O assim
denominado Papa Francisco tem conseguido, em poucos meses, abalar o edifício da
sumptuosidade formal em que assenta a estrutura conservadora de valores e se
processam as conceções vivenciais do catolicismo romano.
Assumir
que lhe não compete criticar o homossexualismo sacerdotal, constitui atitude,
no mínimo, revolucionária.
Mas que tende
a acarretar, como já vem acarretando, não só resistências várias no seio da Igreja
mas, ainda, inconvenientes implicações doutrinárias.
Ser
tolerante para com aqueles sacerdotes cujas inclinações sexuais são
minoritárias e estigmatizadas é atitude corajosa e dignificante; apesar de nestes
tempos modernos o “amai-vos e multiplicai-vos” ser mais problema que solução.
Ou será
que se toleram homossexuais desde que “não praticantes?!”
Seja
como for, aceitar tacitamente relações sexuais (envolvendo sacerdotes) de um mesmo
sexo (masculino não o esqueçamos) e não os aceitar entre sexos diferentes
(naturalmente bem mais frequentes) parece constituir uma distorcida e
macarrónica tolerância.
Mas
aceitar relações entre homem/sacerdote e mulher e continuar defender o celibato
(que não a virgindade) é, admitamo-lo, estapafúrdio!
A não
ser, mais uma vez, que se defendam os “celibatários não praticantes!”
Atá
porque o estigma cai agora (ainda mais) não sobre o ato sexual, mas sobre o
casamento!
Sobre a
união (mesmo que dita sagrada) entre homem e mulher!
Estigmatizando,
ainda mais, a mulher!
Numa misoginia
completamente despropositada!
É
evidente que estamos já longe dos primeiros séculos do cristianismo em que, os
assim chamados “padres da Igreja” (Jerónimo, Cipriano, Gregório de Nisse,
Gregório Magno, Justino Mártir, Agostinho o próprio Paulo de Tarso) abominarão
a mulher e a maternidade
Em que
Jerónimo chegará a dizer que a maternidade dá à mulher um “aspeto repugnante”.
Em que
Gregório de Nisse pretende divinizar as virgens e proclama: “felizes as
estéreis”.
Em que
Gregório Magno defenderá a negação da comunhão às mulheres parturientes.
Em que
Cipriano chega a aconselhar às mulheres que se “unam entre si”!
Em que
Orígenes se castrará a si próprio!
Estamos
já longe. Será?
A não
ser que, afinal, passado todo este tempo, defendamos ainda mulheres e mães, também
elas “não praticantes!”
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