Alguns dias
atrás, a propósito do processo, em curso, da beatificação de Lúcia de Jesus (a
vidente de Fátima), publiquei um artigo num periódico regional digital (sob o
titulo “Milagres anunciados”) em que comentava um milagre, na altura divulgado
(relacionado com uma questão da fertilização feminina) entretanto incluído no respetivo
processo de beatificação.
Dizia, aí, que a canonização de Lúcia
iria ser especialmente breve e que isso era algo que se deduzia da
necessidade, evidente, “de prestigiar a personagem que, afinal, esteve na
origem do grande “altar do mundo” que Fátima, hoje, é”.
E, ainda, que
o citado milagre “que, pouco após a sua morte tive oportunidade de prever (embora
não conste que possua capacidades premonitórias; transcendentais ou não) ”é,
afinal, perfeitamente previsível e até inevitável como decorrência, mais ou
menos evidente, que é, das respetivas circunstâncias”.
O busílis da
questão, como também era dito, “é que não se compreende que Lúcia seja
canonizada sem que os primos, que morreram oito ou nove décadas antes, o não
sejam!”
Ora estes encontram-se encalhados no nível de beatos por razões a que,
também, por mais de uma vez me referi: pelo facto das duas crianças não
constituírem, hoje, focos místicos operativos. O que os torna pouco eficazes
enquanto elementos de solicitação de graças por parte dos crentes: cuja atitude
devocional se focaliza hoje, diretamente, na divindade.
Daí o impasse do processo de canonização dos, assim chamados,
“pastorinhos de Fátima”.
E daí também o facto da
Igreja se preparar para canonizar os ditos mesmo, se necessário for, na
ausência do determinante milagre probatório (um milagre, esclareça-se, em que
os mesmos estejam taumaturgicamente envolvidos), tal como, afinal, já há algum
tempo admitiu o Cardeal português Saraiva Martins; responsável pela Congregação
da Causa dos Santos.
E, terminava o artigo, dizendo que, se assim é, “pelos vistos têm que
se despachar”.
Pois “a canonização
de Lúcia, como se previa, está já aí”.
Curiosamente
(e apesar da tal inexistência de capacidades premonitórias mais ou menos
paranormais) dois ou três dias depois (a aproximação rápida da data do centenário
e a vinda do Papa obrigam a estas celeridades) uma nova notícia revelava, agora,
o surgimento do tão ansiado e conveniente milagre (relacionado com a cura,
supostamente por intermediação dos “pastorinhos”, de uma criança brasileira)
confirmando-se, assim, o acelerar dos processos.
E não é que não foi, sequer,
preciso proceder à dita santificação utilizando um critério que sendo legal
(afinal a vida piedosa é, só por si, susceptível de garantir a santificação)
surgiria sempre como algo forçado e incompleto?!
Haja Deus!
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