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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O Estado policial


 
Tinha-se percebido, já, que esta situação de crise económica e a necessidade de espoliar até ao tutano legitimidades financeiras e laborais, vinha afetando os direitos básicos dos cidadãos, tão difíceis de conseguir em décadas de reivindicação.

Não só nas desproporcionadas e multiplicadas contribuições fiscais mas, igualmente, nas coimas associadas, nos discursos legalistas, nos prazos de regularização.

E, o mais grave, é que as respectivas consequências legais supostamente positivas, que daí deveriam decorrer, afinal, não são alcançadas.

Não andamos mais devagar nas autoestradas por vigorar, há décadas, a proibição de exceder os 120 Km/hora.

Não passamos mais mas passadeiras por ser proibido passar ao lado!

Não declaramos as prendas que damos aos filhos por haver uma lei, inacreditável, que obriga a isso!

E por aí adiante….

Afinal, andamos todos habitualmente em transgressão. Portanto: mais transgressão, menos transgressão….

Recentemente o Secretário de Estado da tutela veio defender a obrigatoriedade linear de passar faturas seja qual for o montante em questão!

Pretende-se, aí, sobrecarregar ainda mais as pequenas e médias empresas de comércio e serviços; já estranguladas por uma asfixiante fiscalidade.

Será que não conseguem descortinar que o resultado final vai ser, mais uma vez, o incremento dos índices de ilegalidade. A usualidade do incumprimento!

Será que este “boy” (possivelmente recrutado à Lusófona) acredita, mesmo, que o pagamento de 10 cêntimos de uma fotocópia vai dar origem à emissão, sistemática, de uma fatura?

Está tudo doido, é?

Já não falo, sequer, da multa até 2000 euros por não a exigir!

Só falta agora, oferecer um prémio, pidesco, pela denúncia. Pelos vistos, lá chegará!

Que raio de sociedade é que estamos a criar?

Tentando conseguir pela proibição e o medo, aquilo que a educação e os imperativos de cidadania deveriam (se estivesse a ser desenvolvidos) em grande parte alcançar!

É claro que existe uma economia paralela! Lesiva dos interesses económicos nacionais, sim!

Embora (convenhamos) bem menos que a ação corruptora da nossa classe politica!

Mas, para combater aquela, exige-se que encaremos o Estado como pessoa de bem.

Exigente, mas cumpridor. Exemplo da honestidade que exige aos cidadãos. E, naturalmente, bom gestor dos nossos dinheiros!

Ou é isso, ou o estado policial!

E a colocação de um fiscal em cada esquina das consciências!

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