial no estudo das condições de género.
- E, finalmente, porque os mitos exercem uma ação desertificadora em seu redor. A mitificação positiva do homem arrastou, afinal, uma gradual mitificação negativa da mulher. E os mitos, após, implantados, são extremamente difíceis de extirpar.
É muito grave se tal equívoco persistir no tempo?
Bom, para já, é uma cedência ao erro e um atropelo à verdade.
Naturalmente injusto para os registos memoriais da mulher ribatejana; cuja vida constituía nesses tempos, isso sim, um paradigma épico de esforço e superação.
E, principalmente, não contribui em nada (muito pelo contrário) para melhor perceber a realidade social e cultural de género, no nosso país e nossa região.
Afinal, só amamos aquilo que conhecemos.
E só conhecemos aquilo a que damos suficiente importância, para o olhar com olhos de ver.
Pode-se dizer-se que, tradicionalmente, o papel social da mulher do Ribatejo tem sido objeto de vários equívocos?
- O equívoco, afinal, é só um: o de que os carateres de personalidade próprios da mulher ribatejana, que a tradição consagra, eram particularmente humildes e subservientes.
Daí decorre, depois, todo um conjunto de erróneas implicações sociais e até culturais.
Na verdade, não só tal configuração psicossocial não corresponde à realidade, como a mesma se nos revela aqui, pelo contrário, uma personagem bem mais autónoma e afirmativa; se comparada com a mulher de outras regiões.
E, arriscar-me ia a dizer, com a mulher das outras regiões!
Mas, se é assim, como se chegou aí?
Digamos que a suposta subserviência da mulher ribatejana surge como contraponto à utilização exacerbada do “mito do campino” e decorre das supostas virilidades e destemores do “homem do Ribatejo” consubstanciado este, precisamente, na figura do campino.
E se o campino foi elevado a arquétipo ribatejano no contexto dos arquétipos regionais que o Estado Novo promoveu como expressão sublimada das virtudes da raça (e, no seu caso, como símbolo do cavaleiro português de antanho que garantiu a independência nacional nos momentos difíceis de afirmação nacionalista), ao mesmo foram-lhe imputadas diversas e elevadas qualidades e virtudes que, gradualmente, se foram mitificando.
E se, como diz o povo, “só pode haver um galo numa capoeira”, o estatuto da mulher irá sofrer por arrastamento inverso. Virá, então, a ser encarada como alguém particularmente passivo e obediente. Situação, que convenhamos, não correspondia, de todo, à realidade existente.
Como poderíamos então, em termos de estatuto social, caracterizar a mulher do Ribatejo?
Esclareça-se que falamos, essencialmente, das “mulheres do campo” que, durante séculos, marcaram, social e laboralmente, toda a região; nomeadamente o Vale do Tejo a que, em tempos passados, se chamava Borda d´Água.
Trabalhadoras jornaleiras, como o homem. Que, como este, tinham a sua praça todas as semanas, onde iam vender a sua força de trabalho.
Aí, discutiam preços e condições com capatazes e proprietários. Daí, saíam para trabalhar, afastadas dos maridos, às vezes por dezenas de quilómetros. Labutando, toda a semana, lado a lado com outras mulheres (ou, até, com homens) de outras localidades.
Pessoas que, recorrentemente, tinham de reafirmar (alto e bom som) a sua fama de boas trabalhadoras; pois disso dependiam trabalho e salário.
Algumas, ainda, eram capatazas, habituadas a comandar grupos de trabalhadoras, servindo de porta-voz perante o feitor ou o proprietário, reivindicando remunerações ou condições de trabalho.
Pessoas de opiniões firmes e decididas, extrovertidas e assertivas; expressando e exigindo maior autonomia social.
Eram as mulheres do campo, camponesas morenas de corpo robusto e pêlo na venta, de sonoras gargalhadas e língua afiada, temperadas da geada e do calor da lezíria.
E até onde vai, afinal, essa autonomia?
Não existe, aqui, uma inversão social, esclareça-se. O homem continua a ser o chefe de família e a exprimir, de forma algumas vezes pública e violenta, esse estatuto. Mas a relação com a mulher e os filhos sofre de inegáveis caracteres subversivos, expressos familiar e comunitariamente.
Digamos que a imposição dessa liderança é, neste caso, aceite menos pacificamente. O come e cala de tantas outras zonas do país é aqui, diversas vezes, substituído pelo, mais problemático, come, …e não cala!
E de que maneira isso se refletia no dia-a-dia destas pessoas?
Ao contrário do que emana da literatura regionalista, elevadora do homem ao tal papel de arquétipo regional (feito de virtudes várias e ausência de defeitos), pode dizer-se que a mulher ocupava, no Ribatejo, uma posição de género significativamente menos subordinada que noutras zonas do território nacional!
O seu papel é mais marcante, tanto social, como profissionalmente!
Proletária e jornaleira, a mesma emerge, aqui, das brumas de uma história local e regional (em grande parte por fazer), como disposta a liderar causas sociais e comunitárias diversas.
Por exemplo, enquanto rapariga, na reivindicação do direito a escolher o conjugue ou, como mulher, na relação com o padre e a Igreja. Nestas situações e noutras, a mulher reivindica condições de ação e opinião muito pouco comuns na tradicionalidade feminina portuguesa.
Nas atividades lúdicas, como as danças e os cantares, o seu papel surge significativamente valorizado. Tanto nas desgarradas (competições de improviso poético extremamente populares), como até em certas danças mais competitivas como o bailarico ou o fandango, parte considerável das rivalidades locais, explícitas ou implícitas, eram (ao contrário do que se pensou durante décadas), expressas numa perspectiva homem/mulher!
Confirma-se, então, que a mulher também dançava o fandango?
Naturalmente. De facto, não só parecem ter sido dançarinas espanholas que, no século XVIII, alimentaram especialmente a popularidade desta dança nos teatros lisboetas como, inclusive, disseminado já um pouco por todo o país, as descrições efetuadas por autores portugueses e estrangeiros, durante a segunda metade de setecentos, apresentam-no, quase sempre, como dançado entre homem e mulher, em pé de igualdade.
Mais recentemente (de fins do século XIX até aos nossos dias) e mesmo sem a realização de um qualquer estudo global, tanto os estudos monográficos locais como as pesquisas minimamente sustentáveis (a propósito ou não) desenvolvidas por diversos grupos do Ribatejo constituem, disso, prova cabal.
Como se compreende, então, que muitas representações folclóricas só recentemente, tenham aceite a participação feminina?
É que, dentro do contexto que falámos, a identificação mítica do fandango com o homem do Ribatejo, dotado este dos tais caracteres psíquicos excecionais de força, vigor, destemor e virilidade, tornava naturalmente interdita, à mulher, a partilha de valências de caráter que lhe eram atribuídas. A sublimação mítica idealizou, aliás, cenários pictóricos em que o campino, dançando o fandango, seduz e conquista a mulher; completamente rendida aos encantos do bailador.
Na verdade, esta interpretação; pelo carácter restritivo e determinista das complexidades da natureza humana, pelo papel estritamente passivo (e de alguma forma servil) da mulher e pela redução de um sentimento à mera avaliação de um desempenho artístico, constitui, em rigor, um autêntico disparate!
Não obstante, persistiu até hoje. E foi criando, contra todas as evidências, um insensato senso-comum.
E porque é que nunca se percebeu isto?
Essa é, afinal, a grande questão:
- Primeiro porque durante décadas ninguém estudou o Ribatejo. Nem sequer o próprio campino foi objeto de estudo. Pelo contrário, era apresentado, apenas, como um símbolo mítico regionalista: alguém que tinha nascido já adulto e montado: cavalgando, garbosamente, pela vastidão da lezíria.
Dito de outra maneira, o Ribatejo era o campino e, este, o “Homem do Ribatejo”. O fandango era sua dança. Os touros, o seu desígnio.
- E, convenhamos, quando nas décadas de oitenta/noventa isso foi sendo, em parte, ultrapassado, já tais questões de género não eram tão evidentes, O modelo laboral tradicional tinha-se já, em grande parte, transformado.
- Depois, ainda, porque os ranchos folclóricos, na sua grande parte, não possuem nem as capacidades técnicas nem sequer interesse especial no estudo das condições de género.
- E, finalmente, porque os mitos exercem uma ação desertificadora em seu redor. A mitificação positiva do homem arrastou, afinal, uma gradual mitificação negativa da mulher. E os mitos, após, implantados, são extremamente difíceis de extirpar.
É muito grave se tal equívoco persistir no tempo?
Bom, para já, é uma cedência ao erro e um atropelo à verdade.
Naturalmente injusto para os registos memoriais da mulher ribatejana; cuja vida constituía nesses tempos, isso sim, um paradigma épico de esforço e superação.
E, principalmente, não contribui em nada (muito pelo contrário) para melhor perceber a realidade social e cultural de género, no nosso país e nossa região.
Afinal, só amamos aquilo que conhecemos.
E só conhecemos aquilo a que damos suficiente importância, para o olhar com olhos de ver.
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-32031092043914043922018-07-19T06:13:00.005-07:002018-07-19T06:13:53.242-07:00A interculturalidade e a Escola
Vivemos numa sociedade que tende para a globalização, não só económica e comunicacional mas, ainda, de valores e de princípios, que tendem, cada vez mais, para universais e humanistas.
Mas, tender não é necessariamente chegar! Muito longe disso!
Afinal, diferenças étnicas (consubstanciadoras de discriminações várias) subsistem, naturalmente; perenes em termos físicos e de mudança lenta em termos culturais. E assim irão continuar!
È, portanto imperioso, aprendermos a viver com grupos e indivíduos portadores de valores e costumes manifestamente diferentes dos nossos.
Na Sociedade e na Escola!
E o primeiro aspeto que devemos ter em conta, é que se trata de uma problemática complexa; De complexas causas, de complexas motivações atuais e, naturalmente, de complexas, abrangentes e delicadas soluções.
Comecemos por nos debruçar sobre as estruturas subjacentes às atitudes de intolerância, tanto na sua componente cognitiva (como se sabe, em grande parte estereotipada), até à social (não menos importante) passando, igualmente, por uma vertente emocional omnipresente e, frequentemente, culpabilizadora.
Como se sabe, os estereótipos pressupõem uma simplificação da realidade social, simbolizando-a e tornando-a, funcionalmente, mais percetível e identificável.
Por exemplo, em termos de identificação dos grupos humanos, a estereotipação tende a entendê-los como de um indivíduo só se tratasse, sem reconhecer as, naturais diferenças (ou, mais rigorosamente as infinitas diferenças), das personalidades que os constituem.
O caso mais extremo desta categorização, pode ser exemplificado pelo pensamento dicotómico; isento de matizes e situações intermédias. São brancos ou pretos, bons ou maus, amigos ou inimigos, “nós” ou os “outros”.
Nós e os “Outros”
Assim, um eventual estigma envolve todos os indivíduos do grupo considerado, não tendo em conta diferenças de idade, sexo, estatuto social, formação cultural ou quaisquer outras.
Correspondem a uma visão da realidade muitas vezes irracional (emotiva, se quisermos), mas com que deparamos frequentemente; e que, de alguma forma, envolve o nosso quotidiano.
Esta categorização bipartida leva-nos, depois, a identificar os outros por uma perceção simplista e arquétipa de um qualquer aspeto físico (principalmente) ou cultural, ignorando-se porém, de forma muitas vezes ostensiva, as restantes particularidades.
Tal atitude, discriminatória já, potencia-se depois, especialmente quando se funde com outros aspetos de carácter (por exemplo, quando o indivíduo pertence a um grupo com menor poder ou prestígio) ou emocionais: por exemplo, quando o mesmo indivíduo ou grupo são vistos como uma ameaça.
Ensaiemos, então, um esboço de síntese caracterológica das razões psicossociais que podem levar a incrementar estas visões discriminatórias, aumentado o risco da intolerância face aos outros.
- Centrar a nossa atenção nas diferenças entre nós e os outros, tende a exagerar tais diferenças em detrimento das semelhanças.
- A eclosão de dois fatores considerados potencialmente ou efetivamente negativos (por exemplo a chegada de emigrantes e o incremento da droga, da criminalidade ou até do desemprego) tende a relacionar os mesmos num contexto absoluto e linear de causa e efeito.
- Os próprios estereótipos guiam a nossa interpretação da realidade e criam memórias seletivas dos acontecimentos, o que dificulta a sua superação. Digamos que, os dados positivos são considerados como exceção, os negativos como prova!
- Finalmente, mesmo que venhamos a considerar positivamente um qualquer indivíduo doutro grupo/cultura, o estereótipo impede que generalizemos essa apreciação. Será visto, mais uma vez, como uma exceção.
Uma pessoa por quem temos estima, não porque, mas,... apesar de!
Na verdade, grande parte da nossa intolerância resulta de situações essencialmente emocionais que, embora possamos dizer não resistiriam a uma simples análise metodológica, dominam e persistem, numa irracionalidade muitas vezes cega mas, nem por isso, menos eficaz!
