*********************************************************************************************************************************************************************

Espaço de comunicação que se espera interactivo, este é um instrumento que permite estar próximo de amigos,presentes e futuros, cujas contingências da vida tornam distantes mas nem por isso menos merecedores de estimas e afectos.


**********************************************************************************************************************************************************************


segunda-feira, 8 de julho de 2013

Deuses e demónios



A polémica acerca do eventual exorcismo realizado recentemente pelo Papa Francisco, na Praça de São Pedro, reacende uma polémica tão velha como a igreja, mas abre, igualmente, um processo a longo prazo que, ou muito me engano, há-de elevar o referido pontífice a santo canonizado pouco depois da sua morte, sucedendo, assim, ao precocemente canonizado João Paulo II: o “papa sofredor”.

Na verdade a imagem do Diabo (ou dos diabos) saltitando de pessoa em pessoa em sucessivos processos de possessão demoníaca mais ou menos estapafúrdios, constitui uma reminiscência medieval, com que a Igreja lida, hoje, com algum desconforto.

Afinal, não pode negar a existência (nem sequer a importância) do Demónio. Tanto por razões ideológicas (bíblicas, naturalmente) e doutrinárias, como por razões operativas: a desvalorização da ação do “príncipe do mal” implica, necessariamente, a desvalorização de Deus.

Deste modo, novas conceções ideológicas, no interior da Igreja, inclinam-se cada vez mais para encarar entidades ou lugares como o Diabo ou o Inferno, de um ponto de vista mais simbólico: não corporalizável na matriz configurativa popular.

E, embora não o esqueçamos, a Igreja detenha a competência divina no combate ao Demo e, as práticas exorcistas (digamos, canonicamente legais) requeiram a aprovação clerical e a respetiva delegação de competências, este é um assunto que não sendo tabu se pretende, preferencialmente, secundarizar e relativizar.

Assunto incómodo, hoje como ontem!

Ou se quisermos, hoje, mais ainda que ontem!

E isto leva-nos ao segundo ponto atrás referido: porquê esta questão relacionada com o novel pontífice? Porque não, com os seus antecessores?

Quando, afinal, reações destas são perfeitamente normais; tendo em conta o clímax momentâneo e os personagens em presença?

Provavelmente, porque este é um Papa oriundo de uma Igreja latino-americana.

O primeiro não europeu há mil e trezentos anos. Aliás, se considerarmos que os restantes foram oriundos da bacia mediterrânea à altura sacro-culturalmente plasmada do cimento imperial ou pós-imperial, podemos dizer, o primeiro de sempre!

Ao que parece, assumidamente (e não apenas como imagem de marca) simples e humilde. Mais direto, menos rebuscado e menos formal. Mais próximo de uma igreja popular que, com estas questões maniqueístas, convive mais intimamente.

Um “papa do povo”, afinal.

Foco de um pontificado a seguir com atenção.

 

Sem comentários:

Enviar um comentário