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domingo, 20 de maio de 2012

O Retrocesso


A sociedade moderna tem percorrido um caminho de progresso social que, pese embora todas as sinuosidades de um percurso não linear, evoluiu de forma satisfatória no sentido de uma maior materialização daquilo a que podemos chamar uma perspetiva humanista.

Um humanismo que foi, afinal, transferindo a centralidade cósmica da existência, de ancestrais personagens mitológicas para o Homem.

Sistemas ideológicos de justiça social (nem sempre felizes) foram, não obstante, reconhecendo e consolidando inegáveis direitos ao Homem; enquanto trabalhador, enquanto deficiente, enquanto dotado de livre expressão, enquanto criança, enquanto mulher. Enquanto ser humano, afinal!

Homem que passou a ser visto como indivíduo dotado de direitos e deveres, intrínsecos e intransmissíveis.

Não que todos os homens deste planeta passassem a gozar de tais condições. Muito longe disso! Mas, pelo menos, tais princípios estavam formalmente estabelecidos e, admitia-se como suposta, sua futura e, mais ou menos próxima, generalização.

A abundância resultante de uma sociedade de consumo (cujos níveis de produção subiam para limites impensáveis) parecia assim capaz de dotar de invejáveis níveis de vida mesmo aqueles que viviam num estrato médio/baixo da hierarquia social.

De fora (mesmo nas sociedades desenvolvidas) ficavam, necessariamente, os desintegrados por fatalidade ou opção. Personagens face aos quais, sempre se podia, contudo, exercer convenientes caritatividades mais ou menos piedosas.

A lógica mercantilista parecia condicionada, pelo menos no que aos seus exageros mais radicais dizia respeito.

E se a igualdade continuava, naturalmente, como um ideal mais ou menos utópico, a igualdade de oportunidades surgia como um adequado substituto. Pelo menos, o substituto possível.

Os últimos tempos, contudo, têm provocado uma quase completa subversão destes propósitos.

Os desígnios de perfeição da competitividade capitalista (assentes num “saudável” darwinismo empresarial moderado pelo Estado Social) são, assim, adiados para ignotos futuros.

Tão distantes, afinal, como a expressão da nossa vontade. E da capacidade de sermos melhores do que os supostos melhores entre nós!

Aurélio Lopes
Aurelio.rosa.lopes@sapo.pt
aesfingedebronze.blogspot.com





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