Por exemplo, os “bodes expiatórios”, decorrentes da culpabilização dos “Outros” face a situações vigentes de tensão e frustração ou, até, de instabilidade social ou económica. A história recente do Povo Judeu, numa Europa supostamente humanista, é bem paradigma, lamentável, de tal pressuposto.
A isto podemos juntar a necessidade de afirmação do “nosso grupo” face ao “outro”, ao estranho, reforçando a nossa coesão, mas igualmente o nosso estatuto interno e, obviamente a efetiva integração no mesmo.
E aqui, podemos dizer que existem dois vetores que tendem a potenciar esta atitude: por um lado o reforço da nossa identidade construída assim por oposição aos outros, por outro, a criação do inimigo externo tornado, assim, o tal ”bode expiatório”; responsável por todos os males e mais alguns.
Situação que não deixa sequer, muitas vezes, emergir a natural empatia e solidariedade para com o marginalizado e discriminado.
E, o mais paradoxal, é que nos baseamos numa perceção pretensamente ética, acreditando (querendo acreditar) que o outro é o único (ou principal) culpado da sua situação.
São, portanto, atitudes deformadas da perceção da realidade que nos levam, muitas vezes, a encarar os outros como inferiores ou piores.
Deformações que resultam de manifestas expressões de interesse e solidariedade grupal, do desconhecimento, do horror à diferença, quantas vezes... do medo!
Atitudes preconceituosas, que servem, frequentemente, para legitimar diferenças grupais de estatuto e poder. Foi, aliás, considerando os escravos e os “selvagens” como “naturalmente inferiores”, que se justificaram durante séculos, genocídios e expropriações de bens, de territórios e, até, da própria dignidade humana.
A escola e a diferença
De tudo isto se deduz que não basta abrir as nossas escolas a outras culturas étnicas. Nem incluir elementos culturais que lhe são próprios, no currículo escolar.
Nem sequer (e dando já de barato o complexo de dificuldades associadas a esta estratégia) abrir a Escola à Sociedade em que esta está inserida.
É preciso tudo isso! Mas, convenhamos, bem mais do que isso!
È preciso que o docente seja mais que um papagueador do programa. Mais que um simples catalisador, mesmo que fluente, da transmissão do conteúdo programático aos discentes.
Que não se reduza a reconhecer a presença de outras realidades culturais na sala de aula. Que não as encare como expressões pitorescas de singularidades étnicas.
Que não as veja como variantes do modelo padrão existente entre nós.
Que não trate os seus portadores como uma espécie de atrações circenses, nem expresse, por eles, um paternalismo quantas vezes humilhante!
Mesmo que bem-intencionado!
É preciso que esteja sensibilizado para a naturalidade da diferença, que o etnocentrismo tantas vezes subverte, implícita ou explicitamente.
Que veja na diferença não um obstáculo, mas um estímulo! Não uma contradição, mas um enriquecimento dos valores patrimoniais em presença!
Que perceba que as diferenças entre as culturas (que os diferentes grupos humanos veiculam), são profundamente influenciadas pelo contexto social e pela transitoriedade histórica. Por opções de progresso e por diferenças de oportunidade.
Que, por exemplo, já na África existiam grandes civilizações, capazes de erigir construções ciclópicas (consideradas, hoje, maravilhas do mundo), ainda os europeus corriam atrás de bisontes com machados de pedra!
Estará então dotado de condições psicossociais para vir a desenvolver mecanismos pedagógicos e vivenciais que permitam aos alunos tolerar melhor a incerteza (que é nossa companheira inseparável no mundo de hoje), de forma a fazer consolidar identidades em formação sem necessidade de o fazer contra quem quer que seja.
Promovendo e estimulando contactos intergrupais e interpessoais. De forma a descobrir que somos, ao mesmo tempo, iguais e diferentes: homens e mulheres, europeus e africanos, “gadjés” e ciganos, cristãos e muçulmanos, indivíduos com ou sem “necessidades especiais”.
Vivendo a tolerância como valor; nunca como obrigação. Mesmo que revestida do prestígio humanista contemporâneo.
Estará, então, em condições de ajudar a fazer de uma Escola com todos, uma Escola para todos. Ou, se quisermos, uma Escola de todos!
Assim lhe sejam fornecidas condições instrumentais, temporais e, principalmente, psicossociais. De que, hoje, tanto carece.
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-59998900214393923002017-09-14T14:42:00.000-07:002017-09-14T14:43:58.606-07:00Taumatúrgico e casamenteiro : Santo António e as conceções solsticiais
De acordo com a conceção mítica tradicional, o Mundo, dotado que é de uma natureza entrópica inexorável, corrompe-se periodicamente e morre. Carecendo, portanto, de ser recriado.
Dando assim corpo, ao que chamamos o tempo cíclico (anterior ao tempo histórico que hoje vivemos) que todos os anos se acredita esgotar e diluir no limbo primevo. Que todos os anos nasce de novo; regenerado e recriado.
Por isso, os fins dos anos foram, durante milénios, vistos como “fins dos mundos” e estes, por seu turno, encarados como espaços temporais de morte e recriação.
Para isso, os deuses criadores se tornarão, com o tempo, elementos sacrificiais e, o seu sacrifício, condição necessária de recriação e salvação.
Por isso, tradições populares exóticas e subversivas (algumas, ainda existentes), celebravam os “fins dos anos” enquanto representações simbólicas dos “anos velhos” que passavam. Envergando máscaras que representavam o velho e decadente e/ou sendo portadoras de variados símbolos de regeneração. Ou criando lutas rituais entre personagens solsticiais simbolizando “o velho” e “o novo”, o corrompido e o rejuvenescido, o inverno e o verão, o pecaminoso e o puro.
Na verdade, muitas das nossas tradições assentam nesta raiz ancestral, frequentemente pré-cristã, que celebra ciclicamente os fins dos diferentes períodos anuais, gerando festas diversas, caraterizadas pela rotura e pelo excesso.
Em que predominam os tais símbolos de transição e transformação: máscaras, transvestismo, inversões sociais, subversões, fertilidades regenerações.
Que “os tempos entre os tempos” , funcionalmente, induzem.
Por isso, os momentos solsticiais são, ainda hoje, ocasiões em que se celebra o ciclo de vida.
A nova vida que irrompe da morte; no solstício de inverno.
O apogeu da vida, no solstício de verão: clímax, que é, da dominação solar e da fertilidade imanente da natureza.
É assim, este último, tempo da celebração festiva da vitalidade que a primavera induz: de uma natureza, afinal, grávida de vida.
Por isso os santos, aí comemorados, se impregnam do poder fecundante e criador, na altura celebrado.
E se no Solstício de Inverno será colocada a celebração do nascimento de Cristo (enquanto cristianização do natal de Mitra), São João que, segundo o calendário solsticial nasce seis meses antes (condição condizente com o modelo arcano solsticial), vai ser, dir-se-á naturalmente, o percursor, o anunciador: aquele que vem “preparar o caminho do Senhor”.
Aliás, na construção do mito cristão, a figura de São João Baptista, embebe-se de um simbolismo solar indubitável. Nasce segundo o ciclo solsticial, atinge a apoteose do brilho no auge da pregação, assinala com o batismo o seu sucessor a quem passa o testemunho do poder e se assume como servidor (o tal de “quem nem é merecedor de desatar as correias das sandálias”), correspondendo, portanto, à entronização de um novo rei. Finalmente, findo o seu tempo, degenera e morre, para permitir a anunciada ascensão da nova divindade, do “novo sol”; Jesus Cristo!
Dando assim origem, à prodigiosa “noite de são João”.
Em que a natureza é sagrada e se reveste de prodigiosas qualidades. Sejam as águas, as plantas ou árvores, o orvalho ou os rios, o fogo ou o fumo, as flores ou as searas.
Em que, em tempos idos, decorriam flamejantes cortejos luminosos, se dançava e cantava nos bosques em redor de árvores ou, com o mesmo propósito, se transportavam, as mesmas, para os largos das aldeias.
Em que se realizavam orgias sagradas. Em que os banhos eram “santos”. O orvalho, “benfazejo”. O fogo, purificante.
E se defumavam casas, gados e pessoas.
Em que se queimava a alcachofra e a “erva pinheira”. Acto de adivinhação e propiciação que, este tempo, permitia acontecer.
Em que as pessoas se mascaravam e trasvestiam, se invertiam situações sociais, económicas e de género. Se roubavam flores, carros de bois e cancelas. Se desencadeavam pantominas subversivas como, a ainda hoje sobrevivente, “bugiada” do Sobrado, no concelho de Valongo.
Daí as particularidades que São João adquire e o tornam santo casamenteiro. Das quais Santo António e São Pedro irão, igualmente, beber.
Mas, este último, relacionado com uma iconografia sénior, apresenta traços iconológicos que, em termos populares, o afastam, da matriz sentimental.
São Pedro por ser velhinho
Deve ter muito juízo
Por isso Deus lhe entregou
A chave do Paraíso!
Afinal, os santos casamenteiros são sempre, iconograficamente, jovens: susceptíveis de uma mais fácil identificação com a função sentimental que desempenham.
Serão, assim, São João e Santo António que, essencialmente, irão partilhar da licenciosidade namoradeira que é própria de um santo casamenteiro que se preza. Daí as similaridades na poesia popular.
Percebe-se que os dois santos, se revelam como expressões semelhantes de uma mesma hierofania. Ambos são casamenteiros, brejeiros e mulherengos, patronos dos gados domésticos e, estão ligados, direta ou indiretamente, à problemática, sempre latente (e neste caso particularmente abrangente), das curas milagrosas.
Para lá da invocação geral que muitos “ensalmos” populares comprovam um pouco por todo o país, os dois possuem áreas de intervenção taumatúrgicas, especialmente alargadas e diversificadas.
Pode assim dizer-se, que a popularidade de António, o “santo menino”, resulta tanto da referida conexão astral como, igualmente, de uma multifacetada taumaturgia que, numa hagiologia especialmente rica e a sua natureza de santo português, cultualmente promovido pela capital, vai consolidando.
Pode, aliás, dizer-se, que todos os santos casamenteiros são populares.
Apresentando-os como mulherengos e bons garfos, como qualquer homem da nossa sociedade tradicional, os cancioneiros locais refletem na sua caracterização, laivos de companheirismo e, algumas vezes até, irónica e insólita camaradagem!
Onde mora Santo António
Que o quero para vizinho
Mora para lá da ponte
Para cá do ribeirinho.
Camaradagem que facilmente resvala para atitudes de relação face-a-face que a “imagem” permite, assim ocasionando (nalguns casos) confrontações várias, algumas revelando, até, ostensivas manifestações de desagrado.
Afinal, o contrato oral com o santo (mesmo que intimista) à semelhança daqueles que eram comuns nos negócios desenvolvidos nas sociedades tradicionais, acarretam uma obrigação contratual recíproca. Assumida pelo crente no ato de prometer e pelo santo, implicitamente dir-se-á, pela sua natureza de protetor daquela área e, afinal, por não ter rejeitado a mesma.
No entanto, se o santo não concede a graça ou a mesma demora, a insatisfação individual ou coletiva poder-se-á tornar particularmente visível.
E se, supostamente concedida, evoluções posteriores vêm a revelar recaídas diversas, então a irritação pode eclodir e levar a ações de desagravo ou retaliação desenvolvidas, ostensivamente, sobre as suas “imagens”.
E, nesse aspeto, Santo António pela sua familiaridade, muitas vezes comunitária, adquire papel saliente.
Vieira Natividade, por exemplo, relata, em Alcobaça, um insólito episódio em que Santo António é até, literalmente, esbofeteado por uma rapariga claramente frustrada no seu desígnio amoroso.
Outros, bem mais comuns, emergem de um ideário particularmente pitoresco em que como castigo ou mera coação se costumam (atente-se) mergulhar as imagens dos santos em água.
Leite de Vasconcelos, por exemplo, relata uma situação observada, no Porto, em que uma família tinha colocado uma imagem de Santo António num poço com a cabeça para baixo, por não ter atendido uma prece. Também em Alcobaça se fazia o mesmo, por razões semelhantes, com a “imagem”, atrás referida, do mesmo Santo António.
Ou, ainda, em Serpa em que as raparigas, que tardavam em casar, costumavam suspender o santo por uma corda (igualmente de cabeça para baixo) mergulhando-o num poço, até que se efetuasse o casamento.
Afinal, as divindades, sejam elas de que natureza forem (empíricas ou refletivas) mais não são, poder-se-á dizer, que arquétipos de uma sociedade transfigurada e entendida simbolicamente.
Mas não só os santos ditos populares (de impregnação solsticial) possuem atributos sentimentais e fecundantes.
A exemplo de São Valentim, cuja hagiologia pouco sustentável o localiza no século III D.C, e o apresenta como um sacerdote cristão que, “por acreditar muito no Amor e valorizar o casamento e a família”, teria sido morto pelo imperador Cláudio II, que teria proibido os casamentos.
Se atentarmos a que este é o período em que os teólogos cristãos desaconselham, eles sim, o casamento e a as relações carnais, desvalorizam a mulher e chegam até a defender a santificação das virgens e a proibição dos casamentos a todos os cristãos (de que o celibato atual é resultado de um compromisso possível) podemos aferir da sustentalidade de tal ideário.
