Diz o povo, na sua secular sabedoria que a experiência
suporta, que “em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”!
Que somos casa em que não há pão, é cada vez
mais evidente. Que todos ralham, perfeitamente claro. Que a razão deambula,
muitas vezes, por lugares que a razão desconhece, salta cada vez mais à vista!
Afinal, o perverso processo de aniquilação do
Ribatejo, que, podemos agradecer aos Jorges “Judas” Lacões e aos Miguéis
“Vasconcelos” Relvas, assiste agora ao corolário final (há muito anunciado), enquanto
a tanga financeira que nos vão impondo, se confunde, cada vez mais, com um elegante
fio dental!
Exige-se assim o regresso dos acintosos
prémios regionais que, um fim de ciclo, fez interromper no Correio do Ribatejo.
Denominados, agora, “bandarilhas de ouro”; ou
não seja esta arte (dita “brava” e festiva) de agarrar touros de frente, de
lado, de trás (e, suponho, também de outros ângulos menos referenciáveis) um autêntico
tesouro regional!
1 - Prémio “Cadé ela?”
Para Miguel Relvas (que após ter ganho de
presente uma licenciatura) rejeitará em absoluto ter tido qualquer
comportamento ilícito na gestão do dossier das privatizações da REN e da EDP e
acusará (com ar devidamente indignado) o Jornal Público, de “denegrir a sua
imagem e promover uma campanha contra a sua honra”!
2 - Prémio “Quem não tem vergonha…”
E como não podia deixar de ser, para a “Licenciatura
Farinha Amparo”, do dito cujo. Exemplo paradigmático do estado, a que o estado
do Estado chegou! Em que à impunidade se junta a desvergonha da ilegitimidade e
a descarada solidariedade institucional.
3 - Prémio “Olh’ó passarão!”
Para António Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal
de Torres Novas, que admite encerrar a Câmara, às sextas-feiras, para reduzir
custos!
Eis, assim, com a simplicidade das coisas
geniais, resolvidos de uma penada os problemas financeiros das autarquias.
Basta encerrá-las!
Ou será (como diz um amigo torrejano) que
estes “custos” são outros. Por exemplo, o custo de ter de trabalhar cinco dias
por semana?!
4 - Prémio “Fia-te na Virgem…”
Para Luís Loureiro, treinador do Fátima, garantindo
que “ainda não pediu nada a Nossa Senhora, mas espera, no final de época, vir
agradecer a vitória no campeonato.
Tenha lá paciência amigo Loureiro, mas isso é,
como usa dizer-se, uma intolerável tentativa de ganhar na secretaria.
Lesiva da verdade desportiva (já que os outros
clubes não possuem uma divindade residente) e afetando, inclusive, a propalada
universalidade de Maria.
5 - Prémio “Quem sabe, sabe!”
Para Paulo Caldas proferindo uma conferência (em
Santarém) sobre gestão autárquica e os quadros comunitários de apoio, enquanto,
nesse âmbito, é acusado judicialmente de “denegação da justiça”, peculato e diversos
pagamentos indevidos.
6 - Prémio “Os carneiros são nossos amigos”
Para Manuel Evangelista, que acusou os eleitos
da Assembleia Municipal de Almeirim de “votar em carneirada”.
Amigo Evangelista, o que é que os carneiros
lhe fizeram, para em tais companhias os colocar?
Já viu algum carneiro a votar? Deixe lá os
bichos em paz!
Porque é que em vez de “votar em carneirada”
não diz “votar em boyada”!
Não! Não tem a ver com bois! Tem a ver com “boys”!
7 - Prémio “Desplante alentejano”
Para a Câmara Municipal de Santarém que, há
mais de dez anos, mantêm um dístico na frontaria do Café Central onde se pode
ler em letras garrafais “Brevemente restituiremos este espaço à Cidade!”
8 - Prémio “Três em um”
Para a criação da megaempresa municipal “Viver
Santarém”.
Proporcionadora de um momento notável,
enquanto reflexão filosófica, sobre o sentido das coisas!
Afinal, se o um em três não resultou, mais que
resultou o um sem três, porque diabo há-de resultar o três em um?!
9 - Prémio “Com amigos destes”
Para a madrinha do Grupo de Forcados de Vila
Franca de Xira, ao realçar o papel tauromático dos mesmos, questionando (sem se
rir, esclareça-se): “quando os cavaleiros espetam as farpas nos touros que
ficam doridos e raivosos (pudera) quem é que salta para a arena para lhes dar
um abraço amigo?”
10 - Prémio “O paraíso perdido”
Para Moita Flores, no seu modesto balanço de
despedida, ao afirmar: “Lançámos o maior investimento de sempre (…) no domínio
do saneamento, provocando o maior sobressalto civilizacional, depois da chegada
da iluminação”.
Eu diria, mesmo, enfileirando com os mais
importantes momentos da História da Humanidade. Ao nível da descoberta do fogo!
Da invenção da roda. Da chegada do Homem à Lua!
11 - Prémio “O circo veio à cidade”
Ainda para o dito ex-presidente e criminalista,
ao afirmar que, no seu mandato, “Santarém se transformou no palco do país e da
cultura”.
Atendendo à situação em que estão, tanto a
cultura como o país, imagine-se o que, nos últimos anos, por aqui passou!
12 - Prémio “Eternos gazeteiros”
Para os alunos do IPS que abandonaram a sala
(quando o respetivo Presidente ia iniciar o discurso de abertura do ano
lectivo), protestando assim contra a diminuição do período das praxes de dois
para um mês.
E fizeram muito bem! Não lhes chegam, já,
quase cinco meses de aulas?!! Ainda
querem reduzir os insignificantes dois meses das praxes?!
Querem castrar os jovens ou quê?!!
É o pitoresco feito panaceia! A ironia como
terapia!
Quantas vezes a desvergonha de quem se não
envergonha, da pouca-vergonha que é a sua falta de vergonha!
Enquanto o riso não pagar imposto?
Se é que não paga já….
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