O recorrente hábito de realizar
pretensas sondagens televisas acerca de estapafúrdias questões destinadas a serem parodiadas nos
inefáveis programas da manhãs, em canal
aberto, constituem um exemplo estupidificante e oportunista das limitados
discernimentos e requisitos de qualidade do povo consumidor que somos.
Sondagens que, afinal, nem
sequer o são (já que muitas vezes os repórteres sugerem previamente, aos
entrevistados, as respostas a dar) sobre temas que não pretendem ser, nem são, mais
que meros fixadores de audiências; mesmo que para isso se tenha de baixar o
respetivo nível até ao nível de acefalia funcional.
Aqui há algum tempo atrás,
deparei com uma equipa que perguntava aos homens “se achavam que as louras eram
mais estúpidas que as morenas”!
Mais recentemente, questionava-se
“se era verdade que as mulheres de formas mais arredondadas tendiam, ou não, a
ter filhos mais inteligentes”.
Dois, disparates entre
muitos outros.
Pode-se argumentar com
a irrelevância das questões. E a sua insípida vacuidade. Brincadeiras, afinal.
Contudo e não falando
já da evidente estupidificação que a recorrente utilização destas temáticas induz em muitos de nós,
existe algo mais (que está subjacente, pelo menos a temas como os atrás
referidos) suponho que inconscientemente: a crença, que vem de longe, de que os
carateres físicos têm correspondência, necessária e absoluta, nas respetivas
capacidades intelectuais.
Crença, afinal, que
devidamente integrada em correspondentes sistemas de valor e ideologicamente
enquadrada em doutrinas seculares, sustentou durante milénios sistemas esclavagistas
e sustenta, ainda hoje, étnicos genocídios bem como (assumidas ou não) seculares
e diversificadas doutrinas xenófobas e racistas.
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