Aliás, São Valentim, apenas a partir de 1840, na Inglaterra vitoriana (quando as formas de sedução adquirem contornos de sofisticação mundana) adquiriu importância que, hoje, a sociedade de consumo, tornou numa mais oportunidade de consumo.
Diferente é São Gonçalo; afinal um reconhecido especialista na matéria.
Santo que incorpora intensos atributos operativos de antigas e ignotas divindades fecundantes, delas subsiste o conjunto escultório denominado “o diabo e a diaba” (representando antigas potências sexuais) aos quais os devotos de São Gonçalo, ancestralmente, solicitavam tais graças.
Afinal, destas entidades, herdou o santo a capacidade de “casar velhas, feias e prostitutas”: situações particularmente difíceis que requerem intensas valências fecundantes.
Delas, parece ter, ainda, herdado os famosos bolos fálicos que, hoje, inícios do século XXI, continuam a ser vendidos e até expostos face à liberalidade atual de tempos e modos.
Mas o irreverente lascivo é aqui, ainda, mais diversificado. Rapariga encalhada que vá às festas de São Gonçalo e deseje casar, deve puxar, três vezes, o cinturão da “imagem” do santo. Caso não o faça, corre o risco de nunca casar! Indo, assim, engrossar o clube das tias crónicas e solteironas.
Apesar de beato (cujo culto, afinal, só foi reconhecido na Diocese de Braga e entre os dominicanos) São Gonçalo é particularmente popular no Minho mas, igualmente, em cidades onde existiam mosteiros ou igrejas dominicanas.
E embora não tendo, nunca, uma intensa e homogénea penetração nacional, o mesmo irradiou, depois, para outras localidades principalmente do norte do país.
Chegou, ainda ao Brasil onde adquiriu novas funcionalidades e ainda hoje permanece como um dos mais importantes cultos populares em grande parte dos estados brasileiros. É aí chamado de “santo de viola” e possuidor de uma iconografia que evoluiu, frequentemente, para contornos literalmente profanos.
Preservando-se aí, o assim chamado, “baile de São Gonçalo” ou “dança de São Gonçalo”, onde os devotos, em espaços particulares e frente a um improvisado “altar do santo” vão, de forma ritual (prescrita e orientada) cantar e “dançar para o santo” pagando assim, hoje como ontem, as respetivas promessas.
Poder-se-á dizer, então, que, na Europa, os “santos casamenteiros” resultam de duas e diferenciadas causalidades.
Ou participam das valências fertilizantes de uma temporalidade solsticial estival (como São João ou Santo António e, apesar de tudo, São Pedro) ou resultam da substituição sincrética de um culto local fertilizante/fecundante; como São Gonçalo.
Ou ainda, se quisermos, de uma interpretação hagiológica muito peculiar; tornada referencial sedutor de classes superiores; como São Valentim.
Em termos históricos (ou pelo menos historicizados) Santo António de Lisboa (onde terá nascido a 15 de Agosto de 1191/5), também conhecido como Santo António de Pádua, (onde morreu a 13 de junho de 1231), de sobrenome incerto mas batizado como Fernando, foi um Doutor da Igreja que viveu na viragem dos séculos XII e XIII.
Primeiramente foi frade agostinho no Convento de São Vicente de Fora, em Lisboa. Tornou-se franciscano em 1220 e, no ano seguinte, fez parte do Capítulo Geral da Ordem em Assis, a convite do próprio Francisco de Assis: que o convidou, também, a pregar contra os albigenses. Foi transferido depois para Bolonha e de seguida para Pádua, onde faleceu: para uns aos trinta e seis, para outros aos quarenta anos.
A sua fama de santidade levou-o a ser beatificado pela Igreja Católica pouco depois de morrer, distinguindo-se como teólogo, místico, asceta e sobretudo como notável orador e grande taumaturgo .
Situação que a lenda releva no conhecido “sermão de Santo António aos peixes”.
António é, de facto, tido como um dos intelectuais mais notáveis de Portugal do período pré-universitário. Possuía uma sólida cultura, documentada pela coletânea de sermões escritos que deixou, onde fica evidente que estava familiarizado tanto com a literatura religiosa como com diversos aspetos das ciências profanas.
Segundo a lenda, que a hagiologia perpetuou, nasceu e viveu em Lisboa e lá ajudou a concretização de muitos casamentos felizes e orientou muitos homens e mulheres para encontrarem o cônjuge que iriam amar até o fim da vida.
Seus auxílios e intercessões aos namorados e noivos teriam, então, despertado uma grande devoção popular entre os portugueses. Devoção que os seus milagres, os seus escritos e a sua reconhecida intercessão sentimental, há séculos, alimentam.
Protetor nas viagens, libertador de presos, achador das “coisas perdidas”, dissipador de trovoadas, Santo Antônio é especialmente conhecido como padroeiro dos casais e dos namorados, dos doentes e das mulheres grávidas e dos pobres.
Tais abrangências milagrosas (principalmente as sedutoras), envolvem-no em peculiares quadras amorosas , donde participam oferendas de manjericos, fontes, “bilhas partidas” e seduções de moçoilas numa particularmente fértil hagiologia popular.
Mais frequentes enquanto loas joaninas, surgem também, frequentemente, na poética popular relativa a Santo António.
Santo António, n’esta fonte
De águas claras e amigas
Quantas vezes consertastes
As bilhas às raparigas?
No Brasil, entre muitas outras funções, Santo António, especializou-se em fazer as pazes entre os casais desavindos.
Parafraseando uma ação ritual, também comum em Portugal (aqui, contudo, mais como conciliação que reconciliação), para isso, se usa um cravo e uma rosa. Os talos devem ser amarrados juntos com uma fita verde, na qual serão dados treze nós. Durante o procedimento, o devoto deve acreditar, naturalmente, que Santo António vai uni-los outra vez.
Hoje as festas de Santo António em Lisboa (e também por razões miméticas noutras zonas do país), são especialmente conhecidas pelas, já tradicionais, “marchas populares”.
Há pouco tempo surgiam, ainda, as fogueiras, acesas nos largos ou ruas dos bairros alfacinhas, bem como das aldeias e vilas deste país, enfeitados a preceito com luminárias e papéis, ramagens e flores, enquanto estralejavam as bombas e assobiavam as “bichas de rabiar”, entre gritos de alegria e interjeições de admiração de crianças e adultos .
E o lúdico, mágico e purificador, emergia então, pujante, quando a chama da fogueira se utilizava para “queimar as alcachofras” ou quando, o fumo, era utilizado para “defumar” pessoas e animais .
Saltar à fogueira constitui, na verdade, um ato mágico de fertilização; em que o calor e a luz, expressões operativas do poder solar, vão energizar potências fecundantes em futuras ligações sentimentais.
Do fundo dos tempos chegavam-nos ainda costumes (que aliavam as virtudes exorcísticas da vegetação ao poder fecundante das fogueiras) de espetar tições nas leiras dos pomares e hortas, de forma a impregná-las de poder fecundante e potenciar assim, ainda mais, a magnanimidade da Terra-mãe.
Pois, saúde e fecundidade (condições necessárias de fertilidade) constituíam, como vimos, a dicotomia presente na simbologia flamejante da fogueira solsticial.
Herdeira dos antigos cortejos de fogo; hoje presente nas luminárias (já não flamejantes, mas eletrizantes) dos arcos florais e ornamentais.
Fogueiras celebrando o apogeu do sol (no cimo dos montes ou no centro da aldeias): centros e “umbigos do mundo”, afinal!
Centralidades que o “mastro”, “pinheiro” ou “carvalho de São João” ou o “mai pole” das calendas de Maio (de temporalidade céltica) tão claramente simbolizavam.
Ou encarnavam, um pouco por toda a Europa, em personagens florais ou efigies antropomorfas (verdadeiros espíritos da vegetação) como os “maios-moços”, o “Jorge Verde” da Caríntia e da Rússia ou o “Jack The Green” das Ilhas Britânicas. Que, em Portugal, nos surgem já em Gil Vicente, mais precisamente no Auto da Festa:
San Juan Verde, passó por aqui
Quan garradiço, o vi venir
Efigies antropomorfas que persistiram até recentemente nos bonecos queimados na fogueira ou nos pinheiros e “mastros” associados. Imolados pelo fogo num contexto mítico/ritual de morte/renascimento.
Ou até nos “tronos de santo António”; criativas consagrações rituais de uma devoção popular . Espécie de relicário familiar trazido para um espaço público; de forma a expressar publicamente a respetiva devoção e afirmando a religiosidade comunitária individual e familiar.
Que, como todas as iniciativas populares tradicionais (nomeadamente de natureza sagrada como o “pão por Deus” ou o “tostãozinho p´rá maia” ou das solicitações de dádivas nas “cantigas dos reis”, do natal ou do ano novo) também se vieram a traduzir no “tostãozinho p`ró Santo António”, sendo as crianças os sujeitos da ação como, com certeza, formaram cada vez mais os elementos motivadores e sustentadores da mesma.
E finalmente pelos “arraiais” que, em Lisboa, assentavam e ainda assentam nas organizações de vizinhos que os pátios consubstanciam (hoje, naturalmente, turistificados), onde se come, canta e dança e se desenvolvem atitudes licenciosas e sentimentais.
E, sempre, a presença da natureza!
No caráter esconjuratório dos “alhos porros”, preservados até recentemente no Porto e hoje substituídos pelos simpáticos martelinhos.
Nas quadras populares propiciatórias e nos manjericos (plantas aromáticas sensíveis e cheirosas, que têm de ser regadas para crescer e florescer; como o amor afinal) e que se encontram, neste tempo, especialmente verdejantes.
Mas cujo cheiro só resulta do toque pessoal e íntimo e, deste modo, se não difunde, facilmente, pelos outros.
E a relação popular como o santo é de tal maneira próxima que, antigamente em Lisboa, no seu dia, se entregavam formalmente a Santo António, oficiosas petições em que se lhe pedia toda a sorte de coisas, mesmo as mais ilícitas, e que {atente-se} eram escritas em papel selado, por “escrivães públicos, instalados nas vizinhanças das igrejas”.
E se podemos dizer que “todos falamos com Deus e com os santos, mas que, o prodígio, que faz o milagre, está em Deus falar connosco”, a relação popular com Santo António, levava até, algumas vezes, por paradoxal que seja, a uma resposta escrita e endereçada, assinada, nem mais nem menos, que pelo punho do santo!
Exemplo mais acabado de tentativa de apropriação institucional das qualidades taumatúrgicas de santos, por definição populares, será difícil encontrar.
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-13648793858644890252017-09-14T14:37:00.006-07:002017-09-14T14:37:57.578-07:00 A arte de curar e o entendimento popular do mal
Poder-se-á dizer que na tradição popular portuguesa o mal surge, normalmente, como decorrente não de um qualquer mau funcionamento orgânico, mas de algo que existe para lá (e independentemente) deste e da sua ação manifesta.
Doenças são atribuídas às mais diversas entidades mais ou menos maléficas. Azares, transcendentalmente interpretados.
Acidentes têm quase sempre, por detrás, sobrenaturais e, quantas vezes tenebrosas, causalidades.
Naturalmente, diversas razões são vistas como responsáveis (em termos imediatos), pelas diversas moléstias que afetam os homens e os infernizam.
Tipologias que vão desde a “possessão” por mortos, “espíritos” ou “demónios” a malefícios decorrentes de “pragas”, ”enguiços” e “sortilégios”, passando por “animais peçonhentos” que percorrem o corpo”, pelos misteriosos e ignotos “ares maus” que impregnam de pestilência a saúde individual ou, mesmo por supostas anomalias anatómicas; empíricas e analógicas.
Por malefícios individualizados e suscetíveis de serem corporizados em ignotas entidades, mesmo que exteriores a uma assídua ambivalência.
Ou, ainda, por outros malefícios; decorrentes da inveja. Ou por castigos divinos concomitantes, ou não, com anteriores causalidades.
Diversificadas são, deste modo, as causas associadas às disfunções corporais ou psíquicas, tal como a mentalidade popular as entende. Tão diversificadas como as soluções terapêuticas existentes e consideradas apropriadas.
Afinal, na tradição popular, as alternativas de cura nunca são de mais.
Pelo contrário; o crente não considera incoerente, perante uma doença (para lá da obrigatória consulta ao médico), fazer uma promessa ao santo da sua particular devoção, desenvolver um ato de cura mágico ou exorcístico ou recorrer a uma qualquer “curandeira”/”benzedeira” de conhecida, ou não, natureza e proveniência.
E, hoje, num mercado terapêutico mais vasto, recorrer, ainda, a outras opções.
Seja como for, pode dizer-se que as curas têm uma lógica própria. Não experimental, mas experimentada. Não assentando na razão científica, mas na analogia homeopática, holística e transcendental. Entendendo o Cosmos como um repositório de energias que fluem e refluem em ignotos campos e dimensões.
E cujo conhecimento (hermético, em maior ou menor grau), permite instrumentalizá-las em peculiares ações mágicas mais ou menos ritualizadas. Mesmo aquelas que, pela sua singularidade, surgem, à primeira vista, como macarrónicas e inexplicáveis.
