Sabe-se como
muitos estudos sociais (nomeadamente os devidamente encomendados pelas
instituições interessadas) constituem meros validadores e consagradores de
evidências ou eventuais quantificadores das mesmas.
Está, neste
caso, um estudo recente, noticiado pela Agência Lusa, e encomendado pela Presidência
da República, que chegou à brilhante conclusão que cinquenta e sete dos jovens
portugueses entre os 15 e o 24 anos “não demonstram qualquer interesse pela política”.
Não temos acesso
aos resultados completos do mesmo, mas basta este item para vincar bem o
conhecido desinteresse dos mais jovens (e, em grande parte, dos menos jovens) por uma
atividade que, afinal, congrega a governação e deste modo tem condicionado o
nosso passado e continuará a condicionar o nosso presente e futuro.
Porquê,
então, os tais jovens não sentem ponta de interesse pela atividade politica?
Poder-se-ia
dizer que se trata de um reflexo da imagem negativa dos políticos portugueses.
E não
deixaria de ser verdade.
Mas esta
verdade é afinal mais ampla.
Porque a política
é vista, grosso modo, como a ação dos partidos.
Os partidos
de poder, vistos como meros mecanismos de carreira. Oportunidade para competentes
e incompetentes (mais, estes, que aqueles) tratarem do seu futuro.
Os da
oposição, pequenos e utópicos, vistos como inconsequentes e ilusórios desperdícios
de tempos e vontades.
Deste modo,
se os jovens (por opção ou inadequação ao carreirismo politico) não são
daqueles que buscam nos partidos de poder a sua cota parte de participação no
dirigismo público político e empresarial e, ao mesmo tempo, não desejam
embarcar em aventuras (que mesmo que defendendo causas, constituem atividades
muita vezes estigmatizadas, não remuneradas e feitas de um inexorável percurso de
derrotas), porque se hão-de, então, interessar pela política.
Não é com
certeza pelo apelo à causa pública, em que já ninguém acredita e cujo enxovalho
é quotidianamente noticiado em escândalos de corrupção e atitudes de indiferença
pela pobreza e miséria que grassa no nosso país.
Cujos responsáveis
são cada vez mais paus mandados de poderes políticos e financeiros externos.
Poderes tão
cínicos como eles mas (se possível for) mais afastados ainda de uma eventual solidariedade
com as condições de vida e os interesses do povo português.
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