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quinta-feira, 24 de março de 2016

Faenas de Inverno: Março de 2005



O inverno seco que vimos suportando, era suposto ter reduzido de, alguma forma, a produção regional de dislates, razão de ser das distinções aqui atribuídas, por direito próprio fazendo hoje parte da lógica de prestígio da política ribatejana.
Contudo, paradoxalmente, água é coisa que não tem faltado!

1 - Comecemos por um “faena desportiva” para Rui Manhoso, Presidente da Associação de Futebol de Santarém, em entrevista recente sobre o momento difícil que vive o Futebol Distrital: “existem questões que exigem uma urgente reflexão, tais como a fiscalidade, o policiamento dos jogos, os seguros, as inscrições, o verdadeiro papel do dirigente desportivo, a falta de público e o futuro do futebol jovem”
Hum... Só!!!

2 – “Faena feminista” para Maria da Luz Rosinha, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, cuja explicação para a conhecida escassez de mulheres na vida autárquica se explica simplesmente pelo facto dos homens “terem tornado a política desinteressante”. Assim, a participação insignificante de mulheres na vida política, resulta afinal, segundo Rosinha, apenas “da mesma não lhes interessar!”
Ora essa, têm todo o direito!

3 – “Faena pragmática” para o Município scalabitano que, seguindo a estratégia radical que Bush tornou célebre e o Vice-Presidente da Câmara de Santarém queria aplicar à “Casa da Portagem”, tem procedido à demolição progressiva da celebérrima “Casa da Joaninha”, no Vale de Santarém.
E, assinale-se, nem tem sido preciso gastar aí o dinheiro do erário público. Bastou apenas seguir aquele princ~ipio que diz que “80% dos problemas se4 resolvem por si só se os deixarmos a marinar tempo suficiente!”

4 - “Faena da coerência” para o Presidente da Câmara Municipal da Golegã, que, anunciando recentemente a sua não recandidatura, foi posteriormente obrigado a recuar por um abaixo-assinado, posto a circular nos cafés da Vila. “Era arrogante da minha parte não considerar as centenas de assinaturas que pediram a minha recandidatura”, argumenta a propósito.
Portanto, só lhe resta ser humilde como Job e, mesmo com evidente sacrifício, aceitar de novo esse “job”, tão especialmente humilde.
Ainda há pessoas boas!

5 –“Faena da clarividência” para a Câmara de Santarém que, apadrinhando o espectáculo “Folclore e Amizade”, (englobando este cerca de sessenta grupos folclóricos) teve a ideia brilhante de os recambiar para o CNEMA.
Considerando que tal iniciativa coincide com as Festas do Município, e que as mesmas, mais uma vez, vão passaram ao lado do dito, colocar dezenas de grupos folclóricos todo o dia nos claustros do CNEMA, exibindo-se de si para si, enquanto sem acréscimo substancial de custos poderia (pelo menos uma vez na vida), animar a cidade e as freguesias rurais, só pode ser entendido como uma decisão clarividente.
Enfim,... parece que afinal o problema do município não tem a ver, necessariamente, com a quantidade de recursos financeiros, mas sim com a qualidade dos recursos humanos!

6 - Faena histórica para a Câmara Municipal de Tomar que, disposta a competir com Santarém a todos os níveis, ficou agastada, já se vê, com a descoberta do maior cemitério islâmico da Península no decorrer das obras da rotunda do Largo Cândido dos Reis. Vai daí, resolveu construir também uma rotunda e descobrir aí igualmente restos funerários, vestígios de olaria e até moedas de ouro. Não islâmicos, assinale-se, mas romanos! Ou seja, mais antigos ainda, e mais preciosos também!
Ora toma!

7- “Faena do desenrasca” para a Câmara Municipal de Santarém, decidindo, finalmente, arrancar com as obras de conclusão da rua Ó. Dispondo de 95% do terreno necessário o Município vai, mesmo assim, arriscar o início dos trabalhos
Afinal, as eleições estão à porta, e mesmo que os restantes 5% se localizem precisamente no centro do projeto viário, sempre se pode, em última instância, construir aí uma rotunda (mesmo que oval) e circular em redor!

8 – E, já agora, uma “Faena contabilística” para o vereador da CDU, José Marcelino, comentando o projeto de alteração do Orçamento Municipal, respeitante aos gastos de publicidade por parte da Divisão de Cultura. Afirmou o mesmo, alto e bom som, “não compreender qual a razão de um reforço de 100 mil Euros (...) quando tais serviços estavam já dotados de 168 mil Euros destinados ao efeito!
Não compreende?! Ora essa! Olhe que é bem claro!!
Passo a explicar! É que (está a prestar atenção?) afinal não são precisos 168 mil Euros, mas sim 268 mil Euros! Tá a ver diferença?!!

9 – E uma outra, agora “do mau feitio”, para o mesmo autarca por afirmar levianamente que se a dita alteração incide sobre um Orçamento com apenas dois meses, isso quer dizer “que o mesmo foi mal feito!”
Não necessariamente amigo Marcelino, não necessariamente! Veja só que há dois meses ainda existia o impagável “governo Calimero” e o PS ainda não tinha ido a votos, nem obtido a maioria absoluta!
Pois é..., no fundo é a célebre afirmação de Pimenta Machado a fazer jurisprudência: “o que hoje é verdade amanhã é mentira!”

10 – E finalizemos com uma “faena mística” para a Diocese de Santarém pela sua campanha pela chuva. Para isso não só enviou uma missiva às diversas paróquias exortando a que “se reze para pedir chuva” como lançou mão às novas tecnologias e transmitiu o mesmo apelo em www.diocese-santarem.pt!
Confesso que não sei se o Céu tem, neste momento, acesso à Internet (aliás, se não tem, devia ter) mas, arriscar-me-ia a dizer, que tal diversidade e proliferação de apelos não pode deixar de ser tida (por Deus) em linha de conta!
Assim os planos de emergência dos, “misteriosos caminhos do Senhor”, o contemplem!

Naturalmente o aproximar das eleições autárquicas irá fazer aumentar ainda mais o IGAPP: Índice Global de Asneiras por Político! Constitui este um fenómeno sobejamente estudado, cientificamente comprovado, e cujas causas parecem radicar no frenesim desesperado de tentar, de qualquer forma, convencer o eleitorado hesitante.
E como o dito eleitorado (que na verdade é aquele que decide as eleições) corresponde, grosso modo, àquelas franjas marginais do espectro eleitoral, pouco interessadas e menos esclarecidas, mais preocupados com o penalty sobre o Liedson, ou as peripécias grotescas da Quinta das Celebridades, calcule-se até onde irá descer o nível das intervenções políticas!
Bons tempos nos esperam!

PS – Não poderia terminar sem uma menção honrosa para a minha amiga Idália Moniz, ex-vereadora da cultura da Câmara Municipal de Santarém. “Faena cósmica” para quem, qual meteoro, passou em três anos de Presidente de Junta de Freguesia a Vereadora, de Vereadora a Deputada Nacional e de Deputada a Secretária de Estado.
Mérito seu, com certeza! Mas que não deve fazer esquecer a precariedade das coisas. Por exemplo, que os meteoros são, por definição, “estrelas cadentes”!



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