Inexplicáveis para nós, já se vê! Indivíduos do século XXI, portadores de uma visão do mundo que, pela omnipresença técnica que nos envolve, tendemos a considerar única.
Esquecendo-nos que a mesma vigora, apenas, há duas ou três centenas de anos; segundos, mesmo pela cronologia do mais imediatista relógio cósmico.
Vistos em termos de diagnóstico, os males são os sintomas (ou, melhor dizendo as expressões visíveis dos mesmos) bem como as respetivas manifestações físicas e fisiológicas igualmente visíveis; quantas vezes secundárias e complementares.
Mais que atacar causas tenta-se, assim, colmatar efeitos.
Não obstante existem casos em que a cura tenta atingir o elemento causador (ou, pelo menos, o suposto causador) da respetiva enfermidade.
Por exemplo, ao “talhar-se o cobrão” ou “os sapinhos” (embora o episódio ritual decorra no corpo enfermo) o objetivo é matar, através de uma ação mágica, o “animal peçonhento” causador.
Por isso se nomeiam os diferentes cortes aplicados do rabo à cabeça e se manifesta o desejo ritual de que o mesmo se “quede” (pare), “morra” ou “mirre”: entenda-se, sucumba por degeneração. Por isso, no Barroso, onde se considera que “a mordedura do licranço não tem cura nem descanso”, a única solução, acredita-se, está em matar o dito.
Por isso, em muitas regiões do país, as dores das picadas de silvas ou piteiras, se tiram cortando, cerce, o pico causador.
Portanto, se não se pretende, muitas vezes, atingir a causa efetiva do mal (desconhecida, afinal), pretende-se, contudo, atingir a causa hipotética: na verdade, aquela que, na perspetiva terapêutica popular, corresponde a tal.
Neste sentido, muitas das terapias tradicionais envolvem processos metodológicos e de conteúdo, que assentam a sua eficácia em supostas relações mágicas e numa lógica de equivalência entre representação e representado.
No contexto apelativo, os santos cristãos, fruto de naturais funcionalidades de conjuntura, constituem as mais vulgares das entidades solicitadas. Masculinos ou femininos (na sequência da absorção sincrética de divindades pré-cristãs das quais herdaram valências e competências), os mesmos tornar-se-ão, com o tempo, advogados privilegiados das mais particulares doenças e desfavores.
Potenciando tudo isto, surgem otimizações ou degenerações propiciatórias, próprias de temporalidades, terminologias e configurações, cujo conhecimento os oficiantes transmitem em arcanas e singulares iniciações.
De forma especialmente sintética e sem pretensões exacerbadas de rigor sistematológico debrucemo-nos, então, sobre nove paradigmas concetuais caraterizadores das mais usuais terapias populares ritualizadas, encontradas no nosso país.
Tais como elas, afinal, nos chegaram.
1 - A força das palavras
As fórmulas oratórias constituem o cerne da maioria dos atos de cura. Das palavras proferidas emerge um intrínseco potencial terapêutico cuja eficácia se encontra numa proporção direta do rigor das mesmas e da salvaguarda da sua incorrupção.
Porque são palavras sagradas, vistas como remontando a tempos ancestrais. Ao início dos tempos, afinal, bebendo, assim, do poder e prestígio dos primórdios.
Aliás, na medicina popular, o reforço do potencial curativo serve-se, muitas vezes, de uma peculiar estratégia. Começa-se por proferir uma asserção evidente do tipo: “Jesus é filho de Maria”, “Menino Jesus é verbo”, “Deus é toda a claridade”, etc. Asserção verdadeira e inquestionável, porque sagrada.
Algumas, remetendo para acontecimentos bíblicos ou não apresentam-se, até, como explícitas analogias operativas: “Assim como Nossa Senhora sarou da sua paridura, assim tu sares da tua abertura”.
Aproveita-se, assim, a semelhança assertiva para potenciar a ação respetiva.
Seja como for, a força que emana das palavras proferidas é incontestável. A sua eficácia, se não maculada por erro na sua proclamação ritual ou contaminada por ruido corruptor, surge como inquestionável.
Recorre-se, portanto, à repetição arquétipa dos males ou das curas a efetuar, enquanto ação mágica abrangente e operativa. Nomear as curas, corresponde a criá-las; a gerá-las a partir do indiferenciado primevo.
Das palavras proferidas emerge, poder-se-á dizer, a realidade concreta nomeada.
2 - O poder da transgressão
Omnipresentes são aqui as situações propiciatórias relacionadas com os tempos de transição anual. Descontinuidades temporais, caracterizadas pela transgressão que a rotura explica. Oriunda de um hiato na ordem estabelecida. Veiculando portentosas energias criadoras que emergem, em última instância, do limbo ou do “Além”.
Que podem ser e são, aproveitadas muitas vezes com intuitos curativos ou regeneradores.
Principalmente na singular sobrevivência de roubos rituais associados a muitas delas.
Roubar telhas, feixes de vides, imagens de santos. De um local específico ou indeterminado. Sagrado ou (hoje) meramente profano. Levado de e/ou para a igreja. Entregue ao santo ou feito contatar com este ou com uma componente iconográfica da respetiva “imagem”.
Sempre, contudo, a presença do elemento de transgressão; mesmo que ritualizado.
Pretende-se assim (em malefícios vistos como particularmente difíceis de erradicar), somar a habitual força do esconjuro, com as energias subversivas emanadas do ato imprecatório e subversivo.
Também a energia libertada por uma ação de grande violência pode ser canalizada como potencial curativo. Por isso a “espada que matou excomungado” ou a simples “corda de enforcado” eram vistos como possuindo especiais virtudes terapêuticas.
3 - A expulsão do mal
Decorrente do conceito tradicional de mal, visto de alguma forma, como uma entidade autónoma e identificável, surgem no imaginário terapêutico popular, diversificadas práticas de extirpação e expulsão do mesmo, que dão corpo à mais prolífera tipologia tradicional de práticas curativas.
Afinal, se o mal pode entrar, também pode sair. E se orifícios corporais como os olhos, boca, ânus, ouvidos, nariz e extremidades como as unhas, são vistos como potenciais locais de entrada, também podem, naturalmente, funcionar como pontos de saída. Assim os mecanismos rituais se revelem adequados e a sua formulação verbal ou gestual, rigorosa e eficaz.
Mas o mal pode ainda ser chupado através da pele: mais precisamente através dos orifícios por onde entrou o veneno de uma víbora ou daqueles provocados pelas sanguessugas ao sugar o sangue inquinado de contusões e hematomas. Ou, ainda, através dos orifícios naturais da pele: para isso utilizando-se, ancestralmente, ventosas ou “pedras de peçonha”: cujas misteriosas adesões ao corpo eram vistas como correspondendo a um prodigioso absorver do mal.
E até o cuspir desempenha, aqui, papel de relevo, tanto entre nós como em muitas outras culturas. Assim como se chupa, absorvendo o mal por osmose ou fazendo-o sair através do sangue, também se usava expeli-lo; projetando-o incorporado em resíduos corporais.
Cuspir, por exemplo, sempre foi visto como um ato de rejeição e expulsão sendo, neste caso, utilizado para expelir o mal do corpo do indivíduo. Aliás cuspir, quando se passa por um inimigo é, desde sempre, forma de repúdio.
Atualmente, aliás, paradigma de ato ofensivo.
O próprio vomitar ou urinar (provocando, nalgumas situações, alívio imediato) tem servido, igualmente, semelhantes propósitos.
4 - Esconjurar
Esconjurar o mal através de uma fórmula mágica oral e gestual para um local tão longínquo e remoto que o mesmo daí não possa voltar é, no entanto, um dos métodos mais usuais.
Contudo, existe sempre a hipótese do lugar estranho e distante para onde o mesmo foi desterrado, não proporcione, afinal, um exílio permanente.
Por isso a mentalidade popular gera criativos degredos que se exprimem, muitas vezes, numa espécie de trabalhos forçados, pela sua natureza, simplesmente irrealizáveis.
Ou então, envia-o para o “Além”. Limpando as feridas com um pano, depois colocado sob a cabeceira de um defunto, ao mesmo tempo que, entredentes, se diz; “fulano, leva-me isto para o outro mundo”.
Ou, ainda, escondê-lo, de onde não possa sair e não o possam encontrar. Deixá-lo cair (enquanto corporizado em bagos de milho ou pedras de sal) durante o caminho ou abandonando-o; como que involuntariamente. “Perdendo-o”, afinal.
Finalmente, ameaçá-lo; afugentando-o de tal maneira, que não lhe passe pela ideia tornar a voltar.
Contudo, como dissemos, esconjurar nem sempre corresponde a expulsar o mal para nenhures. Algumas vezes procura-se, implícita ou explicitamente, um novo hospedeiro; especialmente humano ou animal.
Portanto, o mal deve ser enviado ou para um local que o mesmo não possa abandonar, para um lugar tão separado de nós como o “Além”, tão distante que não pressuponha retorno ou, ainda, para um hospedeiro dispensável ou que, sendo um estranho, não se possua em relação ao mesmo, qualquer sentimento de solidariedade.
5 -A conexão mágica
Frequentemente, as práticas curativas lançam mão de processos rituais que recorrem a diversificadas funcionalidades e operacionalidades mágicas.
Embora constituindo o cerne do processo em presença, não deixam de se interligar com ações apelativas e oratórias, apaziguadoras ou encomendatórias ou recorrer ao uso mais ou menos frequente de substâncias naturais, cuja aplicação (ritualizada ou não) contribui, naturalmente, para a eficácia da terapêutica.
Mas o potencial determinante resulta, acredita-se, da maneira como se desencadeia o respetivo ritual.
Omnipresente, de uma forma ou doutra, é aqui a recorrência ao potencial analógico; simpático dir-se-á. Muitas fórmulas assentam o seu poder curativo nesse referencial, que se pode incrementar através, por exemplo, de expressões como a começada por “Assim como….”,
Também a magia de contágio marca, aqui, lugar de relevo dando, inclusive, origem a algumas das mais bizarras práticas encontradas.
Por exemplo, crianças traquinas (quantas vezes, com certeza, hiperativas) eram antigamente “amansadas” batendo-lhes com a cabeça em certas “imagens de santos” como São Marcos; vistos, pela tradição popular, como amansadores de animais bravos.
Em São Marcos da Serra, “a cada verso seguia-se uma violenta cabeçada, de sorte que a criança, atordoada, ficava mansa”.
6 - Mitos primevos
As situações de repetição (leia-se recriação) dos mitos primordiais, surgem dos fundos dos tempos como sobrevivências arcanas (hoje quase exclusivamente cristianizadas), próprias de um tempo cíclico e acrónico.
A exemplo da “izirpela” ou da conhecida oração a Santa Bárbara contra as trovoadas, rituais são assim repetidos, fazendo, literalmente, acontecer de novo o instante primordial. O instante em que pela primeira vez se processou determinada cura, se exorcizou determinado mal. Ou, então, se delegou a respetiva competência.
Afinal, os mitos revelam que o Mundo e o Homem têm uma origem sagrada, e mostram-nos como isso é importante como modelo e exemplo a ser seguido. Mais ainda, revelam que aquilo que o Homem pretende fazer já foi feito antes; logo que tal é possível e que os resultados são prováveis se se seguirem as regras prescritas.
Poder-se-á dizer, então, que a cosmogonia mítica é, na tradição arcaica, o modelo exemplar de toda a espécie de fazer. Tal comparticipação não só torna o “mundo familiar e inteligível mas ainda, e igualmente, transparente”.
7 - Talhar e cortar
Um dos mecanismos operacionais, mais usuais nestas práticas, em grande parte mágico-curativas é, aquilo a que se chama, “talhar” ou “cortar o mal”.
Assenta, o mesmo na crença popular de que certos tipos de doenças (especialmente aquelas que se manifestam de forma epidérmica em seres humanos ou animais) resultam, em última instância, da ação de bichos venenosos (“peçonhentos”) que através de mordida, parasitação ou simples contágio, envenenam o indivíduo provocando-lhe ardor e afeções na pele.
Animais que, mesmo tendo fugido para ignotas paragens, podem ser mortos (leia-se “talhados”) à distância, sob a forma de um ritual analógico. E sendo mortos, mesmo ritualmente, assim se mata o mal provocado.
Afinal, como diz a sabedoria popular: “morre o bicho, morre a peçonha!”
8 - Apaziguar e encomendar
Processos menos frequentes nas terapêuticas populares, casos há em que se desenvolvem atitudes de apaziguamento de entidades potencialmente nefastas (vistas como responsáveis voluntárias ou involuntárias) e encaradas como alguém não vulnerável a uma simples intimação verbal. Entidades, estas, objeto (muitas vezes) de processos concecionais de personalização.
Algumas (como a lua) constituem, provavelmente, sobrevivências de ações ancestrais relacionadas com potestades pré-cristãs ligadas, especialmente, às energias cósmicas.
Outras, como nas “sezões”, percebem-se, aí, eventuais persistências de entidades telúricas.
