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Espaço de comunicação que se espera interactivo, este é um instrumento que permite estar próximo de amigos,presentes e futuros, cujas contingências da vida tornam distantes mas nem por isso menos merecedores de estimas e afectos.


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sábado, 15 de outubro de 2016

A Era das Homenagens



Assiste-se hoje a uma proliferação de cerimónias de homenagem, e de homenagens de cerimónia, às figuras públicas (culturais, políticas, artísticas, autárquicas ou desportivas) da nossa sociedade contemporânea, por razões ocultas, dita civil.
Não há gato-pingado que não seja alvo de mais ou menos grandiosa e, sempre solene, consagração pública, pelo seu inigualável trabalho, inexcedível dedicação e espírito de sacrifício, com prejuízo, já se sabe, dos seus interesses pessoais, profissionais e familiares.
Não há instituição que se preze, seja Rancho Folclórico, Clube Desportivo, Associação Recreativa, Cultural ou Patrimonial, Sociedade artística ou Filarmónica, Autarquia, Grupo Humanitário ou de Excursionismo, Comissão de Festas ou de Beneficência, que não desencadeie o seu processo de homenagens em série, dirigidas aos seus dirigentes presentes e passados, colaboradores, beneméritos, sócios mais antigos, fundadores, filhos (ou enteados) ilustres, amigos e ... conhecidos!
Ora as homenagens são assim como os milagres: a sua multiplicação exagerada vulgariza-as e desvaloriza-as. Progressivamente vai-as tornando  banais e insignificantes!
Mas enquanto tal fator não é determinante, as mesmas vão crescendo como os cogumelos. E se algumas são gostosas outras não deixam, à semelhança dos ditos, de serem incómodas e perigosas. Há-as até, de alguma forma, venenosas!
 Mas mais ou menos gostosas, mais ou menos sinceras, o que elas são principalmente é... numerosas! São as associações que homenageiam em pacote as dezenas de sócios fundadores.
São as autarquias que homenageiam de enxurrada toas as pessoas vivas, mortas ou moribundas que nelas desempenham/desempenharam funções. 
São, finalmente, as consagrações intensivas de cidadãos mais ou menos ilustres que, dizem as más línguas, estão começando a provocar escassez de homenageáveis adequados.  Diz-se!
Por isso, amigo, vá-se preparando! Garanta já a aquisição ou o simples aluguer da fatiota! Casaco de bom corte, calças a condizer, camisa de marca e gravata apropriada. Os sapatos poderão ser os mesmos, desde que devidamente engraxados e devidamente ocultos por detrás da mesa da presidência.
 É que atendendo ao ritmo que as coisas levam e se excluirmos os cidadãos por natureza não homenageáveis, o seu tempo aproxima-se vertiginosamente.
Se não é já criança ou adolescente (nesse caso terá de esperar mais algum tempo), nem velho caduco (cuja vez com certeza, já terá passado), se goza dos seus direitos civis e políticos, se não é marginal assumido ou considerado como tal pela vizinhança, se já foi, pelo menos, 3º Vogal da Secção de Campismo de uma qualquer Sociedade Recreativa ou organismo afim, apreste-se que a sua vez está a chegar!
A sua não,... a nossa!

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