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domingo, 20 de maio de 2012

Carta aberta aos portugueses



Caros cidadãos portugueses:
Eu, Primeiro-Ministro de Portugal, venho por este meio manifestar a minha mais profunda indignação pela forma aziaga e pouco compreensiva com que vós tendes encarado o notável esforço que o Governo (a que tenho a honra de presidir) tem feito, enfrentando destemidamente o monstro da bancarrota.
A última diatribe tem a ver com a retenção dos subsídios!
Que diabo, qualquer um se pode enganar. Só os burros é que não se enganam. E, tenham lá paciência, mas burros é que não somos!
Já um governante não pode dizer que vai reter os subsídios de Natal e Férias em 2012 e 2013 e ter-se esquecido de 2014! Onde é que isto vai parar?!!!
Como disse alguém que me precedeu: “aqueles de vós que nunca se enganaram que atirem a primeira pedra!”
Acreditem que é com o coração a sangrar que digo isto mas, sinceramente, cada vez estou mais convencido que o grande problema de Portugal… são os portugueses!
Que chateiam os governantes com manifestações e reivindicações sobre as mais diversas insignificâncias: o direito ao trabalho, o direito à saúde, o direito à informação, o direito à dignidade e, ignomínia das ignomínias, o direito ao salário!
Direitos, direitos, direitos….
Mas quem é que vocês pensam que são?!
E depois ainda querem gozar feriados tradicionais!
Afinal, querem trabalhar ou querem descansar? Decidam-se!
Uma das falácias mais frequentemente suscitada é a da fome!
Mas qual fome? Os que os portugueses têm é apetite! Veja-se tudo o que é certame gastronómico!
Como dizia a minha avó: “fome…  é de quinze dias!”
E, afinal, toda a gente sabe que uma alimentação austera é condição para uma linha esbelta e saudável!
E se por acaso se exagerar (como usa dizer-se, mais vale errar por excesso) é da maneira que se livram, de vez, da crise económica! Nem mais!
Enfim, sem os portugueses (deixemos de fora os governantes, que alguém tem de gerir a crise) a recuperação económica seria um primor!
Sem necessidade de assistência médica, nem Segurança Social, nem pensões, nem subsídios de férias, nem rendimento mínimo, nem subsídios de desemprego. Nem desemprego, afinal.
Um paraíso!

Assim, pelo contrário, obrigam-nos, até, a criar leis dissimuladamente! E a arcar, depois, com o despeito e a injúria!
Vejam bem ao que nos sujeitamos!!
                                                                                                 
Com os melhores cumprimentos
Pedro Passos Coelho

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