9 - Morte/renascimento
Finalmente, um outro tipo ancestral de magia simpática é aquele que podemos entender como uma recriação ritual* da morte/renascimento.
Não deixa de funcionar por analogia e semelhança (aqui, contudo, referentes ao tempo primordial) mas, neste caso, num contexto mítico especialmente simbólico. O novo nascimento faz morrer o homem velho e emergir o novo; supostamente imaculado e despojado de todos os males.
Constitui, assim, mais que uma mera prática de cura: um anular regenerativo de todos os males e deficiências, originais ou entretanto adquiridos. O indivíduo renasce de novo imbuído, plenamente, da perfeição dos primórdios.
No contexto terapêutico popular era comummente realizado com crianças (mais próximas ainda do momento de nascimento, que assim se repetia) mas abrangia, principalmente em tempos idos, igualmente os adultos sendo, aliás, usual em muitas religiões ancestrais. Persiste ainda, entre nós, em singulares práticas terapêuticas, cuja magia radica na intensa energia que se liberta da morte/criação de uma nova vida.
Por isso, nalgumas doenças (como o “quebrado”), se passavam as crianças por entre um ramo de silvão, carvalho, vime ou videira, aberto, de um lado para o outro, por indivíduos que serviam de “padrinhos” (nalguns casos os próprios padrinhos) frequentemente possuindo nomes propiciatórios, enquanto se entoava uma cantilena apropriada.
Em suma, de tudo isto (e não só) são feitas as componentes operativas dos rituais curativos: de gestos e ações que, com operacionalidades mágicas, se interligam em estreita simbiose e, procuram nas mais diversas substâncias que a natureza oferece, a marca de transcendentalidade capaz de provocar os efeitos desejados.
Afinal, para o homem tradicional, o mundo era composto de uma infinita e multifacetada profusão de perigos (que o envolviam, inquietavam e, quantas vezes, aterrorizavam) não admirando que a multiplicidade de práticas terapêuticas apenas tivesse limite nos incomensuráveis limites da imaginação humana: fórmulas e rituais mágicos, esconjuros e exorcismos, ações físicas, anatómicas e alimentares, apelos e encomendações religiosas ou dirigidas às potências cósmicas ou naturais mais ou menos divinizadas.
E, ainda, feitiços e contrafeitiços, apaziguamentos diversos, sacrifícios, recorrências a relíquias sagradas e utilização de substâncias naturais da mais diversificada natureza e aplicabilidade.
Todos, exprimem um carácter empírico e utilitário, que se funda na natureza multivalente (e, às vezes, ambivalente) do sagrado e se traduz em estratégias de manipulação de energias mágicas (religiosas ou não) bem como numa variada aplicabilidade das substâncias naturais, também elas, afinal (nos tempos de recolha e utilização e nos processo rituais de aplicação) reveladoras de uma clara virtude metafisica.
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-19704749930151135802017-09-14T14:28:00.002-07:002017-09-14T14:28:16.570-07:00A Grande Guerra e as aparições de Fátima <!--[if gte mso 9]><xml>
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Pode dizer-se, de forma
sintética, que a história política do século XIX constitui uma luta contínua
entre (por um lado) o liberalismo, assente no papel da burguesia e defendendo a
autonomia do poder temporal e, por outro, filosofias conservadoras em que a
nobreza e a Igreja funcionam numa sintonia mais ou menos orgânica, como
orgânica é a relação (poder-se-á dizer antidemocrática) entre a lógica de
sucessão aristocrática e a fórmula de ocupação dos cargos clericais.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na verdade, tanto no sistema
aristocrático como na igreja, o poder (logo o exercício do poder) decorre de
Deus, seja por direito familiar seja por inspirada escolha dos seus pares.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ora, para a burguesia, liberal e
racionalista, a origem primeva dos poderes irá transitar ideologicamente de
Deus para a Nação, com todas as implicações daí resultantes.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-indent: 35.4pt;">
<b>O anticlericalismo republicano</b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
É este o
contexto que a República (no inicio de novecentos) vai encontrar e, em relação
ao qual, irá atuar. Imersos num processo revolucionário cuja febre se apodera
do país, os republicanos identificam a Igreja com a Monarquia e irão agir em
consonância.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Afinal, embora a esmagadora
maioria do povo seja católica, os sectores progressistas e intelectuais e a
opinião pública urbana (ou, se quisermos, aquela parte da população urbana que
tem opinião) nutrem, nessa época, um forte sentimento anticlerical.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ora, a Concordata de 1848, tinha
aberto caminho a uma reafirmação do poder e influência tradicionais da Igreja;
cujo prestígio (pelo menos no interior rural) permanecerá inalterado e, talvez
até reforçado, pela hostilidade liberal.</div>
<div class="MsoBodyText">
Regressadas, as ordens religiosas voltam a enriquecer,
enquanto a nomeação secular dos bispos não impede uma cada vez maior obediência
ao Vaticano. As escolas permanecem nas mãos da Igreja. Os cerimoniais
religiosos continuam, afinal, a consagrar o ciclo de vida das populações. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E se os liberais tinham encarado
a teologia como boa e a sua aplicação como má, os republicanos vão bem mais
longe: considerando, simplesmente, que “<i>a igreja não tem lugar na sociedade<sup>1</sup>”</i>!</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Expulsam, de novo, os jesuítas<sup>2</sup>,
separam a Igreja do Estado, despojam a mesma dos lugares de culto, proíbem o
ensino da religião nas escolas públicas, publicam a lei do divórcio, acabam com
os dias santos, exigem permissão para o exercício do culto, proíbem os símbolos
religiosos nos lugares públicos, etc.,..</div>
<div class="MsoBodyText">
Uma política radical destas, irá impressionar fortemente
as massas católicas, em grande parte ruralizadas. Que não compreendem as razões
sociais de tais estratégias e veem, em tudo isto, a obra do demónio. </div>
<div class="MsoBodyText">
Estados emocionais ir-se-ão radicalizar e exacerbar,
criando na população como que uma convicção plena de que estava a chegar o “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">reino do anti-cristo”.</i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> <b> </b></span><b>A
entrada na guerra</b><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
Em Março de 1916,
Portugal entra na Grande Guerra. Tal facto há-de ser aproveitado pela Igreja e
levá-la, “<i>juntamente com elementos laicos que lhe são afectos, a retaliar,
aproveitando naturalmente o aumento de religiosidade popular </i>{ou, se
quisermos, com mais rigor, o aumento popular de religiosidade}<i> que
acompanhou a entrada na guerra”.</i></div>
<div class="MsoBodyText">
A falta de referenciais simbólicos patrióticos ligados à
República, uma propaganda ineficaz e um exército pouco motivado (ligado que
estava ao ruralismo religioso e monárquico) colocam a Igreja como opositor
privilegiado<sup>3</sup>.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A falta de alimentos agrava a
conflitualidade latente. A igreja pintará de negro, ainda mais negro, a
situação existente. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Desencadeiam-se então motins
populares reprimidos, duramente, pelas forças da ordem, Movimentos grevistas,
já minimamente organizados, vão contribuir igualmente para alargar tais
agitações às zonas urbanas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A hostilidade atinge níveis
elevados de intensidade. O clero, cerceado nos seus rendimentos e sentindo
diminuir a frequência à missa, reforça a ofensiva. Nos púlpitos, os padres
pregam abertamente contra a República. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na zona de Fátima a situação não
é diferente. Situação que há-de levar à prisão do pároco de Fátima, do seu
superior imediato o Padre Faustino, do Vigário do Olival e, até, daquele que
virá a ser, posteriormente, o Bispo de Leiria.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Afinal a Primeira Guerra Mundial
onde perderam a vida centenas de milhares de soldados, constituiu para as
populações europeias (mesmo aquelas de que dela participaram à distância) uma
página extremamente negra da história europeia.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Numa guerra de trincheiras em que
dezenas de milhares de homens morriam, nalguns casos, para conquistar uns
metros de terreno ou um ponto estratégico mais elevado (que algumas vezes se
voltava a perder rapidamente) os soldados eram nessa altura, literalmente,
carne para canhão.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Marcado pela fome e respectivo
racionamento, o terror da mobiliação punha em desespero, próprios e familiares.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Terror que tinha evidente razão;
o índice de mortes era aterrador.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E é neste contexto que, em Maio,
surgem as aparições. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A Virgem e a menina</b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
Pode dizer-se, a
propósito, que as aparições constituem manifestações hierofânicas decorrentes
de determinadas condições sociais, assentes em catalisadores culturais bem
definidos e tendo como elemento polarizador a personalidade do vidente!</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As divindades aparecem sempre aos
seus particulares devotos ou, em casos especiais, antagonistas; indivíduos que
com eles possuem intensas conexões positivas ou, ocasionalmente, negativas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As suas configurações refletem sempre
os modelos estereotipados que imagens e gravuras iconográficas apresentam em
templos ou edições canónicas e que impregnam, fortemente, o folclore religioso
local</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
Corria, então, o
ano de 1917 e o país encontrava-se mergulhado na tal conjuntura social e
política difícil; envolvido externamente na Grande Guerra e internamente numa
acesa conflitualidade entre o Governo da República e a Igreja. Tudo isto no
contexto de um tecido social ruralista e conservador, de incipiente nível
educacional e em que as sucessivas homilias dos milhares de igrejas, todos os
domingos condicionavam, fortemente, mentes e corpos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Preocupado com a guerra, o Papa
Bento XV envia, em 5 de Maio, uma missiva/apelo aos católicos de todo o mundo,
para participarem, numa cruzada de orações, dirigidas à Virgem,<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>cujo objetivo era fazer<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> “conhecer aos episcopados do mundo inteiro
o nosso ardente desejo de que se recorra ao coração de Jesus, trono de graça e
a que a esse trono se recorra por intermédio de Maria<sup>4</sup>”.</i> </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um pedido expresso papal concretizado
numa linear ordem litúrgica: nas litanias à Virgem, dever-se-ia, daí em diante,
acrescentar: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rainha da Paz! Rogai por
nós! </i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para os crentes existia uma óbvia
discrepância e um “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">quase sacrilégio entre
as palavras da Virgem e a insistência do Governo em enviar mais 4000 homens
para França<sup>5</sup>”.</i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Deste modo, desde o início,
Fátima (tal como, noutro contexto, La Salette e Lourdes) que, é um facto,
constituiu um inegável manifesto contra a estrutural laicização em curso que a
República personificava, utilizará a guerra como elemento agravante na
formulação explícita do libelo acusatório.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
Esta mensagem
foi, provavelmente, transmitida em Fátima na missa de domingo, a 13 de Maio.
Diz Alfaric (e não é propriamente difícil concordar com ele) que, tudo leva a
crer, a mesma terá sido, aí, “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">comentada
pelo pároco sob uma forma simples e ingénua, como convinha ao auditório
respectivo<sup>6</sup></i>”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ora, Lúcia, tinha um irmão na
iminência de ser mobilizado e, também por isso, é de admitir como muito
provável que tal problemática a tivesse afetado e impressionado de forma muito
particular.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fosse como fosse, numa vivência
campestre extremamente dura, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dia do
senhor</i> não obstava a que o gado tivesse de ser alimentado, assim se
compreendendo que, após o serviço religioso, Lúcia e os primos se aprestassem a
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">tirar os rebanhos</i> para os levar a
pastar, durante algum tempo, no local habitual.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ao meio-dia (dizem as crónicas)
os três rezam e comem. Não custa adivinhar que a problemática da guerra e da
possibilidade da intervenção divina esteja de alguma forma presente, explícita
ou implícita, na citada oratória e, naturalmente, nas respectivas mentes
infantis.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não nos esqueçamos que estamos a
falar de crianças; cujo mundo se resume ao que os seus sentidos percecionam, a
um imaginário cultural que as envolve e a uma educação quase exclusivamente
religiosa. Crianças, em que o real e o simbólico de uma teologia
necessariamente prosaica, se confundem em inconsciente simbiose.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
De repente, um relâmpago cruza os
céus. Fogem com os animais para casa mas surge um segundo relâmpago e depois um
terceiro, que quase os cega.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E é nessa altura que, segundo
Lúcia, ela vê uma figura feminina aparecer sobre a forma de uma luz
resplandecente. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E assim se inicia um processo
que, após algum tempo de hesitação e desenvolvimentos algo inesperados, há-de
levar ao reconhecimento dos fenómenos por parte da Igreja e após um processo
gradual de adequação dos testemunhos (que termina, apenas, duas décadas atrás),
criar as condições que hão-de conduzir à construção, material e espiritual, do
grande santuário aí existente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Entre Maio e Outubro as notícias
espalham-se rapidamente num tecido social e numa conjuntura, social e política,
propícia. O número de peregrinos aumenta vertiginosamente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Em Outubro a anunciada revolução bolchevique
na Rússia (cujo temor configura já os respectivos fenómenos fatimitas), agrava
ainda mais a inquietação e incrementa o pânico do comunismo; visto, este, como
a encarnação mais completa do Diabo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E é afinal, nesta época de
especial perturbação, interna e externa, que Fátima irá caldear as suas
condições de afirmação.</div>
<div align="left" style="margin-top: 12.0pt; text-align: left; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt;">O fim da guerra</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
Um dos temas de
diálogo entre Lúcia e a Virgem será, como se sabe, o fim da guerra. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
A previsão mais
famosa das mensagens fatimitas teve a ver, precisamente, com a ansiada data do
fim do conflito.</div>
<div class="MsoBodyText">
Aliás, talvez nenhum outro aspeto tenha contribuído tanto
para desprestigiar os fenómenos fatimitas (principalmente entre os não crentes)
como a previsão do fim da Grande Guerra, anseio, à época, particularmente
premente.</div>
<div class="MsoBodyText">
Afinal, o conhecimento do futuro foi sempre, em todas as
sociedades, um desiderato de especial importância e, o seu alegado sucesso,
condição de excecionalidade sempre prodigiosa.</div>
<div class="MsoBodyText">
E, de uma forma ou doutra, sempre a premonição, feita
muitas vezes profecia, esteve ligada ao transcendental; religioso ou não,
doutrinário ou não! De uma maneira geral, as potestades apresentam-se como
detentoras do conhecimento de um futuro visto sempre como determinável e, do
qual, de alguma maneira, são igualmente artífices.</div>
<div class="MsoBodyText">
A sua revelação é, contudo, naturalmente interdita. A não
ser, é claro, em ocasiões muito especiais; a confidentes muito especiais!</div>
<div class="MsoBodyText">
O anúncio do fim da guerra, feito pela Virgem a Lúcia,
pretendia ser, assim, mais um milagre pretensamente probatório da excecionalidade
divina das epifanias fatimitas.</div>
<div class="MsoBodyText">
Pretendia,.. mas não foi!</div>
<div class="MsoBodyText">
Porque, ao contrário das profecias pitonísicas, esta,
falha redondamente!</div>
<div class="MsoBodyText">
Porque veiculado por uma adolescente, inculta, embora
convicta da sua singularidade, não se encontrava dotado dos mecanismos
preventivos necessários que pudessem obstar à uma eventual desacreditação<sup>8</sup>.
