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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Cidade morta


Resolvi, num dia pré-autárquico destes, dar uma volta pelo centro histórico de Santarém. A triste desolação, onde se sucedem ruínas, degradação e portas fechadas enforma, cada vez mais, tal espaço.

Como era previsível (e tive oportunidade de atempadamente prevenir), o parqueamento do mesmo veio a constituir a “machadada final” em hipóteses, ao tempo, já de si escassas, de impedir a completa decadência.

 
Mas, aquilo que mais prendeu a minha atenção foi, na verdade o, assim chamado, Jardim das Portas do Sol.

Incluído na renovação paisagística dos jardins scalabitanos (desenvolvida no consulado de Moita Flores) esta parece ser, afinal, a situação menos conseguida.
 

Para lá das sempre discutíveis opções paisagísticas, a escolha de materiais perecíveis em aplicações facilmente degradáveis, teria sempre de criar um potencial de degeneração cujos encargos para o município, seriam sempre significativos.

Aliás, a sua degradação é já visível, e nalguns casos começa até a constituir um perigo para os utentes, principalmente mais novos.

Também a inserção dos elementos simbólicos do antigo jardim não foi, na verdade, muito feliz.

Mas, mais importante ainda, o espaço não corresponde àquilo que se espera, afinal, de um jardim (mais, ainda, se sediado naquele sitio): espaço agradável e aprazível que atraia as pessoas e as faça desejar estar e permanecer.

Que não é, manifestamente, o caso daquele.

 O que é pena; porque este Jardim foi, durante largas décadas, o “ex-libris” desta cidade.

E com a morte anunciada do mesmo (já visível, hoje, na compreensível escassez da sua utilização) a cidade histórica de Santarém é cada vez mais numa cidade fantasma.

Cidade dispersa: sem centro vivo ou periferias dinâmicas.

Fruto de sucessivos erros de planeamento e visões estratégicas assentes em interesses pessoais e circunstanciais.

 PS – Aliás a política paisagística nesta cidade e concelho, parece ter sido, nos últimos anos, construir para “alguém” ver e não para a população viver!
É igualmente o caso do Jardim do Vale de Santarém. Mais de cem mil euros gastos há pouco mais de oito anos (sem ter em conta condições de sustentação), transformados hoje num baldio árido e seco.

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