Vivemos num mundo que, cada vez mais, configura conhecidos paradigmas ficcionais, em que os cidadãos vêem gradualmente castradas as suas mais elementares liberdades, em nome de um ideal de perfeição mais ou menos utópico.
Em que vamos, democrática e crescentemente, aceitando limitações sobre limitações do nosso direito a ser diferente, face a um advogado bem colectivo pretensamente mais elevado.
Ideal de perfeição, esse, gerador de insuportável concentracionismo legal que carece, entre outras coisas, do tradicional direito à transgressão. Direito enformante, desde sempre, das mais diversas sociedades humanas. Direito que permite libertar tensões e resistir de algum modo, à difícil disciplina quotidiana.
Afinal, as sociedades não são perfeitas!
As imperfeições são, na verdade, aquilo que as vivifica e lhes permite perspectivar os ideais de perfeição!
Mais, ainda, as sociedades não devem ser perfeitas!
Devem, sim, limitar as naturais imperfeições humanas a dimensões admissíveis que, sem violentar a autonomia e a individualidade de cada um, permitam uma flexível e saudável socialização!
Portugal é, convenhamos, um país que tem leis de mais e as cumpre de menos!
Não obstante, o legislador continua a criar alegremente, há anos, norma sobre norma, convencido, provavelmente, que a sociedade ideal é aquela em que todos os nossos actos e decisões (quem sabe se os pensamentos) têm de estar devidamente regulamentados.
Se é fumador, em vez de lhe serem incutidas razões desmotivadoras, vê reduzidas as suas opções de consumo até ao inverosímil.
Se consome álcool, vê agora, com a nova lei do “rastreio empresarial”, violada a sua privacidade.
Se é automobilista, em vez de lhe serem gradualmente incutidos princípios de cidadania, impõem-lhe recorrentemente leis, cada vez mais impraticáveis e cobram-lhe, depois, as consequências de tal.
Enquanto cidadão, observa pasmado enquanto decidem taxarem-lhe presentes de aniversário mesmo se verificados entre cônjuges ou progenitores.
Enfim!!
Negamos, quantas vezes, o direito à vida, empurrando os indivíduos para situações económicas e sociais insuportáveis. Mas negamos, igualmente, o direito à morte, em nome de hipócritas direitos sagrados à vida!
Tolhemos assim, cada vez mais, o indivíduo!
Qualquer dia acordamos e apercebemo-nos de que abdicámos passivamente do direito a sermos naturalmente quem somos, em prol de um desígnio castrense de perfeição que só existe na cabeça de acéfalos governantes e legisladores.
Daqueles, provavelmente, que “nunca se enganam e raramente têm dúvidas!”
Aurélio Lopes
Em que vamos, democrática e crescentemente, aceitando limitações sobre limitações do nosso direito a ser diferente, face a um advogado bem colectivo pretensamente mais elevado.
Ideal de perfeição, esse, gerador de insuportável concentracionismo legal que carece, entre outras coisas, do tradicional direito à transgressão. Direito enformante, desde sempre, das mais diversas sociedades humanas. Direito que permite libertar tensões e resistir de algum modo, à difícil disciplina quotidiana.
Afinal, as sociedades não são perfeitas!
As imperfeições são, na verdade, aquilo que as vivifica e lhes permite perspectivar os ideais de perfeição!
Mais, ainda, as sociedades não devem ser perfeitas!
Devem, sim, limitar as naturais imperfeições humanas a dimensões admissíveis que, sem violentar a autonomia e a individualidade de cada um, permitam uma flexível e saudável socialização!
Portugal é, convenhamos, um país que tem leis de mais e as cumpre de menos!
Não obstante, o legislador continua a criar alegremente, há anos, norma sobre norma, convencido, provavelmente, que a sociedade ideal é aquela em que todos os nossos actos e decisões (quem sabe se os pensamentos) têm de estar devidamente regulamentados.
Se é fumador, em vez de lhe serem incutidas razões desmotivadoras, vê reduzidas as suas opções de consumo até ao inverosímil.
Se consome álcool, vê agora, com a nova lei do “rastreio empresarial”, violada a sua privacidade.
Se é automobilista, em vez de lhe serem gradualmente incutidos princípios de cidadania, impõem-lhe recorrentemente leis, cada vez mais impraticáveis e cobram-lhe, depois, as consequências de tal.
Enquanto cidadão, observa pasmado enquanto decidem taxarem-lhe presentes de aniversário mesmo se verificados entre cônjuges ou progenitores.
Enfim!!
Negamos, quantas vezes, o direito à vida, empurrando os indivíduos para situações económicas e sociais insuportáveis. Mas negamos, igualmente, o direito à morte, em nome de hipócritas direitos sagrados à vida!
Tolhemos assim, cada vez mais, o indivíduo!
Qualquer dia acordamos e apercebemo-nos de que abdicámos passivamente do direito a sermos naturalmente quem somos, em prol de um desígnio castrense de perfeição que só existe na cabeça de acéfalos governantes e legisladores.
Daqueles, provavelmente, que “nunca se enganam e raramente têm dúvidas!”
Aurélio Lopes
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