</div>
<div class="MsoBodyText">
Faltava-lhe o carácter de contingência que é próprio dos
mecanismos premonitórios desde o início dos tempos. A saber; uma profecia
difusa e eventual, de multiplicidade interpretativa e eivada de
condicionalismos funcionais que, em si mesmos, constituam defesas necessárias
(e, quase sempre, suficientes) contra resultados imprevistos e indesejáveis<sup>9</sup></div>
<div class="MsoBodyText">
Aqui, a revelação (feita premonição), é simplesmente
linear: “<i>a guerra acaba hoje; esperem cá pelos militares muito em breve”</i>,
afirma perentoriamente a <i>Senhora</i>, tal como Lúcia revela, ao padre
Marques Ferreira (um dos autores mais fiáveis), escassos dias após o
acontecimento<sup>10</sup>.</div>
<div class="MsoBodyText">
Mas, já no próprio dia treze, interrogada pelo Cónego
Formigão, tinha declarado ao mesmo, e cito: “<i>que a guerra acabaria ainda
hoje e esperássemos pelos nossos soldados muito em breve<sup>11</sup></i>”. </div>
<div class="MsoBodyText">
O mesmo diz, aliás, Avelino de Almeida, enviado especial
do Jornal O Século e testemunha direta, referindo-se ao que ouviu, precisamente
a 13 de Outubro, na Cova da Iria: “<i>Lúcia fala com a Virgem e anuncia, em
ademanes teatrais, (..) que a guerra terminara e que os soldados iam regressar<sup>12</sup></i>”.
</div>
<div class="MsoBodyText">
Bem, ainda, como o padre Ferreira de Lacerda, em inquérito
efetuado ainda durante o mês de Outubro, onde a vidente volta a afirmar que a
Virgem lhe dissera “<i>que a guerra acabaria ainda hoje e que esperássemos
pelos nossos militares muito em breve<sup>13</sup></i></div>
<div class="MsoBodyText">
Não é assim de admirar o incómodo com que esta
problemática tem sido tratada. Incómodo já presente no jornal católico O
Mensageiro de Leiria que, a 18 de Outubro de 1917 (quando já se sabia que a
guerra não terminara), e numa interpretação muito livre, traduz tal revelação
da seguinte maneira; “<i>a guerra acaba por estes dias, brevemente os soldados
regressam a Portugal</i><sup><span style="mso-bidi-font-style: italic;">14</span></sup><i>!</i></div>
<div class="MsoBodyText">
Até porque, não conscientes do imbróglio que criaram, as
crianças (principalmente Lúcia), insistem em afirmar que a Virgem tinha
anunciado o fim da guerra para próprio dia 13 de Outubro.</div>
<div class="MsoBodyText">
Por exemplo, em dezanove do mesmo mês, o Cónego Formigão,
incomodado naturalmente com a imprecisão factual, volta a interrogar Lúcia
acerca das palavras precisas que a divindade pronunciara. Esta responde-lhe: “<i>disse
assim; a guerra acaba ainda hoje. Esperem cá pelos vossos militares muito em
breve</i>”.</div>
<div class="MsoBodyText">
Bem se esforça Formigão por obter resposta diferente ou
que, pelo menos, pudesse ser objeto de diferente interpretação.</div>
<div class="MsoBodyText">
<i>- “Algumas pessoas afirmam que te ouviram dizer, nesse
dia, que Nossa Senhora tinha declarado que a guerra acabava brevemente. É
verdade!”</i></div>
<div class="MsoBodyText">
<i>- “Eu disse, tal e qual, como Nossa Senhora tinha
dito!”</i></div>
<div class="MsoBodyText">
E só após pacientes e demoradas insistências consegue que
a mesma admita que pode estar enganada:</div>
<div class="MsoBodyText">
<i>- Não me recordo já bem como ela disse. Poderia ter
sido isso, não sei... talvez não entendesse bem a Senhora<sup>15</sup></i></div>
<div class="MsoBodyText">
E foi tudo o que Formigão conseguiu, neste processo de
inquirição eivado de induções e de, implícitas e, explícitas, sugestões.</div>
<div class="MsoBodyText">
À distância, o que se pode deduzir daqui, é que a
convicção de Lúcia (tivesse ela a origem que tivesse) se manifesta como
substancial. Aliás, ser submetida a sucessivos interrogatórios por personagens
particularmente temerosos na sua respeitabilidade e continuar a afirmar,
sucessivamente, a “sua verdade”, é algo digno de registo. </div>
<div class="MsoBodyText">
Comprova assim, de alguma forma, não só a firme convicção
que é própria dos videntes em geral mas, igualmente, as idiossincrasias que
normalmente lhe são imputadas: um carácter pouco impressionável e uma vontade
especialmente forte.</div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
Postas as coisas nestes termos, não é assim de admirar que
o processo de credibilização vintista tenha, igualmente, gerado tentativas
canónicas diversas destinadas, se não a ultrapassar as incongruências
existentes, pelo menos a revesti-las de uma dúvida minimamente razoável.</div>
<div class="MsoBodyText">
Por exemplo, em 1924, Lúcia deporá num inquérito com esse
propósito e aí afirmará, tentando (dir-se-á) dourar a pílula: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">parece-me que a Senhora disse: a guerra
acaba hoje mas, minha prima Jacinta, disse-me em casa, que a Senhora falou
assim: convertam-se que a guerra acaba dentro de um ano<sup>16</sup>!</i>”</div>
<div class="MsoBodyText">
Tudo isto, não o esqueçamos, quando Jacinta tinha falecido
já há muito e há muito se sabia, naturalmente, quanto tempo, ainda, tinha
durado a guerra.</div>
<div class="MsoBodyText">
Contudo, mesmo esta tentativa (algo desconexa) acaba por
se revelar insustentável. Na verdade, a própria Jacinta, no referido 19 de
Outubro de 1917, inquirida igualmente pelo Cónego Formigão (que lhe fazia notar
que a guerra continuava, à revelia do que ela e a prima tinham afirmado), dirá
a propósito, num diálogo surrealista que só a ingenuidade infantil pode
explicar: </div>
<div class="MsoBodyText">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">- Nossa Senhora
disse que quanto chegasse ao céu a guerra acabava.</i></div>
<div class="MsoBodyText">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">- Mas a guerra não
acabou!</i></div>
<div class="MsoBodyText">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">- Acaba, acaba - </i><span style="mso-bidi-font-style: italic;">insiste a pequena na simplicidade dos seus
sete anos.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">- Mas, então, quando
acaba?</i></div>
<div class="MsoBodyText">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">- Cuido </i>{penso}<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> que acaba no domingo<sup>17</sup>!</i></div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
Insustentáveis, ou não, tais adequações acabarão por, à
falta de melhor, atenuar a incongruência de uma inexatidão de facto,
extremamente gravosa da credibilidade dos fenómenos. </div>
<div class="MsoBodyText">
Incongruência que, afinal, só poderia acarretar duas
explicações: ou a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Senhora</i> mentiu ou
enganou-se (e deste modo não seria uma divindade) ou Lúcia mentiu ou enganou-se
e, deste modo, punha em causa a fiabilidade não só das aparições mas, e
principalmente, dos diálogos aí travados, de que é, quase em absoluto, única
sustentadora.</div>
<div class="MsoBodyText">
Compreende-se, assim, porquê o Cónego Formigão, que bem se
esforçou (neste como noutros casos), por adequar convenientemente os
testemunhos, reconhecerá em 1921, na primeira obra publicada sobre Fátima, ao
analisar as diferentes opiniões que estes acontecimentos geraram no seio da
igreja: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">as affimações das creanças
relativas ao próximo fim da guerra contribuíram para essa divergência de
opiniões<sup>18</sup></i>”.</div>
<div class="MsoBodyText">
Deste modo, as décadas seguintes hão-de assistir a um
suceder de alegadas explicações, algumas particularmente imaginativas, numa
tentativa desesperada de explicar o inexplicável.</div>
<div class="MsoBodyText">
O resultado podemos encontrá-lo, já em 1954, numa
afirmação atribuída a Lúcia: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Devido
talvez a preocupar-me com a preocupação das diversas graças que tinha para
pedir a Nossa Senhora, houve engano de entender que a guerra acabara no próximo
dia treze<sup>19</sup></i>”.</div>
<div class="MsoBodyText">
Por isso as versões (pelo menos oficiosas) deste episódio,
hão-de alterar as palavras supostamente divinas por outras menos problemáticas.
A exemplo de Deidre Manifold, uma escritora apologética, cuja versão moderna é,
na verdade, bem mais conveniente: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">a
guerra vai acabar e os militares voltarão, em breve, para casa<sup>20</sup></i>”.</div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
Mas a problemática da guerra não vai ficar por aqui.
Impregnará, por gradual afetação, os famosos três segredos de Fátima; (questão
desenvolvida muito mais tarde), nomeadamente no que concerne à componente <i style="mso-bidi-font-style: normal;">visão do Inferno.</i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Afinal, só em 1941 tal temática adquirirá
contornos de elaboração e adequação doutrinária, embora naturalmente
contextualizados pela conjuntura temporal. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fica-se assim a saber que o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">primeiro segredo</i> é, não só uma descrição
do inferno, mas inclui, ainda, uma vertente profética, que a sua divulgação,
posterior aos acontecimentos, permite ser agora mais certeira<sup>21</sup>!</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">A guerra vai acabar</i> {a Primeira Guerra Mundial assinale-se}<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> mas no reinado de Pio XI, começará outra
pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida sabei que é o
grande sinal que Deus dá<sup>22</sup>”.</i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se acreditarmos que estas
revelações são oriundas de 1917, apesar de (por insondáveis desígnios divinos)
só se terem tornado públicas depois dos acontecimentos se terem verificado
então, teremos igualmente de admitir que as mesmas não só previram o início da
Segunda Guerra Mundial, como também a aurora boreal que a anunciou e, ainda,
que o papa que reinaria, nesse tempo, teria o nome de Pio XI!</div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
Seja como for, pode dizer-se que a questão da guerra é
transversal a todos estes episódios primevos que criaram o grande altar do
mundo que Fátima, hoje, é.</div>
<div class="MsoBodyText">
Fator causal e configurador dos referidos episódios, pode
dizer-se que, sem a Grande Guerra <span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">(</span>e, já agora, sem a conflitualidade com o Governo Republicano),
esta dificilmente aconteceria. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Afinal, Fátima é a expressão
promovida de acontecimentos hierofânicos várias vezes verificados e repetidos,
em diversos tempos, com diversas configurações e em diversificados cenários
conjunturais e socioculturais.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">[1]</span></span></span></span></span><span style="font-size: 10.0pt;"> Manuel Tiago Martins, op, cit., p. 26.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">2
Desde que estrangeiros ou naturalizados. Aliás pela importância que tinham na
Igreja portuguesa, os jesuítas foram, diversas vezes, usados como bodes
expiatórios e expulsos do país. Pela Monarquia Absoluta, pelos liberais e,
neste caso, pela República.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">3
Filipe Ribeiro de Menezes. op. cit., p. 134.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">4
Cónego Barthas, op. cit., pp. 10 e 11.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">5
Filipe Ribeiro de Menezes. <span style="mso-bidi-font-style: italic;">União
Sagrada e Sidonismo: Portugal em Guerra</span>, op. cit., p. 133.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">6 Prosper Alfaric, op. cit.,
p. 38.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">7
Cónego Barthas, op. cit., p. 265.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 10.0pt;">8 Aliás se pretendesse-mos
um fator validador da hipótese taumatúrgica auto-induzida, uma profecia destas
serviria, perfeitamente, de exemplo cabal. Nenhuma divindade erraria dessa
maneira, nenhuma conjura clerical cairia na asneira de prever, de forma
absoluta, algo que não estava nas suas mãos acontecer. Por isso Ilharco (adepto
desta última) é obrigado a considerar tal afirmação como constituindo uma
decisão autónoma de Lúcia; independentemente das, por si defendidas,
orientações clericais. Na verdade, a afirmação é de Lúcia (como, provavelmente,
todo o processo) talvez aqui entusiasmada com a crescente importância dada às
suas palavras, susceptíveis de a fazer acreditar cada vez mais em si e na
construção mística que ia criando. Além disso, não podemos esquecer que estamos
a falar de crianças de tenra idade, pouco instruídas, cujo imaginário se resume
ao tradicional coletivo e àquilo que a família e a Igreja lhe iam transmitindo.
