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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A Intolerante Liberdade


 
A recente reação islâmica às, assim consideradas, ofensas ao Profeta (que tem posto a ferro e fogo o mundo muçulmano e levou à morte diversas pessoas), vem lançar de novo a discussão acerca dos limites, ou não, da liberdade de expressão.

Membros de uma sociedade hoje paladina de liberdades individuais mais ou menos consagradas, os europeus tendem a sacrificar tudo à inalienável liberdade de opinião. 

Esquecem-se que nem todos os povos do mundo partilham dos nossos valores morais: eventualmente mais avançados, longe de serem perfeitos.

Possuem outros que, melhores ou piores (face à nossa avaliação ocidental), têm afinal todo o direito a possuir!

É um facto que na Europa prevalecem, naturalmente, as leis europeias. E nelas a liberdade de opinião é-nos inquestionável.

Mas também é verdade que qualquer coisa que façamos hoje, aqui, se reflete em qualquer parte do mundo.

O que levanta uma outra questão: não devemos, então, exercer a liberdade de expressão apenas porque pode provocar reações violentas, noutras partes do mundo?

Afinal, se tivéssemos seguido esse princípio, ainda hoje o trabalho seria escravo, a mulher propriedade do homem, as crianças tratados como investimento a longo prazo!

É um facto! E a questão que emerge de tudo isto pode então ser assim formulada: independentemente do nosso direito à liberdade de opinião, até que ponto é justificável criar situações que sabemos irem provocar graves conflitos em muitas partes do mundo: com manifestações, atentados, reacender de conflitos armados, mortos e feridos, diretos e indiretos?

Principalmente quando se sabe que tais conflitos são não só previsíveis como quase inevitáveis?

Não será hipócrita refugiarmo-nos nos nossos diretos inalienáveis para atacar aquilo que os outros consideram os seus direitos inalienáveis? E provocar, gratuitamente, o reacender de tensões naquele que é, hoje, o mais grave foco de tensão mundial?!

Será que não nos estamos esquecer de nada?

Por exemplo, que a liberdade exige correspondente responsabilidade!

Será que as “fitas” e “caricaturas” (geradas com propósitos economicistas) justificam o agravamento do insuportável clima de tensão que hoje se vive hoje no Mundo? Responsável, indireto, por sucessivas guerras e dezenas de milhares de vítimas?

Ou será que estamos convencidos que tais iniciativas estão a contribuir para um esclarecimento das massas populares islâmicas?

Ou para o estabelecimento de um clima de tolerância recíproca?

Em suma, não seria melhor adotar aqui, sim, uma atitude ponderada e de bom senso?

Que evitasse, afinal, o atual milagre da multiplicação de fundamentalistas islâmicos?!

 
 
PS – Esclareçamos uma coisa: o islão, enquanto religião, não é, nem mais nem menos radical ou intolerante que outras religiões como o cristianismo!

Como o cristianismo foi durante séculos, pode contudo ser interpretado num contexto bélico de “guerra santa”, que hoje serve de enquadramento ideológico a um choque civilizacional bem dispensável. E em que nós estamos muito longe de estar isentos de culpas.

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