*********************************************************************************************************************************************************************

Espaço de comunicação que se espera interactivo, este é um instrumento que permite estar próximo de amigos,presentes e futuros, cujas contingências da vida tornam distantes mas nem por isso menos merecedores de estimas e afectos.


**********************************************************************************************************************************************************************


domingo, 27 de março de 2016

Faenas da Primavera Julho de 2010




Com o subir estival dos termómetros a temperatura política do burlesco assume proporções que apenas a leviandade das antecipações balneares permite compreender. São as consequências de um sistema neurológico central desequilibrado pelo borbulhar térmico em presença. São as “faenas” do nosso contentamento encontrando assim destinatários à altura do seu prestígio!

- E o primeiro contemplado é Miguel Relvas, o impagável Secretário de Estado da Administração Local, (ora convertido em dono do aparelho laranja terminada que está a sua tarefa de “coveiro do Ribatejo”) defendendo agora o alargamento da Comunidade Urbana do Médio Tejo a diversos concelhos do Distrito de Castelo Branco.
Adquiriria assim, se preciso fosse, outra clareza todo um processo que, assentando estritamente em lógicas de poder pessoal e partidário, permite criar autênticos feudos à medida de carreirismos políticos imediatistas ou reservar para o futuro atrativas prateleiras douradas tão convenientes em tempo de vacas magras.
Uma questão apenas. Se o Tejo constitui no Ribatejo, como defendeu recentemente, uma “barreira geográfica” mais ou menos intransponível (que aliás não permitiu, como seria natural, a criação de uma única “Comunidade” na Região), porque diabo é que o dito se transmudou de repente em fator de união com concelhos do interior?

- Candidato especial a uma “faena” das antigas é também o ignoto Ministro da Agricultura, Sevinate Pinto, afirmando na F.N.A, a dado passo de um discurso naturalmente brilhante: “em cada esquina ouvimos dizer que não há agricultura (...) o que é uma coisa estúpida, injustificada e anormal!”
Dando de barato a minha natural perplexidade sobre aquilo que o meu amigo andará a fazer pelas esquinas, permita pôr-lhe umas simples questões: tem a certeza que é mesmo a pasta da agricultura que lhe está distribuída?! E,... de Portugal?!
De qualquer maneira, tenha lá paciência, mas anormais é tais afirmações não são com certeza. São até bastante normais, diga-se de passagem. Aliás, se não o fossem, não seria possível ouvir dizer isso em “cada esquina”! Certo?!

- Aliás o dito Ministro (que pelos vistos é mais uma joia deste governo) terminará a sua reflexão sobre o estado da Agricultura portuguesa com uma afirmação tão bizarra como perentória: “Há agricultores, estão vivos...!”
Bom, talvez aquela minoria de jovens agricultores que plantam subsídios comunitários  em vez de sementes e colhem jipes em vez de trigo ou girassóis.
Mas que dizer daquela maioria que sobrevive com ridículas reformas, pacientemente esperando o inevitável! Será que, em rigor, se pode dizer que estão vivos?
Só se for, como diz o povo, porque nem sequer “têm onde cair mortos!”

- Uma “faena” revolucionária para os touros da Festa da Ascensão na Chamusca, desencadeando uma curiosa ação reivindicativa, à boa maneira do pacifismo hindu que Gandhi imortalizou. Fartos de ser explorados como instrumento da vaidade humana, resolveram simplesmente deitarem-se no chão da arena, impávidos e serenos, numa atitude clara de resistência passiva!
É verdade que dificilmente os mesmos virão a alcançar entre nós o estatuto duma doutrina onde os bois são considerados sagrados. Contudo, também para eles, o sonho comanda a vida!

- Curiosamente os seus congéneres da Feira de Maio na Azambuja assistiram estupefactos a uma notícia no “Mirante” em que eram atribuídas ao aleatório e à impreparação dos aficionados as numerosas “colhidas” aí verificadas.
Isto é, se os touros (no uso de um direito inalienável, esclareça-se) resolvem tomar uma atitude passiva denominam-nos pejorativamente de “mansos” e deles dizem cobras e lagartos. Se, pelo contrário, assumem a agressividade que deles se espera, ninguém, contudo, lhes reconhece minimamente as capacidades e o respectivo mérito!
São atitudes discriminatórias como estas (incompreensível numa sociedade que se quer justa e democrática) que as associações protetoras dos animais haviam de ver! Nem mais!

- Uma “faena” mais para a organização da ExpoCaça2004, decorrida no Centro Nacional de exposições (vulgo CNEMA) escolhendo precisamente para símbolo do certame a imagem de uma águia; apenas e só uma das espécies mais fortemente ameaçadas de extinção e sobre a qual incidem estritas regras de interdição cinegética.
Depois admirem-se que muitos caçadores funcionem de acordo com o princípio de que tudo o que mexe é bicho, e tudo o que é bicho é caça!

- Uma outra ainda para a saúde financeira do Santuário de Fátima: em tempo de vacas magras arrecadando um lucro de quase 8,5 milhões de €uros! É obra!
Ou não fosse nos momentos difíceis que os nossos olhares, mais frequentemente, se volvem, suplicantes, para a divindade. Logo é nestas alturas que a dita está mais atarefada! Percebe-se, portanto, que as remunerações subam em flecha!

- Uma “faena” especial para a vereadora da cultura de Santarém, mais precisamente para o sei inesquecível editorial da última Agenda Cultural, onde dissertando sobre a importância da Feira do Ribatejo, refere a dado passo “o som dos cascos dos campinos sobre a calçada!”
Apesar do respeito que me merecem, eu até entendo que não se goste de campinos (eu, por exemplo, prefiro as “campinas”) mas, que diabo, não é preciso diabolizar as pessoas desta maneira! Que mau feitio!

Uma “faeninha” com certeza para os 613 mil Euros saídos do erário público municipal gastos na aquisição do Campo Chã das Padeiras. Factor este, aliás, de tal maneira potenciador dos ânimos no União de Santarém, que levaram um seu dirigente a afirmar recentemente de forma convicta e orgulhosa: “o lugar do União de Santarém é na Terceira Divisão”!
Entretanto vivendo de trocos, o Santarém Basket lá venceu mais uma Liga Nacional Feminina de Basquetebol

- Finalmente para o deputado municipal de Santarém, Jorge Rosa, num curioso artigo respeitante às próximas eleições para a concelhia social-democrata local. Aparenta este uma tese preciosa; “Não esqueçamos que os socialistas venceram em Santarém não porque esta seja socialista (...) mas porque os munícipes (...) nunca tiveram confiança nas equipes e na estratégias e nas confusões autárquicas que o PSD sempre arranjou!
São trinta longos anos de falta de confiança tanto nas equipas como nas estratégias! 
Parece-me mais uma espécie de atavismo genético!

Enfim! O que vale é que os cães vão passando, enquanto a caravana ladra!

Sem comentários:

Enviar um comentário