Iniciaram-se recentemente as actividades da nova Empresa Municipal de Cultura e Turismo da Câmara Municipal de Santarém, que dá pelo nome de Cul.Tur, no contexto de uma estratégia de reorganização administrativa que se vem tornando comum e que radica, afinal, na tentativa de revestir de contornos empresariais certos sectores da administração pública, neste caso, local.
A ideia é ultrapassar hábitos adquiridos em décadas de administração pública (vícios, se quisermos), implementando aí uma cultura empresarial, própria das organizações privadas (por definição competitivas) obtendo-se, assim, índices maiores de produtividade.
O processo passa por afastar alguns recursos endógenos e chamar outros mais ou menos exógenos, de forma a enquadrar a maioria os funcionários municipais numa estrutura organizacional que estimule e recompense a eficácia e a dedicação.
É, contudo, uma estratégia que deixa algumas dúvidas!
Na verdade, muitos dos que são afastados não deixam de se manter como custos (não aproveitados) e os que vêm de fora correspondem, naturalmente, a encargos acrescidos. Muitas vezes, bastante significativos.
E as vantagens da eficácia organizacional nem sempre são evidentes!
Afinal, a maioria das pessoas continuam a ser as mesmas, eivadas de hábitos arreigados, contíguas a departamentos que continuam a lógica do funcionalismo público e, tais reconversões, são normalmente alheias ao conhecimento adquirido que só a experiência pode facultar.
Em suma, mais despesas mais ou menos certas (em organismos já depauperados) e duvidosas vantagens operativas.
A que se soma, quase sempre, uma clara subversão de competências, por exigências de lealdade e confiança pessoal e política.
Embora neste último caso, se possa dizer, tratar-se de algo recorrente em qualquer reestruturação orgânica ou simples alteração de poder político, municipal ou não!
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