Basta olharmos para o nosso país numa perspetiva um pouco crítica
(o que é, convenhamos, pouco frequente neste país de analfabetos funcionais) para
parecer, às vezes (muitas vezes, diga-se de passagem) que vivemos, literalmente,
num país de doidos!
Ou, se quisermos, de deficientes mentais, em fase de negação.
País em que, por
exemplo, os primeiros-ministros se esquecem de pagar impostos.
E ministros e primeiros-ministros ganham licenciaturas na Farinha
Amparo.
Em que os processos judiciais, por mais importantes que sejam,
prescrevem, irremediavelmente, sem culpa formada
Onde empresas sólidas vão à falência, em pouco meses, sem ninguém
ser responsável.
Em que modernos estádios de futebol (construídos, também, às
nossas custas), não servem, hoje, sequer de galinheiros.
Em que o território se encontra retalhado por autoestradas
que se cruzam e entrecruzam; numa teia viária em grande parte deserta.
Em que ninguém se apercebe do potencial turístico do património
paisagístico, mas se aperceberam, rapidamente, do potencial fiscal.
Em que os corruptos obtém, quase sempre, folgadas vitórias eleitorais.
Em que, afinal, a
corrupção é uma virtude e o egocentrismo uma qualidade.
E a boa educação e respeito pelos outros; sintomas,
inequívocos, de insegurança.
Em que as leis não são para cumprir mas para potenciar as
condições de coima.
Em que um selecionador de futebol tem de andar a “pedir por
amor de Deus” para conseguir o mínimo de atletas para competir nos Jogos
Olímpicos.
E, em contrapartida, damos o nome de um jogador (ainda por
cima de caráter pouco exemplar) a um aeroporto internacional.
Um país em que oferecer prendas a um filho carece de
comunicação às Finanças.
E comprar uma pastilha elástica de cinco cêntimos exige o preenchimento
de uma fatura.
E neste hospício, à beira-mar plantado, parece assim (para nosso
mais completo azar) que a única coisa que é eficaz, é o fisco.
Somos os melhores a
cobrar cada vez mais impostos, a quem tem cada vez menos.
O desígnio sublime alcançar-se-á quando atingirmos, afinal, a
eficácia absoluta: conseguirmos cobrar tudo a que já não tem nada!
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