Esclareça-se, desde já, que não tenho nada contra a maneira como decorreram as Festas de São José, em Santarém.
Passei por lá e constatei facilmente a maior dignidade deste espaço do campo Emílio Infante da Câmara. A afluência era considerável e as actividades tendentes à promoção dos arquétipos turístico-culturais ribatejanos e escalabitanos mais conhecidos: Folclore, toiros, fado, música popular, largadas, artesanato, gastronomia, etc.,.. mescladas, quanto baste, de iniciativas mais eruditas, que os cofres camarários não estão para loucuras.
Perpassa-me porém, de tudo isto, uma sensação de esterilidade! De não potenciação futura!
E a constatação, mais uma vez, que Santarém continua sem umas verdadeiras festas do concelho!
E isto porque a brevidade conjuntural das lideranças municipais e a sua resistência a opções político-culturais de fundo, geradoras de controvérsia (e, quiçá, pouco populistas) continua a apostar numa temática invocadora (São José) de praticamente nula dimensão devocional local e mais nula, ainda, capacidade regeneradora.
Ora, se há concelho ribatejano que necessite de uma grande festa anual, pólo de atracção das freguesias rurais, mecanismo de coesão territorial do concelho e instrumento de reforço do tecido social municipal é, de facto, Santarém.
Santarém que sempre viveu de costas viradas para as freguesias rurais*!
Aliás, o nome corrente pelo qual são conhecidas (“Festas da Cidade”) é bem sintoma de que estas não são, nem têm pretendido ser, festas do concelho!
Se há concelho que necessite de uma iniciativa promotora do orgulho e auto-estima do corpo municipal, condição necessária (embora longe de suficiente) para a sua afirmação como pólo regional dominante é, igualmente, Santarém.
E de facto não o consegue com Festas de São José; fazendo de conta que existe um culto (ou, se quisermos, fazendo de conta que ainda existe um culto) de São José em Santarém!
Suportando institucionalmente a promoção das mesmas e contentando-se com os sofríveis resultados obtidos. Cujas estratégias, as mudanças de projectos executivos vão fazendo flutuar ao ritmo das marés das lideranças municipais.
Se o quiser, tem de apostar ou numa devoção existente embora devocionalmente localizada como o “Santíssimo Milagre”, numa devoção de declínio recente como a “Senhora da Saúde” ou, sei lá, numa temática temporal profana mas susceptível de ser sacralizada como a questão (hoje já parcialmente mitificada) da “conquista de Santarém”.
Em todas, dir-se-ia, menos São José!
É claro que, para isso, é necessário começar de novo. Ter a coragem de afrontar algumas consciências. Assumir o ónus de eventuais fracassos. E, essencialmente, pensar alternativas e suas previsíveis consequências.
É um facto que dá um trabalhão!
Porém, outros, bem próximos, o têm conseguido. E, com condições de partida bem mais modestas!
* Freguesias que representam cerca de 80% do território municipal e mais de 40% da população concelhia.
Aurélio Lopes
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Espaço de comunicação que se espera interactivo, este é um instrumento que permite estar próximo de amigos,presentes e futuros, cujas contingências da vida tornam distantes mas nem por isso menos merecedores de estimas e afectos.
Espaço de comunicação que se espera interactivo, este é um instrumento que permite estar próximo de amigos,presentes e futuros, cujas contingências da vida tornam distantes mas nem por isso menos merecedores de estimas e afectos.
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Esta é uma nota considerável. Porque tem a coragem de afirmar: o rei vai nú!
ResponderEliminarE é verdade.
Já não tenho a certeza de que a terapia recomendada seja a recomendável (é ver a imagem de marca - o centro histórico - da letargia scalabitana).
O "pecado original" estará na (malfadada) data do feriado municipal.
O que fazer?
FP45