*********************************************************************************************************************************************************************

Espaço de comunicação que se espera interactivo, este é um instrumento que permite estar próximo de amigos,presentes e futuros, cujas contingências da vida tornam distantes mas nem por isso menos merecedores de estimas e afectos.


**********************************************************************************************************************************************************************


terça-feira, 15 de março de 2016

A exceção e a regra


A corrupção tem sido um tema recorrente nas análises político-sociais que venho fazendo nos últimos anos. Corrupção com que nos habituámos a viver e cuja importância, ativa ou passiva, consciente ou inconsciente, frequentemente menorizamos.
Que não é apenas um atavismo imoral e egoístico da classe politica e respetiva estrutura administrativa, governamental ou não. Antes fosse, estavam criadas condições para a sua superação.
Vem toda esta conversa aproposito de uma afirmação de uma conhecida analista politica num periódico recente: A corrupção não ´um cancro que mestatize este regime: A corrupção é rede que o sustenta”.
É alguém que se aproxima da realidade, mas reduz a dimensão corruptora a um determinado regime.
Contudo o problema não é em rigor absoluto deste regime; entendendo, este, como uma forma de governo, enquadrado em valores e interpretado por determinados lóbis de uma classe politica mas vasta.
Nem deste, nem do anterior. Ou do que o antecedeu.
Mas, sim, algo que nos impregna como povo e nação. Que, como algumas vezes já afirmei, tem a ver com persistências extemporâneas de ancestrais mentalidades comunitárias e com as decorrentes insuficiências nos imperativos de cidadania que nos deviam enformar.
Que afeta a natureza das nossas matrizes sociais e morais. Culturais mesmo, se quisermos.
De que os nossos governantes constituem, apenas, a elite: dos poderosos e oportunistas.
Dito de outra maneira daqueles que partilhando de igual moralidade, têm o poder e a oportunidade necessários e suficientes para a executarem.
Em ações de imoralidade, tendentes para a ilegitimidade e desta para a ilegalidade. De uma forma, corrente, natural, habitual.
Sempre que particulares valores económicos e interesses pessoais mais altos se levantem.
Portanto, não é a classe política que é corrupta. Somos todos nós.
E os respetivos regimes enquadram apenas aqueles que face a esta predisposição podem tirar (e tiram) maior partido. Um partido extremamente lesivo do interesse nacional.
São apenas os catalisadores da vontade e os intérpretes das ações. Alguns, convenhamos, extremamente propensos a tal.
Mas que, quando são denunciados, acusados, julgados ou até condenados como criminosos, merecem, do povo que somos, a maior das solidariedades. Vejam-se as Fátimas Felgueiras, os Miguel Relvas, Isaltino Morais, os Valentim Loureiros, os Pintos da Costa, os Ferreiras Torres, etc.,…
Afinal, eles estão no lugar que nós gostaríamos de estar. Partindo e repartindo e….  ficando com a melhor parte.
Não sei se caracterizar a corrupção como um cancro constitui a analogia mais adequada. Sei, contudo que à semelhança do mesmo não só nos permite ir vivendo enquanto condenados, como nos obriga a estar condenados enquanto vivemos.

Ou melhor, sobrevivemos.

Sem comentários:

Enviar um comentário