Depois de ter reconhecido um “lobby gay” no Vaticano, o Papa
Francisco surpreendeu tudo e todos ao assumir, agora, como natural, a
inclinação sexual dos padres gays e dessa maneira (e por maioria de razões) dos
gays não padres.
Um enorme passo em frente na milenar hipocrisia canónica.
Com o qual, contudo, muitos cristãos discordam.
Até, porque está aqui implícita, a tolerante compreensão (ora
reafirmada) para com aqueles que tendo tendências homossexuais as exercem ou
manifestam.
Afinal, muito deles vivem em universos predominantemente
masculinos; às vezes quase exclusivamente.
E também porque, tal tolerância, levanta algumas
interrogações no seio da Igreja. Interrogações merecedoras de reflexão.
Tolerância que traz à baila a questão da castidade e do
celibato.
Ou será que se compreende a homossexualidade e espera-se
que os homossexuais, em ambientes propícios, manifestem absoluta e completa contenção?
Ou são só os heterossexuais que têm de ser castos?!
Ou admitem-se as relações homossexuais masculinas e não
as heterossexuais?
Ou é tudo apenas uma questão de celibato?
Admitindo-se (hipocritamente) as reações sexuais, desde
que os sacerdotes não se casem?
Afinal o problema continua a ser a abominável mulher que
o cristianismo recebeu de uma pastoril herança semita?
Fonte de pecado e tentação!
Criada para assistir e servir o homem.
De quem, ainda em 1930, Pio XI dizia: “o casamento (…)
implica o primado do marido sobre as mulheres e os filhos e a submissão
solícita da mulher, assim como a sua obediência espontânea6”.
Fazendo, assim, o estigma transitar do “abominável pecado
da carne” e concentrar-se, ainda mais, na misógina subvalorização da mulher.
Que persiste há dois milénios!
Suportada hoje, afinal, pela inércia da tradição e milenar
conservadorismo.
E, se quisermos, por bizarros interesses corporativos de
género.
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