“Não estamos em tempos de velhas tradições!” Deste modo, peremtório, Passos
Coelho sentencia a hipótese de conceder ponto
no dia de Carnaval.
Segundo o mesmo, o tempo é agora de
trabalhar mais e ganhar menos, sem queixumes e cara alegre!
Claro que Passos é um jovem Yuppie!
Para ele a vida é um conjunto de números e cifrões! De índices de crescimento e
estagnação. De confianças de mercados e agências de rating!
Não percebe que um povo (que é, afinal,
a razão de ser da sua condição de governante) é bem mais que números e cifrões!
São pessoas! Muitas delas vivendo,
hoje, nos limites da pobreza, sem a dignidade que a natureza humana deveria
exigir. Entregues que deixaram, durante as últimas décadas, os destinos do país
entregues à classe política de que Passos faz parte.
Tradicionalmente
incompetente, irresponsável e corrupta!
Não! Uma nação são pessoas! Portadoras
de uma cultura! Imbuídos de valores!
Em grande parte tradicionais!
Que se identificam pela sua pertença
a um percurso histórico feito de altos e baixos, mas no qual se reconhecem e no
qual assentam os seus referenciais.
Ainda, e sempre, tradicionais!
É a tradição o vínculo que vindo do passado nos configura como povo e
nação.
Um povo sem tradição, não tem passado! E um povo sem passado, não tem futuro!
Aliás, em rigor absoluto só o
passado existe! O futuro é apenas projeção, expectativa. O presente é
instantâneo e, mal acontece, torna-se passado!
Afinal, se o meu amigo se apoiasse
melhor no passado, se calhar não diria, no presente, tantos disparates, e
estaria melhor preparado para enfrentar o futuro!
Já nos bastam os, cada vez mais tradicionais, disparates de Cavaco!
PS – Amigo Passos, sabe por acaso, porquê
todas as sociedades humanas, atuais ou passadas, arcaicas ou civilizacionais, geraram
tempos anuais dominados pela subversão? Tempos a que chamamos, hoje, Carnaval?
Porque todas as sociedades, mesmo
as mais liberais, carecem de tempos que façam a rotura com o quotidiano: de
forma a esvaziar, periódica e ritualmente, as tensões diariamente acumuladas!
Percebeu?
Para que não expludam inesperada e
incontrolavelmente!
Porque, afinal, todas têm os seus
limites!
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