Crianças que tinham natural dificuldade em separar a imaginação da realidade.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 10.0pt;">9 Por exemplo, aquele que
(embora sem carácter profético), é aplicado às respostas da <i>Senhora </i>(nas
aparições propriamente ditas), às solicitações de curas por parte de Lúcia. “<i>Daqui
a um ano encontrará melhoras</i>” diz a <i>Senhora;</i> expressão dúbia com
resultados que podem significar muitas coisas e, ser interpretados, de muitas
mais. Ou, então, “<i>se se converter, curar-se-á durante um ano</i>”,
concretizando-se agora o ato e o tempo mas fazendo depender tal desfecho de uma
condição, em rigor absoluto, nunca comprovável.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 10.0pt;">10 Padre Marques Ferreira,
Pároco de Fátima: in Costa Brochado; Fátima à Luz da História, op. cit., pp.
325 e seguintes.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 10.0pt;">11 Visconde de Montelo, As
Grandes Maravilhas de Fátima, op, cit., p. 99.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 10.0pt;">12 Avelino de Almeida, Jornal
O Século de 15 de Outubro de 1917.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 10.0pt;">13 Padre Ferreira de
Lacerda, Jornal O Mensageiro de Leiria, nº 160, de 2 de Novembro de 1917.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 10.0pt;">14 Jornal O Mensageiro de
Leiria, nº 158, de 18 de Outubro de 1917.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 10.0pt;">15 Visconde de Montelo, op,
cit., p. 109.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 10.0pt;">16 Revista Brotéria de Maio
de 1951, p. 519.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 10.0pt;">17 Visconde de Montelo, As
Grandes Maravilhas de Fátima, op, cit., p. 117.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 10.0pt;">18 Visconde de Montelo, Os
Episódios Maravilhosos de Fátima, op, cit., p. 10.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 10.0pt;">19 Visconde de Montelo,
citado em Fátima Altar do Mundo, fasc. XVI, op. cit., p. 96.</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span style="font-size: 10.0pt;">20 Deidre Manifold, Fátima;
a Grande Conspiração, op, cit., p. 23.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">21
Enfim, não tão certeiro como isso no que respeita ao fazer coincidir o início
da Segunda Guerra Mundial com o pontificado de Pio XI.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">22
Terceira Memória de Lúcia, op, cit., p. 219.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-30512488972046467882017-09-14T14:23:00.001-07:002017-09-14T14:23:08.494-07:00Inferno na Terra<!--[if gte mso 9]><xml>
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<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
No mar de chamas em que o país tem estado mergulhado, continua a notar-se,
hoje como ontem, nos mais diversos jornalistas e politólogos de serviço, uma
excessiva postura analítica de conjunturalidade.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Conjunturalidade, que se funda numa opção consciente de crítica às
situações próprias do momento (sempre da responsabilidade, dos famigerados, opositores
políticos) e esquecendo, situações estruturais diversas, que permitem que, nestes
fenómenos, independentemente de eventuais falhas de comunicação ou de enviesados
contratos de meios aéreos ou de apoio logístico às forças no terreno (que,
naturalmente, devem ser investigados), sejam visualizadas causas
proporcionadoras bem mais abrangentes, persistentes e profundas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Porque é de causas proporcionadoras que falamos. Catalisadoras ou,
simplesmente, facilitadoras.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
E porquê, afinal, toda esta ligeireza?</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Porque uma análise mais alargada no tempo (diacrónica, se quisermos) pode
fazer remontar culpabilidades ao tempo em que (na nossa habitual alternância partidária)
alguns dos críticos individuais ou institucionais de hoje eram, afinal,
responsáveis de ontem. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Ou, porque, achamos que tal corresponde, indiretamente, a uma intenção
de desculpabilização dos atuais governantes.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Ou, já agora, porque as questões estruturais não se reconhecem numa
temporalidade eleitoral; leia-se, eleitoralista.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Daí, o debate, esquecer, quase sempre, as mais importantes causas em
presença. Estruturais, globais e anualmente agravadas. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Causas que começam, logo, pelo aquecimento global. De que muito se fala
em termos teóricos e globais (ecologicamente corretos) mas que, pelas razões
expostas e não só, nos esquecemos de relevar a sua evidente influência operativa,
aqui e agora. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Aquela que torna usuais temperaturas de quarenta e muitos graus;
algumas décadas atrás praticamente insólitas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E que torna as formas
tradicionais de combater os fogos pouco adequadas a estas novas condições
climatéricas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Causas que se relacionam, igualmente, com a desertificação do interior;
em função do qual o, ciclicamente badalado “Ordenamento do Território” surge, em
grande parte, como uma espécie de miragem. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Primeiro, porque qualquer intervenção significativa neste domínio
implica grandes e demorados investimentos e um, ainda mais demorado,
desfasamento entre os mesmos e eventuais resultados visíveis. É, portanto, uma
opção que não comtempla, facilmente, as habituais temporalidades que norteiam a
nossa classe política.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Segundo, porque necessitamos, pura e simplesmente, de ordenar quase
todo o território nacional. Principalmente o interior desertificado e deixado,
há décadas, entregue ao crescimento desordenado de mato e arvoredo.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Em que a crescente ausência das populações acarretou um enorme
problema demográfico e territorial. Não só no proliferar descontrolado de
árvores e mato particularmente consumíveis (que, esclareça-se, ocupam hoje não
só as anteriores zonas florestais como, ainda, uma parte, cada vez maior, de
espaços que estavam ocupados com aldeias (hoje desertas), hortas, lameiros,
pastagens, zonas cultiváveis e frutíferas), como ainda tem levado,
naturalmente, ao mais completo abandono da limpeza das matas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Situação que não se resolve, só por si, com leis que obrigam à sua
limpeza. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Até porque as mesmas, em muitas zonas do país, não são, sequer,
exequíveis.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Afinal, grande parte dos detentores de terras do interior (fundiariamente
microdivididas) está ausente temporária ou definitivamente (da região ou do
país) e, alguma dela, até já deste mundo. Os seus descendentes cortaram,
quantas vezes, as relações com muitos pedaços de terra dos quais, às vezes, nem
sequer conhecem a localização.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
E, a cada vez mais exígua população residente, é constituída por
pessoas idosas e empobrecidas que não possuem condições para limpar os seus
terrenos (nalguns casos nem, sequer, do próprio quintal), e, ainda menos, pagar
a alguém que o faça.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É esta a situação deplorável que
décadas de incúria provocaram.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Causas, finalmente, que assentam na inadaptação da justiça a este
tipo de crimes. Que o país ainda não percebeu (ou não quer perceber), não podem
continuar a ser tratados como até aqui. Não só porque estes têm, hoje, uma
consequência incomensuravelmente maior, como é este um sector no qual operam
(há décadas) diversas organizações criminosas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Não são, assim, apenas questões psíquicas e patológicas as aqui envolvidas.
Mas, sim, um verdadeiro crime organizado.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
As investigações têm, portanto de ir mais fundo e mais longe e as
sanções tem de ser mais pesadas e, principalmente, adequadas a este tipo de
crime. Eventualmente, sei lá, fazer os pirómanos pagar as penas de prisão nos
meses anuais propícios aos incêndios<sup>*</sup>.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Afinal, este é um crime em que todo o território constitui uma
potencial área de vulnerabilidade. E não pudemos fiscalizar, total e
absolutamente, todos os cantos e recantos deste país.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Onde, a esmagadora maioria da população vive hoje num quinto do
território; com todos os problemas de concentração demográfica daí resultantes.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Enquanto no resto do país, em povoações em estado acelerado de
desaparecimento, subsistem (num limbo existencial) escassos idosos,
especialmente vulneráveis ao abandono, a ações criminosas e aos efeitos
dramáticos das mais diversas intempéries. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
E, enquanto isto, vamos alimentando estéreis e levianas guerrilhas
partidárias que, para mais não servem, muitas vezes, que tomar a “pole
position” na grelha de partida acusatória. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Acusar o outro; antes que me
acuse a mim. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">*Há um ano, precisamente
(num artigo de opinião publicado num periódico regional) advogava, já, esta
opção penal. Soube agora que o Parlamento acabou de aprovar uma lei para obrigar
os piromaníacos a prisão domiciliária, com pulseira eletrónica, durante o
período dos incêndios.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">A ideia é a mesma,
embora, não se tenha ido tão longe. Afinal, a pulseira, não obsta, em absoluto,
que os ditos continuem a atear fogos. </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Apenas os coloca no
lugar; o que facilita a imputação de responsabilidades.Resta saber se, para
maníacos (pagos ou não), isso é assim tão importante. </span></i></div>
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-60044775021587267692017-05-14T11:08:00.000-07:002017-05-14T11:08:13.494-07:00A 13 de MAIO na COVA da IRIA <br /><!--[if gte mso 9]><xml>
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<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
Após
o recente lançamento público do meu livro "A 13 de MAIO na COVA da
IRIA" acontecido, sábado, dia 13, na FNAC do Colombo, em Lisboa, será
brevemente realizada uma, já divulgada, apresentação pública do mesmo, no
próximo sábado, dia 20 de Maio, às 16 horas, na Sala de Leitura Bernardo
Santareno, em Santarém.</div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
A
obra, de cerca de 280 páginas, tem a chancela da Ego Edições e debruça-se sobre
a problemática das aparições de Fátima numa perspectiva antropológica.</div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
As
razões sociais culturais e políticas que desencadearam os fenómenos, a idiossincrasia
dos videntes, a natureza dos testemunhos e os posteriores mecanismos de construção
ideológica do santuário constituem matéria que, objeto de análise metodológicas
a partir dos dados disponíveis, fornecem uma sustentada versão científica.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Apresenta-se
afinal, este estudo, como uma tentativa de enquadrar antropologicamente os
fenómenos fatimitas, num contexto cultural, temporal e territorialmente bem
definido. Não só nos momentos das suas epifanias primevas mas, ainda, durante o
sequente processo adequador que, iniciado na década de vinte de novecentos, há-de
chegar até meados do mesmo século.</span></div>
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<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">1 - Para
quem não o conhece, quem é Aurélio Lopes?</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">As auto caraterizações são quase sempre pouco rigorosas e pouco sinceras,
já agora. Portanto (e para falar apenas da valência cultural) poderei dizer que,
mais que alguém que é um observador da realidade por disposição, sou professor
por opção e, essencialmente, investigador por vocação.</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">2 – Os
fenómenos religiosos, tais como as Aparições de Fátima, despertam a sua
curiosidade? O que vê nestes fenómenos que o fascina?</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Todas as áreas do conhecimento me fascinam. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Especialmente aquelas em que tentamos perceber o universo que nos envolve
e da qual somos parte ínfima; embora não irrelevante. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">E dentro dessas, aquelas que mostram que os Homens, desde sempre, lidaram
mal com respostas temporárias e parciais. E buscam na transcendentalidade (doutrinária
ou não) respostas acabadas e absolutas. </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">3 – Com a
publicação do livro “A 13 de Maio na Cova da Iria”, revela detalhes
desconhecidos do grande público sobre as Aparições de Fátima. Qual o impacto
que antevê que essas revelações possam ter na sociedade?</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Os detalhes (sejam eles quais forem) resultam da análise e interpretação de
documentos não herméticos ou ignotos e, portanto, à disposição de quem os procure.
As conclusões (sempre as possíveis) resultam, do enquadramento dos mesmos em
conhecimentos estruturais de base e da aplicação de conhecidos processos de metodologia
científica. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Não se trata, portanto, de nenhuma revelação ou inspiração divinas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Mais, com certeza, de uma certa dedicação e transpiração profanas.</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">4 – Pensa
que poderá haver alguma alteração da forma como o Santuário de Fátima e as
Aparições são percecionadas pelo público católico com a publicação deste
livro? </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Não acho que isso venha a ser muito visível. Para alguns servirá, com
certeza, como repensar de verdades que se julgavam pacíficas. Para outros, como
reforço (positivo ou negativo) de interpretações em aberto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Contudo tal tenderá a acontecer enquanto processos individuais e íntimos.
