A aprovação do casamento homossexual, relançou uma discussão já antiga mas que adquiriu agora nova actualidade: o direito das famílias, daí decorrentes, a terem filhos; resultantes estes, de um direito de opção (como qualquer casal hetero) ou, no caso das lésbicas, igualmente do direito a um filho biológico de uma das partes obtido, este pelo processo normal ou inseminatório.
Problemática, aliás, que se estende, depois, a casos menos vulgares em que, por exemplo, se possuam já filhos de anteriores casamentos heteros e se pretenda continuar a viver com eles na nova família ora constituída.
Sim! Porque as inclinações sexuais estão longe de se circunscreverem a estritas homo ou heterosexualidades.
É portanto todo um campo de novas situações que se abre, mas que carece de profunda discussão; de preferência pouco frenética.
O argumento principal dos opositores a esta pretensão é o de que tal pode provocar um considerável sofrimento às crianças. Olhadas pelos outros (se calhar, principalmente, pelas outras crianças) como espécimes bizarros mais ou menos circenses (com duas mães ou dois país) e, naturalmente, estigmatizados.
Os defensores argumentam não só com a igualdade com as outras famílias mais ou menos tradicionais, com o direito à vontade das partes envolvidas e, ainda, com o facto de os comportamentos sociais incorrectos e retrógrados não deverem constituir, por princípio, obstáculos legais.
Defenderão, ainda, eventualmente, que a mudança de mentalidade social (neste como noutros casos) só poderá resultar da apresentação como normal e natural, destas situações, até agora, anormais e socialmente rejeitadas.
Resumidos os argumentos (outros existem com certeza a maior parte, contudo, fruto de ortodoxos e macarrónicos preconceitos), configura-se aqui um daqueles casos em que, em rigor absoluto, nenhuma das partes deixa de ter razão.
Uma solução possível poderia passar por deixar a temática “casamento gay” consolidar a sua legitimidade na sociedade portuguesa. Dar-lhe tempo e criarem-se-lhe condições várias para o mesmo poder ser encarado, gradualmente, como algo comum e habitual.
O problema é que tenho imensas dúvidas acerca da eficácia de tal estratégia!
Principalmente na ausência dos imperativos catalisadores da (susceptível, é verdade, de provocar sofrimento), ”situação de facto!”
E, mesmo assim…
Aurélio Lopes
É a quadratura do círculo...
ResponderEliminarFaço votos que a instituição matrimonial (?) saia reforçada, pois eles e elas cada vez se casam menos.
FP45