Fui mais uma vez às Festas da Cidade
(de Santarém, entenda-se) no feriado municipal de São José, este ano
simultaneamente sábado.
Mas se pensei que tal poderia
melhorar a deplorável situação habitual, depressa me enganei.
A imagem que encontrei foi confrangedora.
Mais confrangedora, ainda, que nos
anos anteriores.
Se é que tal é possível.
Apesar de feriado e sábado,
apesar de, por definição, o dia mais importante dos festejos, o cenário era
digno de lástima.
Meia dúzia de grupos folclóricos
(habituais “paus de arara” das iniciativas autárquicas) resistia, estoicamente,
desde manhã, dando corpo a um suposto “mercado tradicional".
Algumas dezenas de pessoas deambulavam
erraticamente, de um lado para o outro, numa busca insana de algo que as interessasse.
Os espaços na Casa do Campino,
vendedores de bolos, queijos, doces e fumeiros encontravam-se quase vazios. Os artesãos
desunhavam-se por um pontual cliente.
Até os feirantes (carrocéis, carros
de choque, bares de farturas ou de bifanas) esperavam e desesperavam por clientes
que fizessem funcionar maquinismos e tesourarias.
Um “speaker” pouco entusiasmado,
anunciava um espetáculo da Orquestra Típica para a noite: da qual distavam
cinco ou seis horas.
O ambiente era semelhante a uma
festa anual de uma qualquer aldeia rural do concelho. Provavelmente, ainda, menos
concorrida e entusiasta.
Situação que um dia
climatologicamente instável, só por si, não explica.
Mas se explica, também, pelo
processo de morte lenta de uma iniciativa, há décadas, enteada dos interesses e
motivações dos sucessivos responsáveis municipais.
Afinal, se considerarmos que se
trata do dia mais importante das referidas festividades, suposto clímax do
tempo festivo anual de uma cidade já capital de Distrito e de Província, dotada
de um invulgar e milenar património histórico e cultural (tanto tangível como
intangível), a conclusão inevitável não abona, nada, acerca da dimensão dos
referidos executivos.
Que depois de terem diligentemente
assassinado o famigerado Centro Histórico, vêm esforçadamente fazendo o mesmo
às, assim incorretamente chamadas, “festas da Cidade”.
E em qualquer dos casos por
inação.
Preferindo continuar a ser, como
os Essénios diziam dos Fariseus: “aqueles que procuram as coisas fáceis”.
Por inércia, já se vê.
Mas não só. Também por manifesta
falta de coragem e clarividência.
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