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segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Santos, causas e presciências

Por estranho que pareça à primeira vista, se existem, hoje, aspetos facilmente previsíveis são, com certeza, os respeitantes aos processos canónicos de santificação. Principalmente, agora, que o Mundo se tornou global na sua perceção, mas uma aldeia na sua interação. Em que as conveniências canónicas obedecem a pressupostos universais e particularmente claros na adequação a evidentes imperativos canónicos e apostólicos. Ou isso ou, então, deverei mesmo possuir insólitas capacidades premonitórias, até recentemente desconhecidas, que me têm permitido prever o futuro como qualquer profeta místico que se preze. Desde a previsão da canonização rápida de João Paulo II (acontecida em 2014) que desenvolvi na obra “Videntes e confidentes: Um estudo sobre as aparições de Fátima”, editado em Abril de 2009. Até à canonização de Francisco e Jacinta (em 2017), há décadas pendente pela funcionalidade devocional do Santuário: que sendo mariológico e universal, reporta (naturalmente) as solicitações de graças, diretamente, à Virgem Maria. Afinal, João Paulo II foi um papa sofredor, alvo de atentados, oriundo do, à altura, ainda diabolizado Leste e que, convenhamos, de alguma forma, abriu a Igreja ao Mundo. E no que concerne aos assim chamados “pastorinhos de Fátima”, tinha sido até admitido pela Igreja, o recurso, em última instância, a uma canonização mesmo sem o omnipresente milagre probatório. Excecionalidade, contudo, não necessária pois, após solicitação pública, logo se desencadeou (como aí tive, igualmente, oportunidade de prever) o ansiado milagre. Afinal, os “pastorinhos”, tinham mesmo que ser rapidamente canonizados já que o processo de Lúcia (entretanto falecida) o exigia. Porque Lúcia é a sustentação de Fátima. As aparições são ela! E o desenvolvimento posterior dos factos, ainda mais! Logo esta tinha de ser objeto de um processo particularmente rápido. Por isso, tanto no livro “Foi a 13 de Maio na Cova da Iria”, editado em Março de 2017, como em entrevista concedida a um periódico regional em Janeiro do mesmo ano, tive oportunidade de afirmar que, a mesma, seria com certeza “canonizada em tempo recorde”. Confesso, contudo, que não esperava recorde tão grande, como aquele que, recentemente, um periódico nacional revelava: mais de 1600 milagres; oriundos de cerca de uma vintena de países! É obra! Mais se informava, ainda, que as intervenções milagrosas se têm desenvolvido a uma média de 10 a 15 por mês! Espera-se, aliás, que a mesma seja declarada “Venerável”, já em meados do próximo ano. E eu a criticar a IURD por realizar “campanhas de milagres” com tempo e hora marcada! Afinal, este é um processo de garantida promoção universal. Pela mediatização das intenções implícitas e até explícitas e pela globalidade interativa dos tempos modernos. Chocante é, apesar de tudo, verificar o deserto taumatúrgico que envolveu Jacinta e Francisco, durante décadas; não resultando, daí, um simples milagre que se visse, em contraste com à enxurrada taumatúrgica “lucialina” em presença. Afinal, Fátima pretende (naturalmente) perpetuar-se como o “grande altar do mundo” que é e, “Santa Lúcia” constitui, como é óbvio, vector determinante dessa estratégia. E se os santos precisam tanto dos homens como, estes, deles (é a devoção humana, afinal, que os sustenta e vivifica), percebe-se assim, melhor, a manifesta desigualdade dos panteões celestes. Seja como for, estes fluxos de santificação fatimitas ameaçam não ficar por aqui. Pois o processo de beatificação do Cónego Formigão, iniciado em 2000 (e igualmente retardado por razões análogas às dos ditos “pastorinhos”) recebeu também, agora, um impulso determinante, com a concessão do atributo de “venerável” por parte do Papa Francisco. E, também aqui, a sua concretização não deve tardar. Aliás, o encarecido desejo manifestado na comunicação social por parte da Vice- postuladora da respetiva causa: “Temos grandes esperanças de que ocorra brevemente um milagre” corresponde, na prática, ao desencadear do mesmo. Que, a mimética, mais tarde ou mais cedo (provavelmente, mais cedo que mais tarde), proporcionará. E como, pelos vistos, possuo as tais insuspeitáveis capacidades premonitórias posso, assim, garantir à citada Vice-postuladora que, após tão veemente anseio público manifestado, o ansiado milagre irá, naturalmente, “ocorrer”. Esteja descansada. Enfim, lá iremos ter, finalmente, um santo mais ou menos ribatejano. Termine-se, a propósito, com uma simples reflexão acerca das diferentes naturezas estratégicas destes processos que geram afinal (como estamos vendo), taumaturgias tão dimensionalmente opostas! Na verdade, enquanto alguns são fomentados e pressionados pela força da adesão das massas (expressa numa devoção crescente e assente em taumaturgias diversas) e aceites depois (ou não) pela Igreja, outros, como os aqui referidos, decorrem essencialmente de iniciativas e interesses eclesiásticos; revelando portanto, algumas vezes, dificuldades acrescidas na obtenção de milagres probatórios minimamente sustentáveis. Sendo muitas vezes, necessário, um ligeiro empurrão.

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