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Afinal, este estudo é mais uma contribuição no sentido de fornecer aos
crentes e não crentes uma outra forma de entenderem os respetivos fenómenos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Vivemos num mundo em que a nossa perceção se vai construindo a partir da súmula
de dados e opiniões a que vamos tendo acesso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Que este livro seja mais uma ferramenta para formarmos (ou reformarmos) as
nossas convicções.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">5 – A 13 de
maio deste ano, o Papa visita o Santuário por ocasião do centenário das
Aparições. Pensa que a Igreja poderá vir a canonizar os três pastorinhos sem a
necessária realização de um milagre por sua intercessão? </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Acho que a canonização é inevitável (até para abrir caminho à necessária
canonização de Lúcia</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">, de forma a prestigiar a personagem
que, afinal, esteve na origem do grande “altar do mundo” que Fátima, hoje, é.</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E
daí, também, a Igreja ter admitido canonizar, os ditos, mesmo na ausência do
determinante milagre probatório. Tal como, há algum tempo, o admitiu o Cardeal
português Saraiva Martins; responsável pela Congregação da Causa dos Santos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Mas não foi preciso recorrer a tal. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Foi tornado público, muito recentemente, </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">o despontar do
tão ansiado e conveniente milagre (relacionado com a cura, por intermediação
dos “pastorinhos”, de uma criança brasileira) confirmando-se, assim, o esperado
acelerar dos processos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
conheço, naturalmente, o plano de atividades da Igreja. Mas, de forma
conclusiva ou simplesmente de predisposição, esse será um assunto, aí, provavelmente
anunciado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">6 – Tem
planos para próximos títulos?</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Manter-se-ão na área temática da cultualidade popular. Entre outras
opções avulta o processo de investigação (já em curso) relacionado com o culto
peculiar de São Gonçalo, numa investigação transatlântica: leia-se efetuado,
simultaneamente, em Portugal e no Brasil; de forma convergente e numa óptica da
perceção dos processos e condições de mudança.</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<h2>
</h2>
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-90777387730298089772017-03-03T14:52:00.000-08:002017-03-03T14:52:43.374-08:00I Encontro de Cultura Popular do Ribatejo<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;"></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">-
Auditório Municipal, Barquinha, 24 de Junho de 2017 - </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Região especialmente heterogénea, o Ribatejo,
carece de uma análise social e cultural que permita perceber a sua matriz
conceptual em volta da qual a ideia de Região se estruture e desenvolva.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Se a
identidade cultural, seja a que nível de abrangência for, é feita de
identidades múltiplas, o Ribatejo pode e deve ser visto, precisamente, como oportunidade
e cadinho de análises experimentais multivalentes e diversificadas, como
diversificadas são as matrizes culturais e, até sociais, em presença.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Na sequência de anteriores ações, mais específicas,
desenvolvidas pelo Fórum Ribatejo, o I Encontro de Cultura Popular do Ribatejo (realizado
em parceria com a Câmara Municipal da Barquinha) surge, agora, como necessidade
de refletir o Ribatejo e dar mostra da produção teórica que os últimos anos têm
permitido fazer emergir nesta região.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Procura interrogar o que podemos compreender,
hoje, à luz dos mais atuais e diversos conhecimentos; em temáticas como identidade,
mitologia regional, trabalho, relações sociais e </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">de
género, saúde e alimentação.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Para
tal, ambiciona suscitar um diálogo aberto e partilhado entre investigadores
oriundos dos mais diversos campos científicos: das humanidades à geofísica, da economia
ao património e turismo e demais domínios do conhecimento.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Articulando, neste contexto,
o nosso passado histórico com o presente, procurar-se-á examinar as
representações diacrónicas do corpo social e cultural, da economia e
desenvolvimento regional e local, bem como questionar a importância dos fatores
identitários, enquanto mecanismos que, ontem e hoje, produzem ou não, em cada
um de nós, um sentimento de pertença. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Pretende-se perceber, ainda,
a importância histórico-cultural da matriz agrícola, numa região que aí assenta,
afinal, as condições primordiais da sua existência.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Com um leque temático abrangente e
interpelando investigadores de áreas diversas, o I Encontro de Cultura Popular
do Ribatejo visa, assim, lançar um debate que se mantém atual e que corresponde
aos interesses de um número crescente de investigadores e de público: </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Quais as razões que sustentam, hoje, a manutenção
de uma ideia de Ribatejo?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Isto, numa altura em que as regiões administrativas
terminaram, já, há muito e os próprios distritos (no nosso caso quase
coincidentes), desapareceram igualmente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Dirigindo-se, naturalmente, a todos os
profissionais das áreas da cultura e do social, assim como à comunidade
científica e, em especial, aos investigadores das áreas das ciências sociais,
professores dos diversos graus de ensino, técnicos culturais da administração
regional e autárquica e profissionais de turismo e património. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Todos os segmentos, afinal, de um público-alvo
particularmente alargado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Linhas temáticas</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">- As mitologias ribatejanas; funcionalidades ontem e hoje.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">- O trabalho e as relações de género na cultura ribatejana.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">- Terapêuticas, saúde e condições alimentares.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 18.0pt; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">- Identidades culturais e
variabilidades num contexto de contemporaneidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Informações complementares</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">O
prazo considerado para divulgação da respetiva iniciativa serão os meses de Fevereiro
e Março, período de tempo em que vigorará o prazo de inscrição para a
apresentação de comunicações a integrar nos trabalhos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">A
apresentação deverá constar de uma síntese até quinze linhas, título e
palavras-chave.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Deverá
ser, ainda, acompanhada de uma síntese biográfica curricular com o máximo de
doze linhas. As mesmas deverão ser acompanhadas de endereços de contacto
telefónico e de mail.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">A apresentação
de textos comunicacionais não apresentará, para o autor, quaisquer encargos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">No eventual
processo de seleção serão tidos em conta a respetiva ordem de entrada, aspetos
de adequação aos temas previstos e respetivas relevâncias.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Dos
resultados de avaliação serão fornecidas as devidas informações aos respetivos
candidatos, num prazo que decorre até ao dia 15 de Abril.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Contatos</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Mail de registo de
candidatura e de presença: </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>gabriela.rodrigues</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">@</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">cm-vnbarquinha.pt</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Telefones de contato e prestações
de esclarecimento:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>249 720
358/<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>927 410 436/966 765 309</span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2369389535778655546.post-51729387041589371842017-03-03T14:49:00.004-08:002017-03-03T14:49:43.172-08:00Quebrar vasilhas pelo Entrudo<!--[if gte mso 9]><xml>
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<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">O modelo entrópico da temporalidade
arcaica, confere à existência uma necessidade de recriação ritual, condição
única para uma indispensável regeneração do tempo e da vida. Inspirando-se no
crescimento e decrescimento do domínio diurno do Sol e no apogeu e declínio
lunar, paradigmas de uma degeneração cíclica, ou ainda na sazonalidade
vegetativa, feita de crescimento, maturação e morte, sempre as conceções
cosmogónicas do Homem foram entendidas como modelo da recriação periódica do Cosmos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Poder-se-á dizer, então, que para as
conceções ideológicas arcaicas, mais que quaisquer outras, todo o mundo é, como
diz o poeta, especialmente “composto de mudança”!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Mudança que exige uma imersão cíclica
no caos, no limbo primevo! Condição purificadora indispensável para um novo
começo. Começo gerado, em sentido estrito, a partir do nada absoluto! </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">A anulação ritual, cíclica e radical,
gera assim um novo mundo e uma nova existência, numa dimensão perpétua do
devir.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Mas a perfeição do começo exige a
destruição do velho. A transmutação exige a dissolução das formas existentes,
por imersão no caos social e cultural. Orgias e subversões, saturnais e
bacanais, inversões da ordem e desregramentos sociais. Em qualquer dos casos,
tanto no plano cósmico como vegetal ou humano, trata-se de um retorno à unidade
primordial.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Destruição inevitável que é também
irreversível! Um novo mundo torna-se possível (apenas e só) através de um
regresso às origens, aos primórdios, que o mito consagra e o rito permite.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">De diversas formas a tradição
consagrou esta rejeição do tempo passado, velho e gasto, com o inverno ou com a
morte do sol ou do ano, identificado. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">A morte simbólica de uma figura
antropomorfa (efigie ou homem transvertido) através do ato ritual de “enterrar”,
“queimar”, afogar ou despedaçar é quase omnipresente. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Bonecos, usualmente de palha, eram em
tempos idos queimados afogados, expulsos e destruídos, apoteótica e alegremente,
durante os grandes festivais de inverno. Manifestações de “caretos” ou “chocalheiros”,
“serrar a velha”, “enterrar o entrudo”, “queimar o judas” ou “queimar/chocalhar
as comadres” constituem reminiscências ancestrais onde tais personagens ainda
recentemente eram (e, nalguns casos pontuais, ainda são) solenemente
destruídos, simbolizando-se assim a morte do “ano velho”; paradigma de uma
existência gasta e degenerada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Da mesma forma, a conceção de que o barulho,
só por si, é susceptível de esconjurar males e malefícios radica numa tradição
milenar que faz parte do complexo cultural mediterrâneo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Naturalmente, o Carnaval irá herdar
estas práticas. Em Almeida, tal como em Almofala-Castro D’Aire ou na povoação
bragançana de Pudence, era nessa altura que os rapazes corriam desenfreados
pelas ruas agitando os inevitáveis chocalhos e fazendo uma barulheira infernal.
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Em Monsanto da Beira, Fevereiro era o
“mês da capadela” em que a “canalha miúda” andava pela rua com grandes chocalhos
fazendo um grande alarido </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Em Pitôes das Júnias-Montalegre, os
“farrapões”, homens e moços vestidos de andrajos (utilizando máscaras de papelão
e portadores igualmente de chocalhos e campainhas), tinham por hábito, nessa
altura, correr pelas ruas em desatino e proceder a impertinências várias que só
a especial permissividade carnavalesca tornava possível</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Mas o mesmo objetivo podia, ainda, ser
alcançado através da destruição ritual de algo que simbolizasse o período que
terminava tal como é visível nalgumas versões das “caqueiradas” ou no “jogo da
panela”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Sabe-se como o quebrar de vasilhas de
barro possuía, igualmente, nas sociedades tradicionais o sentido, simbólico, da
destruição que antecede uma nova etapa de existência.</span></div>
<div class="Corpodetexto31" style="line-height: 112%;">
Quebrar uma vasilha de barro,
ou de vidro, cheia de óleo ou vinho, corresponde tradicionalmente ao terminar
simbólico de um período e ao início do outro. A ideia ritual subjacente a este
acto conjuga, de alguma forma, a atitude de destruição necessária à criação,
com a ação cerimonial de aspersão líquida; símbolo do caos donde emerge a
ordem.</div>
<div class="Corpodetexto31" style="line-height: 112%;">
Por isso o aspergir de vinho
se perpetuou como símbolo festivo de um novo período ou tarefa. Veja-se o acto
de beber vinho na entrada de cada ano (individual, religioso ou civil) ou em
qualquer período inaugurativo. O surgimento do espumante permite afinal,
funcionalmente, a ação de aspersão, sem constituir um óbice, determinante, à
libação.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Por isso, nalgumas zonas do país, a
tradição mandava que, no fim do carnaval, se quebrassem sistematicamente as
quartas e talhas velhas ou partidas (símbolos da carne e azeite que tinham
contido), entendido, isto, como um rito de passagem para um novo tempo anual;
uma nova quadra do calendário eclesiástico.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Era o caso das “caqueiradas”! Telhas
e pedras aquecidas atiradas altas horas da noite assustando e queimado os velhos
aí residentes, constituindo atitudes de completa afronta da privacidade e
dignidade dos outros,</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Nalguns casos o costume parece
corresponder a uma versão híbrida em que a dimensão do jogo não está, ainda bem
definida. É o que se verificava em Murça no, ali denominado, “domingo da
caqueirada”, em que era tradição as pessoas transportarem para a rua toda a
louça de barro imprestável, e aí começarem a atirá-la (leia-se jogá-la), uns
contra os outros, até a desfazer em cacos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Daí, ou de algo parecido, pode ter evoluído
o padrão lúdico em presença em muitas zonas do país, em que a dita destruição
ritual dos recipientes de barro deu origem ao popular “jogo da panela”; também
dito da “cântara”, da “quarta” ou do “quartão”, </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Jogo que animava jovens e adultos
pelo estrépito da cacaria, quando algum mais descuidado ou azarado a deixava
escapar por entre os dedos, sujeitando-se depois à chacota dos companheiros.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">E dava corpo, afinal, a um dos
costumes mais populares do nosso “entrudo” de antanho.</span></div>
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;">Inclusive no Ribatejo.</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 112%;"> </span></b><br /><div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; margin-left: 247.8pt;">
<br /></div>
<div class="Corpodetexto31" style="line-height: 112%;">
<br /></div>
<br />
Aurelio Lopeshttp://www.blogger.com/profile/06142320452321622493noreply@blogger.com0