O
inverno seco que vimos suportando, era suposto ter reduzido de, alguma forma, a
produção regional de dislates, razão de ser das distinções aqui atribuídas, por
direito próprio fazendo hoje parte da lógica de prestígio da política ribatejana.
Contudo,
paradoxalmente, água é coisa que não tem faltado!
1
- Comecemos por um “faena desportiva” para Rui Manhoso, Presidente da
Associação de Futebol de Santarém, em entrevista recente sobre o momento
difícil que vive o Futebol Distrital: “existem questões que exigem uma urgente
reflexão, tais como a fiscalidade, o policiamento dos jogos, os seguros, as
inscrições, o verdadeiro papel do dirigente desportivo, a falta de público e o
futuro do futebol jovem”
Hum... Só!!!
2 – “Faena feminista” para Maria
da Luz Rosinha, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, cuja
explicação para a conhecida escassez de mulheres na vida autárquica se explica
simplesmente pelo facto dos homens “terem tornado a política desinteressante”.
Assim, a participação insignificante de mulheres na vida política, resulta
afinal, segundo Rosinha, apenas “da mesma não lhes interessar!”
Ora essa, têm todo o direito!
3 – “Faena pragmática” para o
Município scalabitano que, seguindo a estratégia radical que Bush tornou
célebre e o Vice-Presidente da Câmara de Santarém queria aplicar à “Casa da
Portagem”, tem procedido à demolição progressiva da celebérrima “Casa da
Joaninha”, no Vale de Santarém.
E, assinale-se, nem tem sido preciso
gastar aí o dinheiro do erário público. Bastou apenas seguir aquele princ~ipio
que diz que “80% dos problemas se4 resolvem por si só se os deixarmos a marinar
tempo suficiente!”
4 - “Faena da coerência” para o
Presidente da Câmara Municipal da Golegã, que, anunciando recentemente a sua
não recandidatura, foi posteriormente obrigado a recuar por um abaixo-assinado,
posto a circular nos cafés da Vila. “Era arrogante da minha parte não
considerar as centenas de assinaturas que pediram a minha recandidatura”,
argumenta a propósito.
Portanto, só lhe resta ser
humilde como Job e, mesmo com evidente sacrifício, aceitar de novo esse “job”,
tão especialmente humilde.
Ainda há pessoas boas!
5 –“Faena da clarividência” para
a Câmara de Santarém que, apadrinhando o espectáculo “Folclore e Amizade”,
(englobando este cerca de sessenta grupos folclóricos) teve a ideia brilhante
de os recambiar para o CNEMA.
Considerando que tal iniciativa
coincide com as Festas do Município, e que as mesmas, mais uma vez, vão
passaram ao lado do dito, colocar dezenas de grupos folclóricos todo o dia nos
claustros do CNEMA, exibindo-se de si para si, enquanto sem acréscimo
substancial de custos poderia (pelo menos uma vez na vida), animar a cidade e
as freguesias rurais, só pode ser entendido como uma decisão clarividente.
Enfim,... parece que afinal o problema
do município não tem a ver, necessariamente, com a quantidade de recursos
financeiros, mas sim com a qualidade dos recursos humanos!
6 - Faena histórica para a Câmara
Municipal de Tomar que, disposta a competir com Santarém a todos os níveis,
ficou agastada, já se vê, com a descoberta do maior cemitério islâmico da
Península no decorrer das obras da rotunda do Largo Cândido dos Reis. Vai daí,
resolveu construir também uma rotunda e descobrir aí igualmente restos
funerários, vestígios de olaria e até moedas de ouro. Não islâmicos,
assinale-se, mas romanos! Ou seja, mais antigos ainda, e mais preciosos também!
Ora toma!
7- “Faena do desenrasca” para a
Câmara Municipal de Santarém, decidindo, finalmente, arrancar com as obras de
conclusão da rua Ó. Dispondo de 95% do terreno necessário o Município vai,
mesmo assim, arriscar o início dos trabalhos
Afinal, as eleições estão à porta, e
mesmo que os restantes 5% se localizem precisamente no centro do projeto
viário, sempre se pode, em última instância, construir aí uma rotunda (mesmo
que oval) e circular em redor!
8 – E, já agora, uma “Faena
contabilística” para o vereador da CDU, José Marcelino, comentando o projeto de
alteração do Orçamento Municipal, respeitante aos gastos de publicidade por
parte da Divisão de Cultura. Afirmou o mesmo, alto e bom som, “não compreender
qual a razão de um reforço de 100 mil Euros (...) quando tais serviços estavam
já dotados de 168 mil Euros destinados ao efeito!
Não compreende?! Ora essa!
Olhe que é bem claro!!
Passo a explicar! É que (está
a prestar atenção?) afinal não são precisos 168 mil Euros, mas sim 268 mil
Euros! Tá a ver diferença?!!
9 – E uma
outra, agora “do mau feitio”, para o mesmo autarca por afirmar levianamente que
se a dita alteração incide sobre um Orçamento com apenas dois meses, isso quer
dizer “que o mesmo foi mal feito!”
Não necessariamente amigo
Marcelino, não necessariamente! Veja só que há dois meses ainda existia o
impagável “governo Calimero” e o PS ainda não tinha ido a votos, nem obtido a
maioria absoluta!
Pois
é..., no fundo é a célebre afirmação de Pimenta Machado a fazer jurisprudência:
“o que hoje é verdade amanhã é mentira!”
10 – E
finalizemos com uma “faena mística” para a Diocese de Santarém pela sua
campanha pela chuva. Para isso não só enviou uma missiva às diversas paróquias
exortando a que “se reze para pedir chuva” como lançou mão às novas tecnologias
e transmitiu o mesmo apelo em www.diocese-santarem.pt!
Confesso
que não sei se o Céu tem, neste momento, acesso à Internet (aliás, se não tem,
devia ter) mas, arriscar-me-ia a dizer, que tal diversidade e proliferação de
apelos não pode deixar de ser tida (por Deus) em linha de conta!
Assim os
planos de emergência dos, “misteriosos caminhos do Senhor”, o contemplem!
Naturalmente
o aproximar das eleições autárquicas irá fazer aumentar ainda mais o IGAPP:
Índice Global de Asneiras por Político! Constitui este um fenómeno sobejamente
estudado, cientificamente comprovado, e cujas causas parecem radicar no
frenesim desesperado de tentar, de qualquer forma, convencer o eleitorado
hesitante.
E como o
dito eleitorado (que na verdade é aquele que decide as eleições) corresponde,
grosso modo, àquelas franjas marginais do espectro eleitoral, pouco
interessadas e menos esclarecidas, mais preocupados com o penalty sobre o
Liedson, ou as peripécias grotescas da Quinta das Celebridades, calcule-se até
onde irá descer o nível das intervenções políticas!
Bons tempos
nos esperam!
PS – Não poderia terminar sem uma menção honrosa para a minha amiga Idália
Moniz, ex-vereadora da cultura da Câmara Municipal de Santarém. “Faena cósmica”
para quem, qual meteoro, passou em três anos de Presidente de Junta de
Freguesia a Vereadora, de Vereadora a Deputada Nacional e de Deputada a
Secretária de Estado.
Mérito seu, com certeza! Mas que não deve
fazer esquecer a precariedade das coisas. Por exemplo, que os meteoros são, por
definição, “estrelas cadentes”!
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