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terça-feira, 15 de março de 2016

“Non ou a vã glória de… tentar



Bem se esforçam os comerciantes do centro histórico de Santarém (cada vez mais histórico e menos centro*) por animar ruas e praças, tentando assim, em desespero de causa, atrair os cada vez mais ausentes e relutantes clientes.
Como vem acontecendo nos últimos anos, o Natal serve de pretexto a mais uma tentativa. Tentativa hercúlea que luta contra todas, ou quase todas, as sinergias de mercado próprias dos tempos modernos.
Não bastava já, afinal, a famigerada crise que tão graves efeitos induz em termos de mercado.
Persistindo na zona mais antiga de Santarém em que os problemas de conservação urbana são cada vez mais evidentes, com problemas de acesso rodoviário que os diversos executivos municipais têm contribuído para agravar e ainda maiores problemas de estacionamento (agora que o parqueamento vai cumprindo eficazmente a sua função de desertificação) e sem qualquer tipo de transporte público (pese embora as recorrentes promessas nesse sentido) que podem fazer afinal, os comerciantes, da zona histórica?!!
Zona em que até a insignificante vantagem de um posicionamento urbano que permitiria algum acesso pedonal (em horário laboral) lhe foi maquiavelicamente usurpada pela instalação de uma grande superfície em pleno centro da cidade.
Zona em que os encerramentos se sucedem e sobrevivem, apenas, aqueles cujos fatores de produção (instalações próprias ou aluguer antigo e/ou utilização de mão de obra própria ou familiar) permitem a manutenção da atividade que, muitas vezes, mais não é que uma atitude de teimosia ou uma rejeição liminar de uma reforma miserável feita de polimentos diários dos bancos do jardim.
Zona em que o atual executivo municipal não querendo ficar atrás do consulado “Moitista” (a quem, reconheça-se, cabe a honra de ter dado a machadada final nesta zona da cidade) resolveu alindar a saída do largo do seminário (escoamento natural do trânsito da cidade) fechando de todo o mesmo e condenando o trânsito urbano a voltas e reviravoltas, saindo e entrando por travessas e ruelas, dando, literalmente, a volta a cidade.
Num cenário destes, os referidos esforços da Associação Comercial de Santarém parecem mais aquelas patéticas (que não patetas, esclareça-se) tentativas de esvaziar o mar com um balde.
Bem se esforçam. Honra lhes seja feita.
Embora tal seja cada vez mais um esforço inglório.
Ou, mais precisamente, um esforço feito inglório pela microcefalia dos nosso autarcas.
Para quem a cidade é uma espécie de “bibelot” para turista ver. E para candidaturas a prémios arquitetónicos.
Na qual as pessoas não tem lugar**.
Afinal, foi já por isso que a Candidatura de Santarém (leia-se, em grande parte, o centro histórico de Santarém) a Património Mundial, falhou rotundamente.


*No sentido de que vai irredutivelmente passando à “história”. E que de “centro” que nunca foi geográfico e há muito tempo não é social, vai sendo cada menos comercial.
**Acho, aliás, que ao sonho do autarca/padrão português é, um dia, poder presidir a um município sem munícipes.
Que, afinal, não são mais que um incómodo. Que se acham com todos os direitos e mais alguns. Enquanto transeuntes. Enquanto residentes. Enquanto peões. Enquanto condutores. Enquanto consumidores. Enquanto vendedores. Enquanto cidadãos…


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