*********************************************************************************************************************************************************************

Espaço de comunicação que se espera interactivo, este é um instrumento que permite estar próximo de amigos,presentes e futuros, cujas contingências da vida tornam distantes mas nem por isso menos merecedores de estimas e afectos.


**********************************************************************************************************************************************************************


quarta-feira, 16 de março de 2016

Narciso de calções



Numa sociedade individualista e competitiva em que vivemos, a ambição, mesmo que desmedida, tende a ser encarada como inegável e estimável virtude
Tentar superiorizarmo-nos aos outros pode garantir o ambicionado lugar nas listas autárquicas ou parlamentares, uma rápida ascensão na carreira empresarial ou uma afirmação da nossa empresa face a competidores diretos e indiretos.
Num enviesado darwinismo social, passar por cima do outro constitui, cada vez mais, atitude vista como resoluta e determinada. Própria de um “animal político”, de um “atleta superior”, de um reputado advogado ou de um hábil gestor ou executivo.
Neste momento o estereótipo padrão de tal é, um tal Cristiano Ronaldo.
Frases como “Quero ser o melhor em tudo aquilo que faço”, dão corpo a chamativas manchetes e servem de sórdida inspiração a muitos.
Despertando, igualmente, o aplauso da maioria dos, assim chamados, comentadores desportivos, cuja proliferação de canais informativos, tornam ainda (se tal é possível) mais prosaicos e obtusos.
Para quem os fins, desde que se traduzam em sucessos, justificam sempre os meios. E quem vence tem sempre razão.
E, afinal, bastaria abdicar de um simples prenome: “Quero ser (  ) melhor em tudo aquilo que faço”.
Uma simples letra, mas veiculadora de um universo de diferenças.
Em que o adversário deixa de ser apenas o outro e passa a ser, igualmente, a superação dos nossos próprios limites.
É, na verdade, uma filosofia mercantilista e narcisista aquela que, paulatina e alegremente (a obscena dimensão promocional destes personagens) vem, entre nós, construindo.
Em que a materialidade egoísta é padrão divino e se exalta, o ídolo, até ao insensato.
E a solidariedade fica reservada a putativos episódios, geradores de uma artificiosa imagem mediática; caridosa e solidária.
Da qual, afinal, se sente, periodicamente, a necessidade de vestir a pele.
Esquecendo-se que o valor de qualquer dádiva não está, afinal, naquilo que se dá, mas naquilo com que se fica depois de se dar!




Sem comentários:

Enviar um comentário